As sequências textuais no gênero oral: análise de uma aula expositiva universitária

Autores

  • Gil Roberto Costa Negreiros Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v17i1p179-203

Palavras-chave:

Análise Textual dos Discursos. Sequências textuais. Aula expositiva. Texto oral.

Resumo

O trabalho tem como tema a organização textual e discursiva do gênero oral “conferência” (também chamado, no trabalho, de “apresentação oral”). Nosso objetivo é analisar, a partir dos planos do texto e do contexto de produção, as estratégias de textualização empregadas pelo sujeito produtor e as regulações “descendentes” (regulações que as situações de interação nos lugares sociais, nas línguas e nos gêneros dados impõem aos enunciados) que interferem nessa produção e que, desta forma, se fazem presentes nos textos em questão. O corpus escolhido faz parte das elocuções formais (uma aula universitária), transcritas pelo Projeto da Norma Urbana Culta da Cidade de São Paulo - NURC-SP e publicadas por Castilho e Preti (1986).  Adotaremos, como referencial teórico, aspectos ligados à Linguística Textual dos Discursos, na perspectiva divulgada por Adam (2000). A partir dessa perspectiva, investigamos a relação entre a organização macroestrutural do texto e os diversos fatores externos em jogo na elaboração textual do corpus em análise, focalizando a aspectos referentes à situação comunicativa e à interação entre os sujeitos. Os resultados das análises suscitam discussões relativas à interação postulada por Adam (2000) entre regulações “ascendentes”, que regem os encadeamentos de proposições no sistema que constitui o texto, e regulações “descendentes”, aquelas imposta pelas situações de interação e pelos gêneros. Com isso, também tentamos demonstrar, em nossa análise, que a apresentação oral possui estratégias de textualidade específicas, como, por exemplo, a adoção do tipo textual da narração, que pode ser um índice do caráter assíncrono do gênero em questão, tendo em vista que a narração é monológica (no sentido conversacional) e limita as possibilidades de cooperação dos ouvintes. Desta forma, sob o impacto da busca por expressão e por interação, os enunciados podem assumir formas infinitas, mas os gêneros e as línguas interferem como fatores que regulam o processo de textualidade.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Gil Roberto Costa Negreiros, Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul
    Professor Doutor do Departamento de Letras Vernáculas do Centro de Artes e Letras;  docente do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL)  da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.

Referências

Adam JM. A linguística textual: introdução à análise textual dos discursos. São Paulo: Cortez; 2008.

Bakhtin M. Estética da Criação Verbal. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes; 2000.

Carvalho G. Gênero como ação social em Miller e Bazerman: o conceito, uma sugestão metodológica e um exemplo de aplicação. In: Meurer JL, Bonini A, Mota-Roth D. Gêneros: teorias, métodos e debates; 2005. p. 130-151.

Castilho AT, Preti D. A linguagem falada culta na cidade de São Paulo: elocuções formais. São Paulo: T. A. Queirós; 1986.

Costa SR. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica; 2008.

Kerbrat-Orecchioni C, Traverso V. Types d’interactions et genres de l’oral. Languages. 2004;38(153):41-51.

Kerbrat-Orecchioni C. Análise da Conversação: princípios e métodos. São Paulo: Parábola; 2006.

Marcuschi LA. O diálogo no contexto da aula expositiva: continuidade, ruptura e integração. In: Preti D. Diálogos na fala e na escrita. São Paulo: Humanitas; 2005. p. 45-83.

Moll TM. La interacción en la clase magistral: Rasgos linguísticos del discurso interactivo en inglés [tese]. Alicante: Universidad de Alicante; 2002.

Pecheux M. L’Inquiétude du discours. Paris: Éditions des Centres; 1990.

Silva LA. Estruturas de participação e interação na sala de aula. In: Preti D. Interação na fala e na escrita. São Paulo; 2002. p. 179-203.

Silva LA. O diálogo professor/aluno na aula expositiva. In: Preti D. Diálogos na fala e na escrita. São Paulo: Humanitas; 2005. p. 19-43.

Downloads

Publicado

2015-06-21

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

As sequências textuais no gênero oral: análise de uma aula expositiva universitária. (2015). Filologia E Linguística Portuguesa, 17(1), 179-203. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v17i1p179-203