Gringos, nômades, pretos – políticas do musicar africano em São Paulo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.198226

Palavras-chave:

Musicar, imigração africana, artivismo, diáspora criativa

Resumo

Ao acompanhar nos últimos anos músicos africanos recém-chegados ao Brasil, observamos como seu musicar em São Paulo cria um mundo de imaginação e potencialidade política, um espaço para a solidariedade, habitado por entidades africanas e afrodiaspóricas da história passada e presente, de lutas e manifestações artísticas anticoloniais, antiescravistas ou afropolitanas (Mbembe, 2015). Como estes músicos lidam com as políticas raciais e culturais do país? Como o racismo e os movimentos afro-brasileiros os interpelam? Que capitais transculturais (Glick-Schiller e Meinhof, 2011) ou formas de “ação social” (Blacking, 1995) mobilizam para navegar na cena artística brasileira? Como lidam com as instituições culturais e com os movimentos sociais? Ser africano no Brasil - seja no palco, no estúdio de gravação, em eventos artivistas ou solidários - é sempre um ato de resistência. “Gringos” ou “nômades” estes artistas constituem uma “comunidade musical” (Shelemay, 2011) com quem dialogamos num fazer etnográfico fílmico e compartilhado.

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Biografia do Autor

  • Rose Satiko Gitirana Hikiji, Universidade de São Paulo

    Rose Satiko Gitirana Hikiji é professora no Departamento de Antropologia da FFLCH-USP. Vice-coordenadora do Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA-USP). Coordenadora do PAM – Pesquisas em Antropologia Musical, e vice-coordenadora do GRAVI – Grupo de Antropologia Visual. Desenvolve  a pesquisa "Fazer musical e patrimônio cultural africano em São Paulo", em parceria com Jasper Chalcraft, com apoio da FAPESP. É bolsista de produtividade do CNPq.

  • Jasper Chalcraft, European University Institute

    Jasper Chalcraft é antropólogo britânico, pesquisa a imigração africana como “diáspora criativa”  e a relação entre patrimônio cultural contestado e inclusão social. Este aspecto foi tema de pesquisa recente como Jean Monnet Fellow no European University Institute (EUI). Foi professor visitante no Departamento de Antropologia da USP, em 2019.  Desenvolve a pesquisa "Ser/Tornar-se africano no Brasil: Fazer musical e patrimônio cultural africano em São Paulo", junto ao Projeto Temático Fapesp "O musicar Local", em parceria com Rose Satiko Gitirana Hikiji.

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Publicado

2023-01-06

Edição

Seção

Dossiê - Resistências musicais entre arte e política

Como Citar

Hikiji, R. S. G., & Chalcraft, J. (2023). Gringos, nômades, pretos – políticas do musicar africano em São Paulo. Revista De Antropologia, 65(2). https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.198226