Limites para afiliação à vida acadêmica de estudantes de camadas populares no contexto de expansão universitária
DOI:
https://doi.org/10.1590/s1678-4634201844173462Palavras-chave:
Estudantes de camadas populares, Expansão universitária, Democratização do ensino superiorResumo
Este trabalho objetiva compreender a trajetória acadêmica de estudantes de camadas populares, no curso de engenharia elétrica, criado no contexto de expansão universitária. Em termos teóricos, a pesquisa se apoia nos conceitos de habitus e disposições, nas perspectivas apresentadas por Bourdieu e Lahire; nas noções de integração e afiliação universitária, formuladas, respectivamente, por Tinto e Coulon e nos estudos sobre trajetórias escolares improváveis. Em um total de 99 estudantes, foram identificados nove como pertencentes às camadas populares, dos quais oito participaram da construção dos retratos sociológicos que buscou compreender quais disposições e tipos de comportamentos foram condicionantes para o ingresso e para o processo de integração e afiliação ao ensino superior. A expansão de vagas bem como a reformulação dos processos seletivos para ingresso na instituição são questões estruturais que favoreceram a chegada desses estudantes em um curso considerado de alto prestígio social. Entretanto, a ausência de uma restruturação acadêmica capaz de acolher estudantes de diferentes origens sociais se mostra como fator contrário à democratização real do ensino superior. Além disso, a conclusão da educação básica, embora tenha permitido o acesso ao curso, parece não ter dotado os estudantes de competências, habilidades e conhecimentos necessários à afiliação ao ensino superior. Portanto, questões escolares estruturais, originárias ainda na educação básica, se colocam como um obstáculo para o sucesso universitário. Nesse sentido, a pedagogia racional bem como a pedagogia da afiliação parecem apontar para uma reestruturação universitária, em uma perspectiva inclusiva.
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