Os particípios rizotônicos emergentes no português brasileiro e sua gênese histórica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v20i1p47-59

Palavras-chave:

Linguística histórica, Particípios rizotônicos, Derivação erudita, Verbos de aspecto intensivo, Passiva analítica

Resumo

Este trabalho visa investigar a formação histórica de particípios rizotônicos emergentes no português brasileiro (como: “tinha falo, tinha compro, tinha chego, tinha perco, tinha trago, tinha escrevo, tinha faço”, entre outros) a partir de duas perguntas investigativas básicas: de onde vem a avaliação social e/ou estilística positiva para formas rizotônicas (não apenas as emergentes, mas todas); e como surge essa variante emergente aparentemente espelhada na forma da primeira pessoa do indicativo presente. Com relação à primeira questão, o trabalho sugere que o início da valorização prestigiosa das formas rizotônicas está correlacionado aos processos de derivação erudita intensificados durante o período do “português clássico”, por volta dos séculos XV e XVI. Quanto à segunda pergunta, os dados encontrados sugerem que essa variante surge ainda no romance, a partir de – entre outros processos – verbos de aspecto intensivo, que a partir do séc. IV tiveram o seu emprego restrito a contruções passivas analíticas.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Luiz Henrique Milani Queriquelli, Universidade Federal de Santa Catarina

    Professor do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas

Referências

Albright A. Islands of reliability for regular morphology: evidence from Italian. Language. 2002;78(4):684-709.

Almeida L, editor. Obras dos Príncipes de Avis: Livro da Montaria, Leal Conselheiro, Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela, O Livro da Virtuosa Benfeitoria, Livro dos Ofícios. Introd. e revisão de Lopes de Almeida. Porto: Lello & Irmão Editores; 1981.

Aronoff M. Morphology by itself: stems and inflectional classes. Cambridge, Massachusetts: Massachusetts Institute of Technology Press; 1994.

Baerman M, Brown D, Corbett GG. The syntax-morphology interface: a study of syncretism. Cambridge: Cambridge University Press; 2005.

Baldi P. Remarks on the latin R-form verbs. Zeitschrift fur vergleichende Sprachforschung. 1975;90(1):222-57.

Ferrari Neto J, Silva CRT, Fortes F. A interpretação passiva/indeterminada de construções com a partícula se. DLCV, 2010,jan./jun.;7(1):39-56.

Halle M, Marantz A. Distributed morphology and the pieces of inflection. In: Hale K, Keyser SJ, editores. The view from building 20: essays in linguistics in honor of Sylvain Bromberger. Cambridge, MA: MIT Press; 1993.

Harris-Northall R. The Old Spanish participle in -udo: its origin, use, and loss. Hispanic Review, 1996, winter;64(1):31-56.

Huber J. Gramática do português antigo. Trad. de Maria Manuela Gouveia Delille. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; 1986[1933].

Ilari R. Linguística Românica. 2ª ed. São Paulo: Ática; 1997.

Laurent R. Past participles from Latin to Romance. Oakland: University of California Press; 1999.

Mattoso Câmara Júnior JM. História e estrutura da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Padrão; 1975.

Miara FLJ. Particípios duplos: usos, desusos e alguns “intrusos”. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina; 2013.

Miara FLJ, Coelho IL. Particípios duplos: norma, avaliação e uso escrito. Cadernos de Letras da UFF. 2016,jan.;25(51). [citado 09 mai. 2018]. Disponível em: http://www.cadernosdeletras.uff.br/index.php/cadernosdeletras/article/view/224.

Neves G. A voz passiva no latim vulgar. Ciberdúvidas da língua portuguesa, 10 dez. 2014. [citado 26 mar. 2015]. Disponível em: http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=32908.

Nunes J. Se apassivador e se indeterminador: o percurso diacrônico no português brasileiro. Cadernos de Estudos Linguísticos. 1991,jan./jun.;20(1):33-58.

Pinkster H. Oxford Latin syntax, volume 1: the simple clause. Oxford: OUP Oxford; 2015.

Posner R. The romance languages. Cambridge: Cambridge University Press; 1996.

Queriquelli LH. Permanências e reincidências latinas do português brasileiro: uma proposta de ensino de latim via linguística histórica. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina; 2016.

Souza PC. Particípios atemáticos no PB: um processo paradigmático. ReVEL. 2011; esp.ed.(5):1-30. [citado 25 ago. 2015]. Disponível em: http://www.revel.inf.br/files/artigos/revel_esp_5_participios_atematicos_no_pb.pdf.

Downloads

Publicado

2018-06-07

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Os particípios rizotônicos emergentes no português brasileiro e sua gênese histórica. (2018). Filologia E Linguística Portuguesa, 20(1), 47-59. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v20i1p47-59