Ocupações, práxis espacial negra e brancopia: para uma crítica da branquidade nos estudos urbanos paulistas
DOI:
https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.197978Palavras-chave:
Moradia, equivocação controlada, relações raciais, afrofuturismo, trabalhadorResumo
Baseado em pesquisa etnográfica, este artigo traça a equivocação controlada de trabalhador a partir da crítica da branquidade da economia política da urbanização e nos estudos urbanos paulistas. Além disso, apresenta algumas contribuições para uma produção acadêmica antibranquidade, a partir do reconhecimento das ocupações de prédio e de terra, da circulação de corpos negros na cidade e da prática da imaginação e produção de vida como práxis negra e recusa ao confinamento da brancopia.
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