Perante o rosto violado: o Mugshot de Bophana e a tragédia do Camboja

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v16i2p239-260

Palavras-chave:

Rithy Panh, Testemunho, Khmer Vermelho, Rosto, Vestígio

Resumo

Um rosto pode ser totalmente aniquilado? Com essa provocação, miramos o mugshot de Hout Bophana, fio condutor deste texto. O ensaio tenta refletir sobre o testemunho vestigial de seu rosto a partir de conceitos filosóficos presentes em Lévinas e Butler, visando uma política das imagens, especialmente daquelas que expõem rostos e corpos vitimados por violências. Também buscamos compreender o método do cineasta Rithy Panh, que, motivado por essa fotografia, realizou um importante documentário sobre a memória do genocídio cambojano. Ao fazer das imagens de arquivo do extermínio uma espécie de lápide para os mortos, o método de Panh também se avizinha do gesto epistolar presente na eliminação de Bophana e de seu esposo, Ly Sitha.

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Biografia do Autor

  • Ricardo Lessa Filho, Universidade Federal de Minas Gerais

    Atualmente realiza estágio pós-doutoral, com bolsa do CNPq, no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutor em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

  • Frederico Vieira, Universidade Federal de Minas Gerais

    Doutor em Comunicação pela UFMG. Integra o Grupo de Pesquisa Lévinas e Alteridades, ligado à Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte; o Grupo Mobiliza, da UFMG e Opinião Pública; e o Grupo Margem, ligado ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFMG.

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Publicado

2022-09-02

Edição

Seção

Em Pauta/Agenda

Como Citar

Lessa Filho, R., & Vieira, F. (2022). Perante o rosto violado: o Mugshot de Bophana e a tragédia do Camboja. MATRIZes, 16(2), 239-260. https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v16i2p239-260