Cinco tarefas direcionadas nas habilidades manuais de uma criança com paralisia braquial obstétrica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2022.187329

Palavras-chave:

Paralisia do plexo braquial neonatal, Plexo braquial, Fisioterapia, Reabilitação

Resumo

A lesão do plexo braquial (PB) durante o parto é denominada paralisia braquial obstétrica (PBO). É uma anormalidade que ocorre na extremidade superior do corpo, em consequência de um estiramento excessivo das raízes neurais do PB. Toda habilidade motora que a criança com PBO adquirir será dificultada pela deficiência na movimentação de um membro superior (MS), repercutindo em suas experimentações motoras. Para modificar seu comportamento motor, a terapia por tarefas direcionadas pode contribuir na função do MS afetado, pois a mesma caracteriza-se com um protocolo de exercícios funcionais, que ainda há escassez em pesquisas voltados a esta morbidade. O objetivo do estudo foi avaliar o efeito de uma intervenção motora através de cinco tarefas direcionadas sobre as habilidades manuais do membro superior de uma criança com PBO, bem como sua função motora grossa. A criança do estudo tinha 17 meses, com PBO à esquerda, com fraqueza de abdução de ombro, rotação externa, flexão de cotovelo e queda do punho. Realizou 24 sessões de fisioterapia com tarefas direcionadas por 45 minutos, três vezes por semana. Para classificar o grau de severidade do MSE, foi utilizado o Manual Ability Classification System (MACS). A Medida da Função Motora Grossa (GMFM-66) mediu quantitativamente aspectos motores e estáticos e o Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS) foi utilizado para determinar qual nível melhor representou as habilidades e limitações na função motora grossa da criança. As tarefas direcionadas foram baseadas no modelo do protocolo de terapia por contensão induzida (TCI), sendo: achar a surpresa; colher laranja; encaixar elástico de cabelo; pescaria de tampinhas; empilhar blocos. Nas avaliações pós-intervenção, o MACS demonstrou melhora no nível das tarefas de achar a surpresa, colher laranja e pescaria de tampinhas, mas manteve-se igual no nível das atividades de encaixar os elásticos e empilhar os blocos. O GMFM-66 obteve aumento do escore final e o GMFCS manteve-se no nível I. O GMFM-66 apresentou melhora de 4,99% ao final da intervenção. As atividades de achar a surpresa; colher laranjas e pescaria de tampinhas obtiveram melhora na classificação no nível do MACS quando comparadas à avaliação inicial. Os achados evidenciam melhor recrutamento muscular, com refinamento nos movimentos de flexão de cotovelo; supinação do antebraço e rotação externa (RE) de ombro.

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Biografia do Autor

  • Paula Reis da Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil

    Fisioterapeuta

  • Laís Rodrigues Gerzson, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil

    Fisioterapeuta, Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente 

  • Carla Skilhan de Almeida, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil

    Fisioterapeuta, PhD em Cérebro Neonatal, Docente do Curso de Fisioterapia 

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Publicado

2022-05-04

Edição

Seção

Relato de Caso

Como Citar

1.
Cinco tarefas direcionadas nas habilidades manuais de uma criança com paralisia braquial obstétrica . Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 4º de maio de 2022 [citado 28º de março de 2024];55(1):e-187329. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/187329