Intensificação laboral e gênero profissional de professoras da educação infantil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2023.188254

Palavras-chave:

Educação infantil, Intensificação do trabalho, Clínica da atividade, Trabalho docente

Resumo

As reformas neoliberais levaram à intensificação do trabalho, dado a exigência de maiores e melhores resultados em contextos laborais com condições insuficientes para realizá-lo. O presente artigo visa compreender, a partir do referencial teórico da Clínica da Atividade, a relação entre intensificação do trabalho docente e gênero profissional. Trata-se de estudo de caso derivado de uma intervenção com seis professoras da Educação Infantil, que utilizou o método de instrução ao sósia. Os registros de áudio produzidos ao longo das instruções ao sósia foram transcritos e submetidos à análise construtivo-interpretativa. O número de alunos por sala, fator inerente à organização do trabalho, era promotor da intensificação, uma vez que exigia mais dos profissionais sem a contrapartida necessária das condições de trabalho. Nesse cenário ocorreu a construção coletiva do que era chamado de “domínio de sala”, norma de proceder não oficializada, relativa às habilidades necessárias à atuação docente para lidar com a intensificação laboral. Houve, assim, a construção de uma cultura profissional que orientava a ação das docentes, de modo a viabilizar a atividade e preservar o poder de agir.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Althaus, D., & Banks-Leite, L. (2017). O interveniente em clínica da atividade: Considerações sobre seu papel e sua formação. Horizontes, 35(3), 121-132. https://doi.org/10.24933/horizontes.v35i3.555.

Alves Garcia, M. M., & Anadon, S. B. (2009). Reforma educacional, intensificação e autointensificação do trabalho docente. Educação & Sociedade, 30(106), 63-85. https://doi.org/10.1590/S0101-73302009000100004.

Assunção, A. Á., & Oliveira, D. A. (2009). Intensificação do trabalho e saúde dos professores. Educação & Sociedade, 30(107), 349-372. https://doi.org/10.1590/S0101-73302009000200003.

Brandão, G. R. (2014). Quando diferentes maneiras de cuidar se tornam problema: O ofício descuidado, uma experiência com a metodologia de instrução ao sósia. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 17(2), 176-189. https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v17i2p176-189.

Campos, R., & Shiroma, E. (1999). O resgate da Escola Nova pelas reformas educacionais contemporâneas. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 80(196), 483-493. https://doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.80i196.988.

Clot, Y. (2008). La recherche fondamentale de terrain: une troisième voie. Éducation permanente, 177, 67-77.

Clot, Y. (2009). Clinic of activity: The dialogue as instrument. In A. Sannino, H. Daniels, & K. Gutiérrez (Eds.), Learning and expanding with activity theory (pp. 286-302). Sage.

Clot, Y. (2010). Trabalho e poder de agir. FabreFactum.

Clot, Y., & Kostulski, K. (2011). Intervening for transforming: The horizon of action in the clinic of activity. Theory & Psychology, 21(5), 681-696. https://doi.org/10.1177/0959354311419253.

Clot, Y. (2013). O ofício como operador de saúde. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 16(spe), 1-11. https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v.16ispe1p.1-11.

Clot, Y. (2014). Gêneros e estilos profissionais. Laboreal, 10(1), 95-97. https://doi.org/10.4000/laboreal.5460.

Clot, Y., & Faïta, D. (2016). Gêneros e estilos em análise do trabalho: Conceitos e métodos. Trabalho & Educação, 25(2), 33-60.

Clot, Y. (2017). Clínica da atividade. Horizontes, 35(3), 18-22. https://doi.org/10.24933/horizontes.v35i3.526.

Dal Rosso, S. (2006). Intensidade e imaterialidade do trabalho e saúde. Trabalho, Educação e Saúde, 4(1), 65-92. https://doi.org/10.1590/S1981-77462006000100005.

Faïta, D., & Vieira, M. (2003). Réflexions méthodologiques sur l’autoconfrontation croisée. DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada, 19(1), 123-154. https://doi.org/10.1590/S0102-44502003000100005.

