Um sistema iroquês amazônico: parentesco e aliança Enawene-Nawe

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.195922

Palavras-chave:

Vocabulário de Parentesco, sistemas iroqueses, regime de aliança, povos ameríndios, Enawene-Nawe

Resumo

Vocabulários de parentesco iroqueses são um dos temas mais longevos da antropologia social. Este artigo retoma esta longa tradição. Baseado em dados etnográficos de primeira mão, o texto a seguir oferece uma análise das classificações de parentesco de um povo de língua aruaque da Amazônia meridional, os Enawene-Nawe. Como é típico desses vocabulários, o caso em questão não expressa uma regra prescritiva de casamento. O discurso nativo formula apenas duas interdições: uniões entre pessoas do mesmo clã e entre parentes genealogicamente próximos. Por outro lado, os Enawene-Nawe apontam uma fórmula virtuosa de união matrimonial que se manifesta nos planos dos conceitos e das práticas: a troca direta entre duas famílias, vedada a repetição nas gerações seguintes.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Marcio Silva, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

    Marcio Silva é professor titular do Departamento de Antropologia da FFLCH da Universidade de São Paulo Realizou pesquisa etnográfica junto com os Enawene-Nawe entre os anos de 1993 e 2010. Nos últimos anos, tem se dedicado ao desenvolvimento de métodos informáticos voltados aos estudos de parentesco e temas relacionados.

Referências

DUMONT, Louis. 1975 [1953]. “Le vocabulaire de parenté dravidien comme expression du marriage”. In: Dravidien et Kariera : l’alliance de marriage dans l’Inde du Sud et en Australie. Paris: Mouton. pp. 85-100.

COELHO DE SOUZA, Marcela. 1995. “Da complexidade do elementar: para uma reconsideração do parentesco xinguano”. In VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Antropologia do Parentesco – Estudos Ameríndios. Editora da UFRJ. pp121-206.

EARLS, John. 1971. The structure of modern andean social categories, Journal of the Steward Anthropological Society, vol.3, n.1: 69-106.

GELL, Alfred. 1975 – Metamorphosis of the Cassowaries: Umeda Society, Language and Ritual. London: Athlone.

GODELIER, Maurice; TRAUTMANN, Thomas R; TJON SIE FAT, Franklin. (eds.). 1998. Transformations of Kinship. Washington and London, Smithsonian Institution Press.

HALLOWELL, Irving. 1937. “Cross-Cousin Marriage in the Lake Winnipeg Area”. In: Contributions to Anthropology: Selected Papers of. A. Irving Hallowell. Chicago: University of Chicago Press: 317-350.

HERITIER, Françoise. 1981. L’Exercice de la parenté. Paris, Gallimard/Le Seuil.

LAFITAU, Pe. Joseph-François. 1724. Moeurs des Sauvages Américains, Comparées avec Moeurs des Premiers Temps, vol. I :552ss.

LÉVI-STRAUSS, Claude. 1966. The future of Kinship Studies (The Huxley Memorial Lecture 1965). Proceeding of the Royal Anthropological Institute of Great Britain and Ireland for 1965: 13-22.

LOUNSBURY, Floyd G. 1964. The structural analysis of kinship semantics. In: LUNT, Horace G. (Ed). Proceedings of the Ninth International Congress of Linguistics. The Hague. Pp.1073-1093.

LOWIE, Robert. 1928. A note on relationship terminologies. American Anthropologist, vol. 30: 263-268.

MORGAN, Lewis Henry. 1871. Systems of Consanguinity and Affinity of the Human Family. Smithsonian Contributions to Knowledge, No. 17, Washington, Smithsonian Institution.

MURDOCK, George. 1949. Social Structure. New York: Macmillan.

PARKIN, Robert. 1998. “Dravidian and Iroquois in South Asia”. In: GODELIER Maurice; TRAUTMANN, Thomas R; TJON SIE FAT, Franklin E. (Eds). Transformation of Kinship: Washington and London, Smithsonian Institution Press. pp. 252-270.

RADCLIFFE-BROWN, Alfred R. [1941] 1973. “Estudo dos Sistemas de Parentesco”. In: Estrutura e Função na Sociedade Primitiva. Petrópolis: Vozes.

SILVA, Marcio. 2010. Um pequeno, mas espinhoso, problema do parentesco. Ilha Revista de Antropologia, vol. 12, n. 2: 164-207.

TAYLOR, Anne-Christine. 1998. “Jivaro kinship: 'Simple' and 'Complex' Formulas. A Dravidian Transformation Group”. In: GODELIER Maurice; TRAUTMANN, Thomas R; TJON SIE FAT, Franklin E. (Eds). Transformation of Kinship: Washington and London, Smithsonian Institution Press. pp. 187-213.

TRAUTMANN, Thomas R. 2012. “Crossness and Crow-Omaha”. In TRAUTMANN, Thomas R.; WHITELEY, Peter M. Crow-Omaha – New Light on a Classic Problem of Kinship Analysis. Tucson: The University of Arizona Press.

TRAUTMANN, Thomas R.; BARNES, John. 1998. “Dravidian”, “Iroquois”, and “Crow-Omaha” in North American Perspective”. In: GODELIER Maurice; TRAUTMANN, Thomas R; TJON SIE FAT, Franklin E. (Eds). Transformation of Kinship: Washington and London, Smithsonian Institution Press. pp. 27-58

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo B. 1996. Ambos os três: sobre algumas distinções tipológicas e seu significado estrutural na teoria do parentesco. Anuário Antropológico, n.95. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: 9-91.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 1998. "Dravidian and Related Kinship Systems”. In: GODELIER Maurice; TRAUTMANN, Thomas R; TJON SIE FAT, Franklin E. (Eds). Transformation of Kinship: Washington and London, Smithsonian Institution Press. pp.332-385.

Publicado

2022-11-25

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Silva, M. (2022). Um sistema iroquês amazônico: parentesco e aliança Enawene-Nawe. Revista De Antropologia, 65(3), e195922. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.195922