Avaliação do grau de incapacidade neurofuncional em pacientes com hanseníase em um município da Bahia, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2024.211539Palavras-chave:
Hanseníase, Neuropatia, Grau de incapacidade física, DeformidadesResumo
Introdução: Mycobacterium leprae é um bacilo intracelular com tropismo pelas células de Schwann. O processo inflamatório, decorrente da invasão do bacilo, promove desmielinização, degeneração axonal e perda da função neural, condição conhecida como neuropatia hansênica e que repercute no paciente por meio de deformidades e incapacidades físicas. Assim, o objetivo desse estudo foi avaliar o grau de incapacidade física e o comprometimento neurológico dos pacientes acometidos pela hanseníase em uma região endêmica da Bahia, Brasil. Métodos: Trata- -se de um estudo descritivo retrospectivo baseado em dados secundários obtidos de pacientes com hanseníase tratados em um centro de referência em Paulo Afonso, Bahia, entre 2009 e 2020. Os dados foram obtidos mediante consulta às fichas de notificação e prontuários médicos, tabulados e analisados. Resultados: Foram analisados 194 casos de hanseníase, sendo que 39,7% apresentaram algum grau de incapacidade física e 49,5% foram classificados como multibacilares. Houve uma associação estatística entre o desenvolvimento de incapacidade física e os pacientes acometidos pela hanseníase com baixa escolaridade (analfabetos ou com ensino fundamental incompleto), sexo masculino, idade igual ou superior aos 60 anos, casos multibacilares, com forma clínica dimorfa ou virchowiana, com mais de cinco lesões de pele, pelo menos um nervo afetado e baciloscopia positiva. Além disso, o nervo ulnar foi o principal tronco nervoso afetado, embora o principal local de incapacidades físicas tenha ocorrido nos membros inferiores. Conclusão: A alta prevalência de incapacidades físicas e o comprometimento neurológico entre pacientes com hanseníase nesta região endêmica destaca a necessidade de melhorar a educação em saúde, o diagnóstico precoce e estratégias para prevenir deformidades e incapacidades. Uma melhor compreensão dos fatores de risco e das medidas preventivas pode ajudar a reduzir o impacto da neuropatia hansênica na vida dos pacientes.
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