O mal-estar na uberização: reflexões acerca do trabalho na perspectiva da lógica neoliberal
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2023.195592Palavras-chave:
Uberização, Entregadores de delivery, Sofrimento psíquico, PsicanáliseResumo
O aumento do desemprego e a ampliação das condições de informalidade podem ser considerados fontes de mal-estar e sofrimento psíquico. A fluidez do vínculo entre empregador e empregado suprime as possibilidades de direitos e garantias trabalhistas. Esse é o caso do trabalho uberizado, em que os profissionais atuam na condição de prestadores de serviço e, em geral, são integralmente responsáveis pelo serviço prestado. Considerando essa situação, este estudo buscou discutir as consequências subjetivas ocasionadas pela uberização a partir de entrevistas semiestruturadas, compostas por perguntas disparadoras de conteúdo e amparadas na investigação clínico-interpretativa do método psicanalítico. Para tanto, foram entrevistados quatro entregadores de delivery do município de Catalão (Goiás), que apontaram as condições de informalidade no trabalho, exploração e exaustão. Além disso, as entrevistas evidenciaram a complexidade da lógica neoliberal e o sofrimento psíquico determinado pelos atuais modos de degradação da vida.
Downloads
Referências
Abílio, L. C. (2020). Uberização: Gerenciamento e controle do trabalhador just-in-time. In R. Antunes (Org.), Uberização, trabalho digital e indústria 4.0 (pp. 111-124). Boitempo.
Academia Brasileira de Letras. (s.d.). Uberização. https://www.academia.org.br/nossa-lingua/nova-palavra/uberizacao
Albornoz, S. (1994). O que é trabalho (3a ed.). Brasiliense.
Antunes, R. (Org.). (2020). Uberização, trabalho digital e indústria 4.0. Boitempo.
Carneiro, S. (2011). Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. Selo Negro.
Dardot, P., & Laval, C. (2016). A nova razão do mundo: Ensaio sobre a sociedade neoliberal. Boitempo.
Dejours, C. (1986). Por um novo conceito de saúde. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 4(54), 7-11.
Dejours, C. (1987). A loucura do trabalho: Estudo da psicopatologia do trabalho (5a ed.). Cortez-Oboré.
Dejours, C. (2017). Psicodinâmica do trabalho: Casos clínicos. Dublinense. (Trabalho original publicado em 1985)
Dockhorn, C. N. de B. F., & Macedo, M. M. K. (2016). Estratégia clínico-interpretativa: Um recurso à pesquisa psicanalítica. Psicologia: Teoria E Pesquisa, 31(4), 529-535. https://periodicos.unb.br/index.php/revistaptp/article/view/18068
Filgueiras, V., & Antunes, R. (2020). Plataformas digitais, uberização do trabalho e regulação no capitalismo contemporâneo. In R. Antunes (Org.), Uberização, trabalho digital e indústria 4.0 (pp. 59-78). Boitempo.
Freud, S. (2010). História de uma neurose infantil (“O homem dos lobos”): Além do princípio do prazer e outros textos (P. C. Souza, Trad.). Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1917-1920)
Freud, S. (2010). O mal-estar na civilização: Novas conferências introdutórias à psicanálise e outros textos. (P. C. Souza, Trad.). Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1930-1936)
Freud, S. (2014). Introdução ao narcisismo: Ensaios de metapsicologia e outros textos (P. C. Souza, Trad.). Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1914-1916)
Galvão, V. (2019, 24 de novembro). Aumento de entregadores levanta alerta a acidentes e questões trabalhistas. Correio Braziliense. https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2019/11/24/interna_cidadesdf,808723/aumento-de-entregadores-levanta-alerta-a-acidentes-e-questoes-trabalhi.shtml
Han, B. C. (2015). Sociedade do cansaço (E. P. Giachini, Trad.). Vozes.
Infosiga aponta crescimento de 45,5% nos acidentes de trânsito entre motociclistas na pandemia. (2021, 07 de julho). Diário de Jacareí. https://diariodejacarei.com.br/geral/infosiga-aponta-crescimento-nos-acidentes-de-transito-entre-motociclistas-na-pandemia
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2022). Desemprego. https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php
Jorge, M. A. C. (2008). Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan: As bases conceituais (5a ed.). Jorge Zahar.
Lustoza, R. Z. (2009). O discurso capitalista de Marx a Lacan: Algumas consequências para o laço social. Ágora, 12(1), 41-52. https://doi.org/10.1590/S1516-14982009000100003
Marx, K. (2013). O capital: Crítica da economia política (R. Enderle, Trad.; Vol. 1). Boitempo.
Melman, C. (2008). O homem sem gravidade: Gozar a qualquer preço (S. R. Felgueiras, Trad.). Companhia de Freud.
Menezes, L. S. (2010). Um olhar psicanalítico sobre a precarização do trabalho: Desamparo, pulsão de domínio e servidão [Tese de doutorado, Universidade de São Paulo]. Repositório Institucional da USP. https://doi.org/10.11606/T.47.2010.tde-19102010-120022
Pellegrino, H. (1983, 11 de setembro). Pacto edípico e pacto social (da gramática do desejo à sem-vergonhice brasílica). Folha de S.Paulo. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5638230/mod_resource/content/1/Pellegrino%20-%20Pacto%20ed%C3%ADpico%20e%20pacto%20social.pdf
Quinet, A. (2007). A ciência psiquiátrica nos discursos da contemporaneidade. Lacanian Memory. http://lacanian.memory.online.fr/AQuinet_Ciencia.htm
Rosa, M. D. (2004). A pesquisa psicanalítica dos fenômenos sociais e políticos: Metodologia e fundamentação teórica. Revista Mal-estar e Subjetividade, 4(2), 329-348
Safatle, V., Silva, N., Jr., & Dunker, C. (Orgs). (2021). Neoliberalismo como gestor do sofrimento psíquico. Autêntica.
Souza, J. (2017). A elite do atraso: Da escravidão à Lava-Jato. Leya.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Fabrício Gonçalves Ferreira, Elzilaine Domingues Mendes, Emilse Terezinha Naves

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e da publicação inicial nesta revista. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicado nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e da publicação inicial nesta revista. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.