Escutando com o corpo: sensibilidade, música e corpo numa cena local de dança do ventre

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.198224

Palavras-chave:

Dança do ventre, etnomusicologia, antropologia da dança, sensibilidade, incorporação

Resumo

No presente artigo intento mostrar a intrínseca relação entre a percepção musical e a agência corpórea desenvolvida na prática da dança do ventre, lançando mão de instrumental teórico da etnomusicologia e da antropologia. Em seguida, procuro pensar como a experiência de escuta musical na dança do ventre, que envolve o corpo como um todo, se desenvolve e produz efeitos entre as praticantes da dança. Essas reflexões são precedidas por uma breve ponderação que situa os corpos envolvidos numa cena específica – a cidade de São Paulo – demonstrando em que medida essa localização particulariza o processo da dança em comparação a outros lugares do mundo onde é disseminada.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Erica Giesbrecht, Universidade de São Paulo

    Erica Giesbrecht é etnomusicóloga e, desde 2007, vem realizando pesquisas sobre música e dança, explorando o potencial da etnografia visual como meio de conhecimento e expressão. Sua pesquisa inclui os usos políticos de repertórios de música e dança afro-brasileiro e, mais recentemente, a cena da dança do ventre em São Paulo. Dentre suas produções mais importantes estão o livro "A Memória em Negro: Sambas de Bumbo, Bailes Negros e Carnavais construindo a comunidade negra de Campinas” (Pontes Editores, 2011) e seu filme “Baile para matar saudades” (2015). Doutorou-se em Música em 2011 pela Unicamp. Foi professora visitante do Instituto Villa Lobos da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO (2018-19) e Chair in Music/ Visiting Professor - Fulbright, no Departamento de Folclore e Etnomusicologia da Universidade de Indiana-Bloomington (2019).

Referências

BANASIAK, Krista. 2014. “Dancing the East in the West: Orientalism, feminism, and belly dance”. Critical Race and Whiteness Studies, v. 10, n. 1: 6-24.

BECKER, Judith. 2004. Deep Listeners. Bloomington, Indiana University Press.

BARDET, Marie. 2015. A filosofia da dança: um encontro entre dança e filosofia. São Paulo, Martins Fortes.

BENCARDINI, Patrícia. 2002. Dança do Ventre: Ciência e Arte. São Paulo, Textonovo.

CSORDAS, Thomas. 1990. “Embodiment as a Paradigm for Anthropology”. Ethos, Urbana, v. 18, n. 1: 5-47.

BLACKING, John. 1983. “Movement and Meaning: Dance in Social Anthropological Perspective”. Dance Research: The Journal of the Society for Dance Research, v. 1, n. 1: 89-99.

BLACKING, John. 1985. “Movement, Dance, Music and the Venda girls’ initiation cycle”. In: SPENCE, Paul (org.). Society and the Dance. Cambridge, Cambridge University Press, pp. 64-91.

BOURDIEU, Pierre, PASSERON, Jean Claude. 2013. A reprodução. Elementos para uma teoria do sistema de ensino. São Paulo: Vozes.

BORDELON, Candace. 2011. "Finding the Feeling” Through Movement and Music: An Exploration of Tarab in Oriental Dance. Denton, dissertação de Mestrado, Texas Woman’s University.

CSIKSZENTMIHALYI, Mihaly. 1990. The Body in Flow. In: The Psychology of Optimal Experience. New York: Haper & Row Publishers, pp. 94-116.

CSORDAS, Thomas. 1990. “Embodiment as a Paradigm for Anthropology”. Ethos, Urbana, v. 18, n. 1: 5-47.

DENORA, Tia. 2000. Music in Everyday Life. Cambridge, Cambridge University Press.

DIB, Márcia Camasmie. 2013. Música Árabe, expressividade e sutileza. Edição da autora.

DOWNEY, Dennis; REEL, Justine; SOOHOO, Sonya e ZERBIB, Sandrine. 2010. “Body image in belly dance: integrating alternative norms into collective identity”. Journal of Gender Studies, v. 19, n. 4: 377-393.

DOX, Donnalee. 2006. “Dancing Around Orientalism”. TDR: The Drama Review, v. 50, n. 4: 52-71.

FINNEGAN, Ruth. 1989. The Hidden Musicians: Music-making in an English Town. Cambridge, Cambridge University Press.

FRÜHAUf, Tina. 2009. “Decolonizing Bellydance”. Project Muse, v. 53, n. 3: 22-37.

GROSSBERG, Lawrence. 2002. “Reflections of a disappointed popular music scholar”. In: BEEBE, Roger et al. (orgs.). Rock Over the Edge: Transformations of Popular Music. Durham, Duke University Press, pp. 25-59.

