Sujeitos de sorte: narrativas de esperança em produções artísticas no Brasil recente

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.195924

Palavras-chave:

Esperança, narrativas, futuro, perigo, políticas culturais

Resumo

Este artigo busca identificar narrativas de esperança produzidas por artistas e grupos culturais que desenvolvem suas atividades tendo como referência cultural as periferias brasileiras. Tais sujeitos periféricos se encontram em um “momento de perigo”, na expressão de Walter Benjamin, ameaçados pelo recrudescimento da violência armada contra a população negra e favelada, pelo aprofundamento da desigualdade econômica, pela destruição das políticas públicas de cultura e pela pandemia de COVID-19. Em tal contexto, esses sujeitos buscam se reinventar para seguir realizando seus trabalhos artísticos e culturais. Essas narrativas de esperança são compreendidas aqui como prática, em diálogo com a linguística aplicada e a antropologia linguística, bem como com a ótica bakhtiniana da linguagem como interação. Este artigo se filia ainda às reflexões antropológicas propostas por Vincent Crapanzano, Arjun Appadurai e outros que vêm se dedicando a configurar uma Antropologia do Futuro e uma Antropologia da Esperança.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Adriana Facina, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Adriana Facina é professora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social/Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Territorialidades da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Referências

AGUDO, Dudu do Morro. 2010.Enraizados: híbridos glocais. Rio de Janeiro, Aeroplano.

AGUDO, Dudu do Morro. 2020. Rap na Baixada, rap no mundo: o RapLab tecendo redes educativas. Niterói, Dissertação de mestrado, Universidade Federal Fluminense.

APPADURAI, Arjun. 2013.The Future as Cultural Fact: Essays on the Global Condition. London, Verso.

ASAD, Talal. 1986. “The Concept of Cultural Translation in British Social Anthropology.” In: CLIFFORD, James; MARCUS, George E. (eds.). Writing Culture. Berkeley, University of California Press, pp. 141-164.

BAKHTIN, Mikhail (V.N. Volochínov). 1990. Marxismo e filosofia da linguagem. Problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo, HUCITEC.

BAKHTIN, Mikhail (V.N. Volochínov). 1993. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento. O contexto de François Rabelais. São Paulo/Brasília, HUCITEC/EdUnB.

BAUMAN, Richard. 1986. Story, performance, and event: Contextual studies of oral Narrative. Cambridge, Cambridge University Press.

BAUMAN, Richard. 2004. A World of Others’ Words. Cross-Cultural Perspectives on Intertextuality. Oxford, Blackwell Publishing.

BAUMAN, Richard.; BRIGGS, Charles. 1990. “Poetics and performance as critical perspectives on language and social life.” Annual Review of Anthropology, v. 19: 59-88. DOI 10.1146/annurev.an.19.100190.000423

BAUMAN, Richard; BRIGGS, Charles. 2006. “Poética e performance como perspectivas críticas sobre a linguagem e a vida social.” Ilha. Revista de Antropologia. v. 8, n. 1-2: 185-229. DOI 10.5007/%25x

BENJAMIN, Walter. 1993. Obras escolhidas – volume 1: Magia e técnica, arte e política. São Paulo, Brasiliense.

BHABHA, Homi K. 1998. O local da cultura. Belo Horizonte, Editora da UFMG.

BLOCH, Ernst. 2005. O princípio esperança. vol. I. Rio de Janeiro, Eduerj/Contraponto.

BRIGGS, Charles. 2007. “Anthropology, Interviewing, and Communicability in Contemporary Society.” Current Anthropology, vol. 48, n. 4: 551-580. DOI: 10.1086/518300

BRYANT, Rebecca; KNIGHT, Daniel M. 2019. The Anthropology of the Future. Cambridge, Cambridge University Press.

CERTEAU, Michel de. 2012. A invenção do cotidiano. Artes de fazer. Petrópolis, Vozes.

CRAPANZANO, Vincent. 1984. “Review: life-histories.” American Anthropologist, vol. 86, n. 4: 953-960. DOI 10.1525/aa.1984.86.4.02a00080

CRAPANZANO, Vincent. 1986. Waiting: The Whites of South Africa. New York, Vintage.

CRAPANZANO, Vincent. 2003. “Reflections on Hope as a Category of Social and Psychological –Analysis.” Cultural Anthropology vol. 18, n.1: 3–32. DOI 10.1525/can.2003.18.1.3

CRAPANZANO, Vincent. 2005. “Horizontes imaginativos e o aquém e o além.” Revista de Antropologia, vol. 48, n.1: 363-384. DOI /10.1590/S0034-77012005000100009

D’ANDREA. Tiaraju Pablo. 2013. A Formação dos Sujeitos Periféricos: Cultura e Política na Periferia de São Paulo. São Paulo, Tese de doutorado, Universidade de São Paulo.

DERRIDA, Jacques. 2003. “Sobreviver/Diário de Borda.” In: FERREIRA, Elida. Jacques Derrida e o récit da tradução: o Sobreviver/Diário de Borda e seus transbordamentos. Campinas, Tese de doutorado, Universidade Estadual de Campinas, pp.16-84

DIDI-HUBERMAN, Georges. 2011. Sobrevivência dos vaga-lumes. Belo Horizonte, Editora da UFMG.

EAGLETON, Terry. 2015. Hope without Optimism. Charlottesville, University of Virginia Press.

ECKERT, Cornelia; ROCHA, Ana Luiza Carvalho da. 2013. Etnografia da duração. Antropologia das memórias coletivas em coleções etnográficas. Porto Alegre, Marcavisual.

