Descaso e deterioração do lugar de memória no caso da chacina da Candelária no Rio de Janeiro
DOI:
https://doi.org/10.11606/extraprensa2018.145213Palavras-chave:
Chacina da Candelária, Violência policial, Memória coletiva, Lugar de memória, Memória socialResumo
O presente estudo de caso visa a explicitar a situação do lugar de memória no caso da Chacina da Candelária, na região central do Rio de Janeiro, com o devido trabalho de campo para registro fotográfico in situ realizado em novembro de 2016. Com fundamentação nos ensinamentos de Nora (1996) e Seixas (2009), é possível constatar como o descaso para com determinados locais da cidade marcados por episódios da mais alta relevância como peças acusatórias do tipo de relação entre a máquina pública e a sua população é prejudicial para a manutenção e propagação da memória social coletiva. Além disso, descrevemos a ocorrência de um processo de suplantação da memória da chacina perpetrada por policiais militares do estado do Rio de Janeiro que vitimou oito pessoas em situação de rua, seis delas menores de idade, com a decisão do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio 2016 de realizar um segundo ato de acender a pira olímpica na Praça Pio X, em frente à Igreja da Candelária, na abertura oficial dos Jogos Olímpicos.
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