Marcadores Discursivos no português falado em Angola, subvariedade Libolo:

um estudo inicial de base prosódico-pragmática

Autores

  • Márcia Santos Duarte de Oliveira Universidade de São Paulo
  • Maria de Lurdes Zanoli Universidade de São Paulo
  • Giovana Merighi de Andrade Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v20iEspecialp159-186

Palavras-chave:

Marcadores discursivos, Análise prosódico-pragmática, Português falado em Angola, Subvariedade português do Libolo

Resumo

Neste trabalho apresenta-se uma descrição e análise iniciais de ‘Marcadores Discursivos’ (MDs) do português falado no Libolo (PLB), uma subvariedade do português falado em Angola. Os dados selecionados para a análise são parte do acervo do Projeto Libolo e os dados selecionados do chamado Corpus 1, especificamente, integram um projeto de pesquisa de corpora orais para o estudo da fala espontânea chamado de C-Oral-Angola (em construção). O estudo de MDs no PLB é orientado pela teoria L-AcT que propõe que o fluxo da fala só pode ser propriamente analisado se for segmentado em enunciados (atos de fala) e unidades tonais (que correspondem a unidades de informação) que são guiados por parâmetros prosódicos. Dessa forma, é possível a identificação de MDs que correspondem a unidades de informação dialógica e que carregam funções diferentes por estarem submetidos a condições prosódicas distintas  – ver, entre outros, Moneglia e Raso (2014, p. 469), Raso (2014, p. 411). Assim, neste trabalho, a partir de critérios prosódico-pragmáticos, são descritos e analisados os MDs tás a ver, eh pa, ya e Júlia que atestam as seguintes funções: ‘Conativa’ (CNT), ‘Expressiva’ (EXP), ‘Fática’ (PHA) e ‘Alocutiva’ (ALL). MDs ‘alocutivos’ pertencem à categoria chamada de ‘vocativos’, que não são analisados como MDs em estudos fora da L-AcT. No trabalho, a ocorrência do MD ya na fala do português de Angola, e especificamente na fala do Libolo, é creditada ao contato linguístico entre falantes de português angolano e  falantes de alemão.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Austin JL. How to do things with words. Oxford: OUPl; 1962.

Bechara E. Moderna gramática portuguesa, 37a. ed., revista e ampliada. Rio de Janeiro: Editora Lucena; 2006.

Boersma P, Weenink D. Praat: doing phonetics by computer. 2009, 5a ed. [citado 15 ago. 2018]. Disponível em: http://www.fon.hum.uva.nl/praat.

Bonvini E. Línguas africanas e português falado no Brasil. In Fiorin JL, Petter MT, organizadores. África no Brasil: a formação da língua portuguesa. São Paulo: Contexto; 2008, p. 16-52.

Bowern C. Fieldwork in contact situations. In: Hickey R, organizador. The Handbook of language contact. Oxford: Blackwell-Publishing; 2010. p. 340-357.

Chomsky N. The Minimalist program. Current studies in linguistics. Cambridge, Massachusetts: MIT; 1995.

Cohen, J. A Coefficient of agreement for nominal scales. Educational and psychological measurement. 1960;20:37-46.

Cresti E. Corpus di italiano parlato. Firenze: Accademia della Crusca; 2000. 2 vol.

Cresti E, Moneglia M. C-ORAL-ROM. Integrated reference corpora for spoken Romance languages. Amsterdam, Philadelphia: John Benjamins; 2005.

Dias P. Arte da lingva de Angola, oeferecida a Virgem Senhora N do rosario, mãy, & senhora dos mesmos pretos. Lisboa: Officina de Miguel Deslandes, Impressor de Sua Magestade; 1697[2006].

Ferreira RLL. Aspectos da estrutura de complementação no português do Libolo/Angola. [projeto]. São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas; 2017-2018.

Figueiredo CFG. Retratos do Libolo. In: Figueiredo CFG, Oliveira MSD, organizadores. Linguística, história, antropologia e ensino no Kwanza Sul, Angola. Vol. 2. Lisboa: Chiado; 2016.

Figueiredo CFG. Aspectos histórico-culturais e sociolinguísticos do Libolo: aproximações com o Brasil. In: Oliveira MSD, Gabriel AA, organizadores. O português na África Atlântica. São Paulo: Humanitas/FAPESP; 2018. p. 47-100.

Figueiredo CFG, Oliveira MSD. Português do Libolo, Angola, e português afro-indígena de Jurussaca, Brasil: cotejando os sistemas de pronominalização. PAPIA. 2013;23(3):105-85.

Figueiredo CFG, Oliveira MSD. Linguística, história, antropologia e ensino no Kwanza-Sul, Angola. In: Figueiredo CFG, Oliveira MSD, organizadores. Projeto Libolo: município do Libolo, Kwanza-Sul, Angola: aspectos linguístico-educacionais, histórico-culturais, antropológicos e sócio-identitários. Lisboa: Chiado; 2016. Vol. 1.

Fleiss JL. Measuring nominal scale agreement among many raters. Psycological bulletim. 1971;76(5):378-382.