Hypolito, Á. M., Vieira, J. S., & Pizzi, L. C. V. (2009). Reestruturação curricular e auto-intensificação do trabalho docente. Currículo sem fronteiras, 9(2), 100-112.

Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. (1996, 20 de dezembro). Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Presidência da República. https://bit.ly/3WLpLVs.

Lhuilier, D. (2013). Trabalho. Psicologia & Sociedade, 25(3), 483-492. https://doi.org/10.1590/S0102-71822013000300002.

Morais, L. A., Souza, K. R., & Santos, G. B. (2018). Intensificação e precarização social do trabalho de professores de escola pública: Um estudo exploratório na região da baixada fluminense (RJ). Trabalho Necessário, 16(29), 218-236. https://doi.org/10.22409/tn.16i29.p4641.

Motta, V. C., & Leher, R. (2017). Trabalho docente no contexto do retrocesso do retrocesso. RTPS – Revista Trabalho, Política e Sociedade, 2(3), 243-258. https://doi.org/10.29404/rtps-v2i3.3580.

Oliveira, D. A. (2007). Política educacional e a re-estruturação do trabalho docente: Reflexões sobre o contexto latino americano. Educação & Sociedade, 28(99), 355-375. https://doi.org/10.1590/S0101-73302007000200004.

Pinheiro, F. P., Costa, M. F., Melo, P. B., & Aquino, C. A. (2016). Clínica da atividade: Conceitos e fundamentos teóricos. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 68(3), 110-124.

Pinheiro, F. P., Costa, M. F., Reis, A. A., Camelo, E., Holanda, A. F., Vieira, E. M., & Aquino, C. A. (2020). Educação infantil: Um estudo de caso sobre o ofício docente. Revista de Psicologia da IMED, 12(2), 144-160. https://doi.org/10.18256/2175-5027.2020.v12i2.3718.

Reis, B. M., & Cecílio, S. (2014). Precarização, trabalho docente intensificado e saúde de professores universitários. Trabalho & Educação, 23(2), 109-128.

Rosenfield, C. L. (2011). Trabalho decente e precarização. Tempo Social, 23(1), 247-268. https://doi.org/10.1590/S0103-20702011000100012.

Rossato, M., & Mitjáns Martínez, A. (2018). Contribuições da metodologia construtivo-interpretativa na pesquisa sobre o desenvolvimento da subjetividade. Revista Lusófona de Educação, 40(40), 185-198.

Ruelland-Roger, D. (2013). Gênero de atividades profissionais, variantes estilísticas e genericidade em clínica da atividade. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 16(spe), 133-144. https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v16ispe1p133-144.

Santos, M. (2006). Análise psicológica do trabalho: Dos conceitos aos métodos. Laboreal, 2(1), 34-41. https://doi.org/10.4000/laboreal.13678.

Secretaria da Educação do Estado do Ceará. (2011). Orientações curriculares para a educação infantil. Seduc Ceará.

Silva, A. K. L., Caraballo, G. P., Prestes, M. G., Xavier, D. G. P., Falcão, J. T. R., & Torres, C. C. (2016). Apropriações da instrução ao sósia na análise da atividade de trabalho. Estudos de Psicologia (Natal), 21(4), 446-455. https://doi.org/10.5935/1678-4669.20160043.

Souto, A. P., Lima, K. M. N., & Silva, C. O. (2015). Reflexões sobre a metodologia da clínica da atividade: Diálogo e criação no meio de trabalho. Laboreal, 11(1), 11-22. https://doi.org/10.4000/laboreal.3962.

Vio, N. L., Pascoal, I. O., Camargo, M. L., & Feijó, M. R. (2020). COVID-19 e o trabalho de docente: A potencialização de aspectos precários. Brazilian Journal of Development, 6(10), 78717-78728. https://doi.org/10.34117/bjdv6n10-342.

Yazan, B. (2015). Three approaches to case study methods in education: Yin, Merriam, and Stake. The Qualitative Report, 20(2), 134-152.

Downloads

Publicado

2023-04-05

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Intensificação laboral e gênero profissional de professoras da educação infantil. (2023). Cadernos De Psicologia Social Do Trabalho, 26, e-188254. https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2023.188254