A ocupação kilombola: “receita de resistência” do Território de Mãe Preta (RS)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2020.189655

Palavras-chave:

Cosmopolítica, Kilombo, Ocupação, Resistência

Resumo

Esse artigo apresenta parte do material de pesquisa oriundo da minha tese de doutorado, desenvolvido junto à comunidade kilombola Morada da Paz, também conhecida como Território de Mãe Preta. A comunidade está localizada na zona rural do município de Triunfo/RS e é formada majoritariamente por mulheres negras. Caracteriza-se por ser uma comunidade espiritual que segue as orientações de uma preta-velha, Mãe Preta, e um exu, Seu Sete. Foi com as mais velhas da comunidade, reconhecidas como Yas e Baba, que aprendi sobre o conceito de ocupação. O intuito aqui é recuperar esse conceito, apresentando suas singularidades na relação com outros entendimentos de ocupação. Argumento, por fim, que, assim como as “retomadas” indígenas e a “reativação” das bruxas neopagãs estadunidenses, a ocupação elaborada pela Morada, é também uma “receita de resistência” contra as investidas coloniais e capitalistas.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Luiza Dias Flores, Universidade Federal do Amazonas

    Luiza Dias Flores é professora do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Amazonas. Doutora em Antropologia Social (UFRJ/MN), mestra em Sociologia e Antropologia (UFRJ/ IFCS) e bacharela em Ciências Sociais (UFRGS). Tem experiência e interesse de pesquisa em Antropologia das populações afro-brasileiras e nos debates feministas.

Referências

ALARCON, Daniela. 2013. “A forma retomada: contribuições para o estudo das retomadas de terras, a partir do caso Tupinambá da Serra do Padeiro”. Revista Ruris, v. 7, n. 1, 99-126.

ANJOS, José Carlos Gomes dos. 2006. Território da Linha Cruzada: a Cosmopolítica AfroBrasileira. Porto Alegre, Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

ANJOS, José Carlos Gomes dos. 2008. “A Filosofia política da religiosidade afro-brasileira como patrimônio cultural africano”. Debates do NER, v. 13, 77-96.

BARBOSA NETO, Edgar. 2012. A Máquina do Mundo: variações sobre o Politeísmo em coletivos afrobrasileiros. Rio de Janeiro, Tese de doutorado, Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

BRASIL. 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal.

COLETIVO CONTRAFILÉ. 2016. A Batalha do Vivo – grupo contrafilé, secundaristas de luta e amigos. (Caderno publicado pela exposição playground 2016: Museu de Arte de São Paulo –MASP).

COMITÊ INVISÍVEL. 2013. A insurreição que vem. São Paulo: Edições Baratas.

COMITÊ INVISÍVEL 2016. Aos nossos amigos: crise e insurreição. São Paulo: N-1 Edições.

COUTO, Patrícia. 2008. Morada dos Encantados: identidade e religiosidade entre os Tupinambá da Serra do Padeiro. Salvador, Dissertação de mestrado, UFBA.

DELEUZE, Gilles. 2002. Espinoza – filosofia prática. São Paulo: Escuta.

DELEUZE, Gilles. 2017. Espinosa e o problema da expressão. São Paulo: Ed. 34.

FEDERICI, Silvia. 2017. O calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo, Editora Elefante.

GOLDMAN, Marcio. 2011. “Cavalo dos deuses: Roger Bastide e as transformações das religiões de matriz africana no Brasil”. Revista de Antropologia, v. 54, n.1, 407-432. DOI: https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2011.38604

GOLDMAN, Marcio. 2012. “O dom e a iniciação revisitados: o dado e o feito em religiões de matriz africana no Brasil”. Mana: Estudos de Antropologia Social, v. 18, n.2, 269-288. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-93132012000200002

GOLDMAN, Marcio. 2015. “Quinhentos Anos de Contato”: Por uma Teoria Etnográfica da (Contra)Mestiçagem. Mana: Estudos de Antropologia Social, v. 21, n. 3, 641-659. DOI: https://doi.org/10.1590/0104-93132015v21n3p641

MORISSAWA, Mitsue. 2001. A história de luta pela terra e o MST. São Paulo: Editora Expressão Popular.

MST. 2000. Nossos Valores – caderno do educando. Para soletrar a liberdade, n. 1. São Paulo: MST.

OPIPARI, Carmen. 2009. O Candomblé: Imagens em Movimento. São Paulo, Edusp.

PELBART, Peter Pal. 2016. Carta aberta aos secundaristas. Disponível em: <http://cgceducacao.com.br/carta-aberta-aos-secundaristas/>.

RABELO, Miriam. 2014. Enredos, Feituras e Modos de Cuidado: dimensões da vida e da convivência no candomblé. Salvador, Edufba.

SANTOS, Antônio Bispo. 2018. “Somos da terra”. Piseagrama, Belo Horizonte, n. 12, 44 - 51.

STARHAWK. 1988. Dreaming the Dark: Magic, Sex and Politics. Boston: Beacon Press.

STARHAWK. 1993. A dança cósmica das feiticeiras: guia de rituais à grande Deusa. Rio de Janeiro, Nova Era (Grupo Editorial Record).

STARHAWK. 2002. Webs of power. Gabriola Island: New Society Publishers.

STARHAWK. 2018. “Magia, visão e ação”. Revista do Instituto de Estudos Brasileiro, n. 69. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i69p52-65

STENGERS, Isabelle; PIGNARRE, Philippe. 2011. Capitalist Sorcery: Breaking the spell. Basingstoke, Palgrave Macmillan.

STENGERS, Isabelle. 2003. “Postface. Un autre visage de l’Amérique?”. In: STARHAWK. Rêver l’obscure. Femmes, magie et politique.. Paris, Les Empêcheurs de penser en ronde/Le Seuil, pp. 361-380

STENGERS, Isabelle. 2014. “La propuesta cosmopolitica”. Revista Pléyade, n. 14. Santiago de Chile: Centro de analisis e investigación política.

STENGERS, Isabelle. 2015. “O preço do progresso - conversa com Isabelle Stengers”. Revista DR, n. 4.

STENGERS, Isabelle. 2017. “Reativar o animismo”. Cadernos de leitura n. 62. Belo Horizonte, Chão da Feira.

SZTUTMAN, Renato. 2018. “Reativar a feitiçaria e outras receitas de resistência: pensando com Isabelle Stengers”. Revista do Instituto de Estudos Brasileiro, n. 69. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i69p338-360

UBINGER, Helen Catalina. 2012. Os Tupinambá da Serra do Padeiro: Religiosidade e Territorialidade na Luta pela Terra Indígena. Salvador, Dissertação de mestrado, Universidade Federal da Bahia.

Publicado

2021-10-22

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Flores, L. D. (2021). A ocupação kilombola: “receita de resistência” do Território de Mãe Preta (RS). Revista De Antropologia, 64(3), e189655. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2020.189655