EVARISTO, Conceição. Poemas Malungos – Cânticos Irmãos. Niterói, UFF, Tese de doutorado, 2011.

FABIAN, Johannes. 2014 [1983]. Time and the Other. How Anthropology Makes Its Objects. New York, Columbia University Press.

FACINA, Adriana. 2014. “Sobreviver e sonhar: reflexões sobre cultura e “pacificação” no Complexo do Alemão.” In: FERNANDES, M.; PEDRINHA, R. (Org.). Escritos transdisciplinares de Criminologia, Direito e Processo Penal: homenagem aos mestres Vera Malaguti e Nilo Batista. Rio de Janeiro, Revan, pp. 39-47.

FACINA, Adriana; PALOMBINI, Carlos. 2017. “O patrão e a padroeira: momentos de perigo na Penha, Rio de Janeiro.” Mana – Estudos de Antropologia Social, vol. 23, n. 2: 341-370. DOI 10.1590/1678-49442017v23n2p341

FELTRAN, Gabriel. 2020. “The revolution we are living”. HAU: Journal of Ethnographic Theory, vol. 10, n.1: 12-20. DOI 10.1086/708628

FREIRE, Paulo. 1992. Pedagogia da esperança. Um reecontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra.

FREIRE, Paulo. 1996. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra.

GELL, Alfred. 2014. A antropologia do tempo. Construções culturais de mapas e imagens temporais. Petrópolis, Vozes.

HAN, Sallie; ANTROSIO, Jason. 2020. “The Editor’s Note: Hope.” Open Anthropology, volume 8, Issue 2, July 2020.

JANSEN, Stef. 2016. “For a Relational, Historical Ethnography of Hope: Indeterminacy and Determination in the Bosnian and Herzegovinian Meantime.” History and Anthropology, vol. 27, n. 4: 447–464. DOI 10.1080/02757206.2016.1201481

KUPER, Adam. 2008. “O filósofo e os Crow.” Mana – Estudos de Antropologia Social, vol.14, n.1: 235-244. DOI 10.1590/S0104-93132008000100009.

LEACH, Edmund R. 1961. “Two Essays Concerning th Symbolic Representation of Time.” In: Rethinking Anthropology. London, The Athlone Press, The University of London, pp. 124-136.

LEAR, Johnathan. 2006. Radical Hope: Ethics in the Face of Cultural Devastation. Cambridge, Havard University Press.

LEMPERT, William. 2018. “Generative Hope in the Postapocalyptic Present.” Cultural Anthropology 33: 2, pp.202-2012.

LOPES, Adriana C; SILVA, Daniel N.; FACINA, Adriana; CALAZANS, Raphael; TAVARES, Janaína. 2019. “Letramentos de sobrevivência: costurando vozes e histórias.” In: LOPES, Adriana C.; FACINA, Adriana; SILVA, Daniel N. (orgs.). Nó em pingo d’água. Sobrevivência, cultura e linguagem. Rio de Janeiro/Florianópolis, Mórula Editorial/Editora Insular, pp. 31-57.

LOPES, Adriana C.; FACINA, Adriana; SILVA, Daniel N. (orgs.). 2019. Nó em pingo d’água. Sobrevivência, cultura e linguagem. Rio de Janeiro/Florianópolis, Mórula Editorial/Editora Insular.

MIYAZAKI, Hirozaku. 2004. The Method of Hope: Anthropology, Philosophy and Fijian Knowledge. Stanford, Stanford Univerity Press.

OLIVEIRA, Kyoma Silva. 2021. Sons, contratempos e síncopes: instrumentistas na rua e a formação de circuitos musicais não consagrados na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Tese de doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

PARLA, Ayse. 2019. “Critique without a Politics of Hope?” In: FASSIN, Didier; HARCOURT, Bernard (eds.). A Time for Critique. New York, Columbia University Press, pp. 52-70.

PINHEIRO-MACHADO, Rosana; SCALCO, Lucia Mury. 2020. “From hope to hate. The rise of conservative subjectivity in Brasil.” HAU: Journal of Ethnographic Theory, vol.10, n.1: 21-31. DOI 10.1086/708627

SILVA, Daniel N. 2020. “Towards a Sociolinguistics of Hope: The Mourning for Marielle Franco, temporality and reimagination of language.” (mimeo)

SILVA, Daniel N.; ALENCAR, Claudiana. 2018. “Arranjos violentos e esperança: Como a linguagem dos direitos humanos operou num atentado em Fortaleza, CE.” Trabalhos em Linguística Aplicada, v.57, n.2, pp.675-698.

SOUZA LIMA, Antonio Carlos; FACINA, Adriana. 2019. “2019, Brasil: por que (ainda) estudar elites, instituições e processos de formação de Estado?”. In: TEIXEIRA, Carla Costa; LOBO, Andréa; ABREU, Luiz Eduardo (orgs.). Etnografias das instituições, práticas de poder e dinâmicas estatais. Brasília, ABA Publicações, pp. 433-483.

SPINOZA, Baruch. 2007. Ética. Belo Horizonte, Autêntica.

VELHO, Gilberto. 1994. Projeto e metamorfose. Antropologia das sociedades complexas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

VIEIRA JUNIOR, Itamar. Torto Arado. São Paulo, Todavia, 2019.

Downloads

Publicado

2023-01-06

Edição

Seção

Dossiê - Resistências musicais entre arte e política

Como Citar

Facina, A. (2023). Sujeitos de sorte: narrativas de esperança em produções artísticas no Brasil recente. Revista De Antropologia, 65(2), e195924. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.195924