HANNA, Judith Lynne. 1988. Dance, Sex, and Gender: Signs ofldentity, Dominance, DeJiance, and Desire. Chicago, University of Chicago Press.

KEFT-KENNEDY, Virginia. 2013. “1970s belly dance and the ‘how-to’ phenomenon: Feminism, fitness and Orientalism”. In: MCDONALD, Caitlin E. e SELLERS-YOUNG, Barbara (orgs.). Belly Dance Around the World. New Communities, Performance and Identity. Londres, McFarland and Co, pp.23.

KORITZ, Amy. 1997. “Dancing the Orient for England: Maud Allan’s The Vision of Salome”. In: DESMOND, Jane (orgs.). Meaning in Motion: New Cultural Studies of Dance. Durham, Duke University Press, pp. 133-152.

LEPECKI, André. 2012. “Coreo-política e coreo-polícia”. ILHA, v. 13, n. 1: 41-60.

LEPECKI, André. 2013. “Planos de composição: dança, política e movimento”. In: RAPOSO et al. (orgs.) A terra do não-lugar. Diálogos entre antropologia e performance. Florianópolis, Editora UFSC, pp. 109-120.

KRAUSS, Rachel. 2009. “Straddling the sacred and secular: creating a spiritual experience through belly dance”. Sociological Spectrum, v. 29, n. 5: 598-625.

MACMASTER, Neil e LEWIS, Tony. 1998. “Orientalism: From unveiling to hyperveiling”. Journal of European Studies, v. 28, n. 1: 121-135.

MCDONALD, Caitlin; SELLERS-YOUNG, Barbara (orgs.). 2013. Belly Dance Around the World. New Communities, Performance and Identity. Londres: McFarland and Co.

MCDONALD, Caitlin. 2012. Global Moves: Belly Dance as an Extra/Ordinary Space to Explore Social Paradigms in Egypt and Around the World. Londres: Leanpub.

MATTAR, Shalimar. 2017. Círculo Mulher: O Movimento Feminino ao Longo da Vida. Oficina do Livro.

MERLEAU-PONTY. 1999. Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes.

MOE, Anderson. 2012. “Beyond the belly: an appraisal of Middle Eastern (aka Belly Dance) as leisure”. Journal of Leisure Research, v. 44, n. 2: 201-233.

RACY, Ali Jihad. 1978. “Arabian Music and the Effects of Commercial Recording”. The World of Music, v. 20, n. 1: 47-58.

REILY, Suzel e BRUCHER, Keith (orgs.). 2018. The Routledge Companion to the Study of Local Musicking. New York, Routledge.

SCHECHNER, Richard. 1985. Between Theater and Anthropology. Philadelphia, University of Pennsylvania Press.

SELLERS-YOUNG, Barbara. 2005. “Body, image, identity: American Tribal Belly Dance”. In: SHAY Anthony e SELLERS-YOUNG, Barbara (orgs.). Belly Dance: Orientalism, Transnationalism, and Harem Fantasy. Costa Mesa, Mazda Publishers, pp. 277-303.

SHAY Anthony e SELLERS-YOUNG, Barbara (orgs.). 2005. Belly Dance: Orientalism, Transnationalism, and Harem Fantasy. Costa Mesa, Mazda Publishers.

SHAY, Anthony. 2008. Dancing Across Borders: The American Fascination with Exotic Dance Forms. Jefferson, McFarland & Company, Inc. Publishers.

SMALL, Christopher. 1998. Musicking: The Meanings of Performing and Listening. Middletown, Wesleyan University Press.

VILLELA, Alice; TONI, Flávia; MUNIAGURRIA, Lorena; GRUNVALD, Vitor. 2019. “O musicar como trilha para a etnomusicologia”. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, v. 73, n. 1: 17-26.

WRIGHT, Jan; DREYFUS, Shoshana. 1998. “Belly Dancing: A Feminist Project?”. Women in Sport and Physical Activity Journal, v. 7, n. 2: 95-114.

WULFF, Helena. 2006. “Experiencing the Ballet Body: Pleasure, Pain, Power”. In: REILY, S. (orgs). The Musical Human: Rethinking John Blacking’s Ethnomusicology in the Twenty-First Century. Aldershot, Ashgate, pp.125-142.

Downloads

Publicado

2023-01-06

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Giesbrecht, E. (2023). Escutando com o corpo: sensibilidade, música e corpo numa cena local de dança do ventre. Revista De Antropologia, 65(2), e198224. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.198224