Fonseca RJRMD, Silva PJDSP, Silva RRD. Acordo inter-juízes: o caso do coeficiente kappa. Laboratório de Psicologia. 2007;5(1):81-90.

Guthrie M. The classification of the African languages. London: Oxford University Press; 1948.

Frota S, et al. Intonational variation in Portuguese: European and Brazilian varieties. In: Frota S, Prieto P, editores. Intonation in Romance. Oxford: Oxford University Press; 2015. p. 235-283.

Jorge LTL. Respostas afirmativas para perguntas polares no PBL: um estudo em perspectiva gerativista. [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas; 2018.

Jubran CS. A construção do texto falado. Gramática do português culto falado no Brasil, vol. 1. São Paulo: Contexto; 2015.

Lewis MP, Gary FS, Charles DF. Ethnologue: languages of the world. 18ª ed. Dallas, Texas: SIL; 2015. International. [citado 15 ago. 2018]. Disponível em: http://www.ethnologue.com.

Mello H. Methodological issues for spontaneous speech corpora compilation: the case of C-ORAL-BRASIL. In: Raso T, Mello H, editores. Spoken corpora and linguistic studies. Studies in corpus linguistics, vol. 61. Amsterdam, Philadelphia: John Benjamins; 2014. p. 27-69.

Mello M. Além do visível: poder, catolicismo e comércio no Congo e em Angola (séculos XVI e XVII). São Paulo: EDUSP; 2018.

Mello H, Carvalho J, Côrtes P. Modalização na fala espontânea do português brasileiro: um primeiro mapeamento de índices morfolexicais. Revista de Estudos Linguísticos. 2010:18(2):105-133.

Mello H, et al. Transcrição e segmentação prosódica do corpus C-ORAL-BRASIL: critérios de implementação e validação. In: Raso T, Mello H, editores. C-ORAL-BRASIL I: corpus de referência do português brasileiro falado informal. Belo Horizonte: Editora da UFMG; 2012. p. 125-176.

Moneglia M; Raso T. Notes on language into act theory. In: Raso T, Mello H, editores. Spoken corpora and linguistic studies. Studies in Corpus Linguistics, vol. 61. Amsterdam, Philadelphia: John Benjamins; 2014. p. 468-495.

Raso T. O C-ORAL-BRASIL e a teoria da língua em ato. In: Raso T, Mello, H. C-ORAL-BRASIL I: Corpus de referência do português brasileiro falado informal. Belo Horizonte: Editora da UFMG; 2012. p. 91-123.

Raso T. Fala e escrita: meio, canal, consequências pragmáticas e linguísticas; 2013. Domínios de Linguagem. 2013;7(2):12-46. [citado 20 nov. 2018]. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/23730.

Raso T, Mello H. C-ORAL-BRASIL I: Corpus de referência do português brasileiro falado informal. Belo Horizonte: Editora da UFMG; 2012.

Raso T, Mello H. Spoken corpora and linguistic studies. Studies in corpus linguistics, vol. 61. Amsterdam, Philadelphia: John Benjamins; 2014.

Raso T, Mello H. Introduction. In: Raso T, Mello H, editores. Spoken corpora and linguistic studies. Studies in Corpus Linguistics, vol. 61. Amsterdam, Philadelphia: John Benjamins; 2014. p. 1-24.

Raso T, et al. Uma aplicação da teoria da língua em ato ao português do Brasil. Revista de Estudos da Linguagem. 2007;15(2):147-166.

Raso T. Prosodic constraints for discourse markers. In: Raso T, Mello H, editores. Spoken corpora and linguistic studies. Studies in Corpus Linguistics, vol. 61. Amsterdam, Philadelphia: John Benjamins; 2014. p. 411-467.

Risso MS, Oliveira e Silva GM, Urbano H. Traços definidores dos marcadores discursivos. In: Jubran CS, organizadora. A construção do texto falado. Gramática do Português Culto Falado no Brasil, v. 1. São Paulo: Contexto; 2015. p. 371-390.

Rocha B, Raso T. O pronome lembrete e a teoria da língua em ato: uma análise baseada em corpora 1. Revista Veredas. 2013;17(2):39-59.

Rosa MC. Uma língua africana no Brasil colônia de seiscentos: o quimbundo ou língua de Angola na Arte de Pedro Dias, SJ. Rio de Janeiro: 7Letras/FAPERJ; 2013.

Santos VG. A prosódica dos vocativos do português angolano do Libolo: primeira abordagem. In: Cleber A, Azevedo ICM, Fratog RMK, editores. Linguística e Literatura: teoria, análises e aplicações. Anais do GELNE 2017, Aracaju-SE. Recife-PE: Pipa Comunicações; 2017. p. 61-72.

Downloads

Publicado

2018-12-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Marcadores Discursivos no português falado em Angola, subvariedade Libolo:: um estudo inicial de base prosódico-pragmática. (2018). Filologia E Linguística Portuguesa, 20(Especial), 159-186. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v20iEspecialp159-186