Sífilis congênita no Município do Rio de Janeiro, 2016-2020: perfil epidemiológico e completude dos registros

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2023.198451

Palavras-chave:

Sífilis congênita, Sistemas de informação em saúde, Desigualdades sociais, Cuidado pré-natal, Taxa de mortalidade

Resumo

Introdução: A sífilis congênita mantém-se como problema de saúde no Brasil, especialmente na cidade do Rio de Janeiro, com números para esse agravo acima da média do país. Essa doença é um marcador para a avaliação da qualidade da assistência à saúde materno-infantil, por poder ser evitada a partir de medidas como diagnóstico precoce e tratamento da gestante. Objetivos: Este estudo transversal descreveu o perfil epidemiológico dos casos de sífilis congênita (SC) no município do Rio de Janeiro, nos anos de 2016 a 2020, no que se refere a dados sociodemográficos maternos, do pré-natal e da evolução do quadro, assim como as taxas de incidência totais e segundo esses fatores. Adicionalmente, foram calculadas as taxas de mortalidade fetal e infantil. Também se avaliou o grau de completude das variáveis da ficha de SC. Métodos: Foram incluídos todos os casos notificados de sífilis congênita na cidade durante o período estudado, a partir dos registros do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). Foram utilizados o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) como base de dados para os cálculos das taxas de incidência e de mortalidade. Resultados: Entre 2016 e 2020, a cidade do Rio de Janeiro apresentou elevadas taxas de sífilis congênita, chegando a uma incidência de 18,6/1000 nascidos vivos em 2020, com mais de 90% de casos de SC recente. A maioria ocorreu em mulheres em situação de vulnerabilidade social – pretas, adolescentes, com baixa escolaridade e sem acesso à assistência pré-natal. Destaca-se ainda o baixo grau de completude de algumas variáveis e a divergência encontrada entre os dados de mortalidade do SIM e do SINAN, ambos fatores que prejudicam o adequado conhecimento do agravo. Conclusão: Conclui-se que, apesar dos avanços, muito ainda precisa ser realizado para o controle da sífilis congênita no município do Rio de Janeiro.

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Biografia do Autor

  • Maria Fernanda da Costa Moreira de Paiva, Universidade Federal Fluminense. Instituto de Saúde Coletiva, Niterói, (RJ), Brasil

    Professora (Doutora) associada de Epidemiologia

  • Sandra Costa Fonseca, Universidade Federal Fluminense. Faculdade de Medicina, Niterói, (RJ), Brasil

    Acadêmica de Medicina

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Publicado

2023-04-14

Edição

Seção

Artigo Original

Como Citar

1.
Paiva MF da CM de, Fonseca SC. Sífilis congênita no Município do Rio de Janeiro, 2016-2020: perfil epidemiológico e completude dos registros. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 14º de abril de 2023 [citado 26º de abril de 2024];56(1):e-198451. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/198451