Territórios (Re)significados de comunidades indígenas em Unidades de Conservação do Baixo Rio Negro - Am e a adoção do turismo como alternativa de renda

Autores

  • Luana Cristina dos Santos Dias Universidade do Estado do Amazonas
  • Jocilene Gomes da Cruz Universidade Federal do Amazonas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1984-4867.v31i2p227-243

Palavras-chave:

Turismo Indígena, Impactos Socioculturais, Unidades de Conservação

Resumo

Nos últimos anos, o crescimento de atividades turísticas desenvolvidas por comunidades indígenas, na região do Baixo Rio Negro, estado do Amazonas, tem impactado as comunidades social, cultural e economicamente. Esse cenário se origina em virtude da adoção do turismo como meio pelo qual os indígenas podem suprir suas necessidades materiais e simbólicas. Neste artigo, teve-se como objetivo central analisar a atividade turística adotada por comunidades indígenas como alternativa de renda frente aos limites de uso do território em Unidade de Conservação (UC), na região do Baixo Rio Negro, e como objetivos específicos: conhecer as estratégias da comunidade Tatuyo, relativas ao uso do território e por meio do turismo; apreender as dinâmicas do turismo estruturado pela comunidade e o “lugar” da cultura indígena na atividade. Com o intuito de refletir sobre tal cenário e propriciar algumas contribuições, o artigo traz questões relevantes no contexto do turismo amazônico: os deslocamentos de povos indígenas de suas terras para o entorno da capital do Amazonas (Manaus), a criação de comunidades indígenas em UC de Uso Sustentável e o turismo, particularmente em quatro comunidades indígenas, denominadas Núcleo Diakuru e Aldeia Tuyuka (RDS do Tupé), Comunidade Cipiá e Comunidade Tatuyo (RDS Puranga Conquista). O percurso metodológico envolve pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Os dados obtidos evidenciam o esforço das comunidades em obter renda por meio de apresentações culturais (danças, músicas e costumes), entretanto, a atividade turística desenvolvida e as relações com os agentes e agências sociais, envolvidos direta e indiretamente na atividade, ocasionam relações assimétricas, disputa de poder e, portanto, um “modelo” insustentável para as comunidades, tanto pelos impactos negativos sobre a cultura, quanto sobre o território.

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Biografia do Autor

  • Luana Cristina dos Santos Dias, Universidade do Estado do Amazonas

    Mestre em Ciências Humanas – Teoria, História e Crítica da Cultura pela Universidade do Estado do
    Amazonas, Manaus, Amazonas, Brasil.

  • Jocilene Gomes da Cruz, Universidade Federal do Amazonas

    Doutor em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brasil. Docente do curso de Graduação de Turismo e Programa Interdiscisplinar em Ciências Humanas da Pós-Graduação na Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brasil.

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Publicado

2020-05-07

Edição

Seção

Artigos e Ensaios

Como Citar

DIAS, Luana Cristina dos Santos; CRUZ, Jocilene Gomes da. Territórios (Re)significados de comunidades indígenas em Unidades de Conservação do Baixo Rio Negro - Am e a adoção do turismo como alternativa de renda. Revista Turismo em Análise, São Paulo, Brasil, v. 31, n. 2, p. 227–243, 2020. DOI: 10.11606/issn.1984-4867.v31i2p227-243. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rta/article/view/170143.. Acesso em: 26 abr. 2024.