Tendência temporal e perfil epidemiológico dos acidentes com animais peçonhentos no Estado do Rio de Janeiro, Brasil (2012-2021)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2024.207227

Palavras-chave:

Animais peçonhentos, Aracnidismo, Acidente escorpiônico, Acidente ofídico

Resumo

Introdução: Os acidentes por animais peçonhentos têm significativa repercussão clínica. No Brasil, os acidentes por escorpiões (59%), aranhas (13,6%) e serpentes (10,9%) são os mais relatados, embora as proporções variem de acordo com a região. Este estudo descreve as tendências temporais e as características epidemiológicas dos acidentes por animais peçonhentos no Estado do Rio de Janeiro (RJ). Métodos: Trata-se de um estudo ecológico (série temporal) sobre acidentes por animais peçonhentos nos últimos 10 anos (2012 a 2021) no RJ. Os dados foram coletados do Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Estimamos taxas de incidência e analisamos
séries temporais por meio de regressão Joinpoint, de acordo com a região geográfica, idade e tipo de animal. Resultados: De 2012 a 2021, foram notificados 17.891 acidentes envolvendo animais peçonhentos; as taxas passaram de 8,4 para 10,7 por 100.000 habitantes. As cobras estiveram envolvidas na maioria dos casos (33,4%), seguidas por escorpiões (27,2%) e aranhas (27,0%). Houve estabilidade nos acidentes ofídicos, enquanto aracnidismo e escorpionismo aumentaram,
tornando-se os principais tipos de acidentes. As regiões com maiores taxas foram Centro-Sul
(65,5 por 100.000 habitantes), Baía da Ilha Grande (62,3), Médio Paraíba (45,3) e Região Serrana (43,5). Predominaram os homens e a faixa etária de 40 a 59 anos, mas todas as faixas etárias apresentaram aumento, mais intenso entre crianças e adolescentes. A maioria dos acidentes foi classificada como leve, embora tenham sido registradas 51 mortes. Conclusões: O Rio de Janeiro apresenta taxas relativamente baixas de acidentes por animais peçonhentos, mas algumas regiões têm valores superiores à média nacional. Os acidentes ofídicos permaneceram estáveis, exceto no grupo de adolescentes. Os acidentes por escorpiões e
aranhas apresentaram tendência de aumento.

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Biografia do Autor

  • Gabriela Henriques Fernandes, Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Medicina, Niterói, (RJ), Brasil

    Graduanda do Curso de Medicina

  • Sara Sabadine Lorencini , Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Medicina, Niterói, (RJ), Brasil

    Graduanda do Curso de Medicina

  • Billy McBenedict, Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Medicina, Niterói, (RJ), Brasil

    Doutor em Microbiologia e Graduando do Curso de Medicina

  • Sandra Costa Fonseca, Universidade Federal Fluminense, Instituto de Saúde Coletiva, Departamento de Epidemiologia, Niterói, (RJ), Brasil.

    Mestre em Medicina e Doutorando em Medicina

  • Ezequias Batista Martins, Universidade Federal Fluminense

    Mestre em Medicina e Doutorando em Medicina

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Publicado

2024-10-08

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Seção

Artigo Original

Como Citar

1.
Fernandes GH, Lorencini SS, McBenedict B, Fonseca SC, Martins EB. Tendência temporal e perfil epidemiológico dos acidentes com animais peçonhentos no Estado do Rio de Janeiro, Brasil (2012-2021). Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 8º de outubro de 2024 [citado 12º de dezembro de 2024];57(1):e-207227. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/207227