Um estudo diferencial sobre crenças de portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV), relacionadas ao enfrentamento psicológico das condições de contágio
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v32i3p294-302Palavras-chave:
Controle Interno-Externo. Síndrome de Imunodeficiência Adquirida. HIV.Resumo
Modelo do estudo: estudo diferencial. Objetivo: o impacto da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (aids) sobre a integridade afetiva de portadores e pacientes sintomáticos exacerba, na pessoa atendida, sentimentos de insegurança e de perda do domínio sobre a situação em que o atendimento se efetua. Este fato se reflete na resposta do paciente ao tratamento, incidindo de forma negativa sobre sua aderência aos procedimentos prescritos: assim, o conhecimento prévio sobre a maneira com que o paciente avalia as causas da doença e os recursos de que ele próprio dispõe para enfrentá-la constituem um referencial de grande importância para a concepção de estratégias de atendimento. Neste sentido, este estudo foi delineado com o objetivo de verificar as diferentes formas com que o enfrentamento psicológico das condições do contágio pelo HIV se manifesta em pessoas com aids. Metodologia: este trabalho foi delineado, compreendendo dois estudos: a) trinta (30) portadores do HIV, sintomáticos ou não, com idades variando entre dezenove (19) e cinqüenta e nove (59) anos, foram avaliados através da Escala de Locus de Controle de Levenson, permitindo classificá-los em três categorias: internos, teleológicos, cujo controle emana de um poder superior ou vontade divina; b) posteriormente, quarenta (40) pacientes sintomáticos, atendidos em clínicas públicas e particulares, foram avaliados através de uma adaptação da escala de Levenson, contextualizada para a aids. Resultados: para ambos os estudos, considerando os sujeitos definidos pelas variáveis idade e religião, não foram identificados subgrupos diferenciais (p>.05). No primeiro estudo, prevaleceram respostas da externalidade conjugadas à teleologia, nas mulheres, (.59+.17>.17+.08; p<.001); no segundo, foi verificada uma menor propensão à teleologia entre os usuários de serviços particulares, quando comparados aos de serviços públicos (-.32<+.12; p<.001), além de uma maior internalidade nestes últimos. (+.44>+.26; p=.02). Conclusões: tais resultados apontam algumas características distintivas entre os sujeitos quanto à auto-responsabilização e às crenças de razão necessária sobre problemas relacionados à aids. Considerando estas diferenças, foram discutidas algumas características que poderiam nortear futuras estratégias de orientação, subsidiárias ao tratamento clínico da aids.
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