Caracterização e funcionalidade de indivíduos atendidos em uma unidade de AVC do planalto norte de Santa Catarina (Brasil)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2024.199928

Palavras-chave:

Epidemiologia, Acidente vascular cerebral, Centros de saúde, Estado funcional, Educação em saúde

Resumo

Introdução: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) reconhecido como uma das doenças crônicas mais  incapacitantes,  afeta  não  apenas  o  indivíduo,  mas  também  sua  família  e  sociedade.  O  percentual de indivíduos que permanecem com incapacidades funcionais varia conforme acesso aos  serviços  de  saúde,  qualidade  do  atendimento  e  práticas  de  prevenção  secundária.  Entre  abordagens de tratamento, as Unidades de AVC (U-AVC) têm demonstrado avanços significativos  no  prognóstico,  com  redução  de  18%  na  mortalidade,  25%  na  institucionalização  e  29%  na dependência funcional. Objetivo: Caracterizar o perfil epidemiológico, clínico e funcional de indivíduos  hospitalizados  em  U-AVC  após  AVC  isquêmico.  Métodos: Foram  coletados  dados  sociodemográficos, etiologia, gravidade do AVC e funcionalidade por meio dos testes: Acute Stroke  Treatment  (TOAST),  National  Institute  of  Health  Stroke  Scale  (NIHSS),  Medida  de  Independência Funcional (MIF) e Escala Modificada de Rankin, no hospital, 30 e 60 dias após AVC, via contato telefônico. Resultados: 73 pacientes identificados, 44 participaram do estudo. Destes, 79,5% tinham mais de 61 anos; 56,8% homens, 88,6% raça branca; 84% escolaridade fundamental incompleta, 77% possuíam renda de até um salário mínimo e 79,5% frequentavam o posto de saúde. Clinicamente, 96% apresentavam fatores de risco modificáveis. Infartos de origem cardioembólica, somados aos de etiologia indeterminada foram as principais causas (68%). A proporção de pacientes com AVC leve foi minoritária (5%), e apenas 9% foram elegíveis para a terapia trombolítica. As principais razões para a perda da janela terapêutica foram a falha na identificação do AVC pelos familiares (34%) e a demora na transferência dos municípios para a U-AVC (18%); ambos fatores juntos somaram mais 12%. Na MIF total, 54% dos pacientes eram dependentes  completos,  39%  dependentes  moderados  e  7%  independentes.  Na  MIF  motora,  70% eram dependentes completos, 23% dependentes moderados e 7% independentes. Quanto à evolução funcional, na alta, 82% eram dependentes, ou seja, apresentavam incapacidade severa; após 30 dias, 57% já deambulavam de forma independente, e sete indivíduos foram a óbito; após 60 dias, 27% tinham incapacidade insignificante, 29% incapacidade moderada, 23% incapacidade severa, e houve um óbito. Conclusão: Destacou-se a presença de fatores de risco modificáveis e significativa perda da janela terapêutica, possivelmente devido à demora na identificação do AVC e transferência para a U-AVC. Positivamente, observou-se melhora progressiva no  status  funcional  da  população  sob  cuidados  da  U-AVC.  Os  achados  permitem  elucidar  as  características dos indivíduos pós-AVC e levantam questões que podem ser abordadas por políticas públicas de educação em saúde e intervenções regionais.

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Biografia do Autor

  • Adriélle da Costa, Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), Palhoça, (SC), Brasil

    Acadêmica do Curso de Medicina

  • Chelin Auswaldt Steclan, Universidade Federal de Santa Catarina. Departamento de Biociências e Saúde Única, Curitibanos (SC), Brasil

    Biologista, doutora em Biologia Molecular.

  • Oscar Reimann Junior, Hospital São Vicente de Paulo, Mafra, (SC), Brasil

    Neurologista

  • Daniele Peres, Université de Franche-Comté, Besançon, Franche-Comté, France

    Fisioterapeuta, doutora em Ciências da Reabilitação

  • Jonathan Wei Ting Wen Liu, Hospital São Paulo, Escola Paulista de Medicina, São Paulo, (SP), Brasil

    Neurologista, Fellow em Epilepsia e EEG

  • Leonardo Trindade Buffara, Universidade do Contestado, Escola de Medicina, Mafra, (SC), Brasil.

    Acadêmico do Curso de Medicina

  • Michael Ricardo Lang, Hospital São Vicente de Paulo, Mafra, (SC), Brasil

    Neurocirurgião

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Publicado

2024-10-08

Edição

Seção

Artigo Original

Como Citar

1.
Costa A da, Steclan CA, Reimann Junior O, Peres D, Liu JWTW, Buffara LT, et al. Caracterização e funcionalidade de indivíduos atendidos em uma unidade de AVC do planalto norte de Santa Catarina (Brasil). Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 8º de outubro de 2024 [citado 12º de dezembro de 2024];57(1):e-199928. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/199928