A perspectiva decolonial e a geografia política na graduação brasileira atual

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2019.158726

Palavras-chave:

Decolonialidade, Teoria decolonia, Geografia política, Cursos de graduação, Brasil

Resumo

Apesar de ter raízes literárias e empíricas que remontam há primeira metade do século XX, foi a partir de 1990 que a teoria decolonial começou a ganhar corpo e influenciar a agenda de diferentes ciências humanas. É dentro da Geografia, da Ciência Política, da Sociologia latino-americana que vemos essa perspectiva florescer com maior ênfase, especialmente nos países hispânicos. O objetivo do artigo é avaliar a importância da agenda decolonial no ensino de Geografia Política (GP) em importantes cursos de graduação do país, a partir de suas ementas e programas. Depois de uma apreciação da importância da perspectiva decolonial para a agenda da Geografia Política, o artigo conclui que nos oito cursos analisados (UFRJ, UFF, UFRGS, UFMG, Unicamp, Unesp-PP e UFC) é persistente o vínculo histórico com as produções acadêmicas europeias (especialmente francesa) e americana, afastando a GP brasileira das produções de seus vizinhos regionais.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ABDALLA, M. M.; FARIA, A. Em defesa da opção decolonial em administração: rumo a uma concepção de agenda. Trabalho apresentado no V Colóquio Internacional de Epistemologia e sociologia da ciência da administração. Florianópolis, Março 2015.

ACOSTA, A. (2010), El Buen Vivir en el camino del post-desarrollo: Una lectura desde la Constitución de Montecristi. FES-ILDIS, Quito.

ANDRADE, M. C. A AGB e o pensamento geográfico no Brasil. Revista Terra Livre, n.9, p.143-154, 1991.

ANDRADE, M. C. A construção da geografia brasileira. Revista Finisterra, XXXIV, n.67, p.21-30, 1999.

AYER, R. M.; LOURENÇO, R. L. Perspectivas pós-coloniais e decoloniais: uma proposta de agenda de pesquisa em contabilidade no Brasil. Custos e agronegócio, v.13, n.3, Jul/Setm, 2017.

AZEVEDO, D. A. Os limites da democracia participativa: uma análise a partir dos Conselhos Municipais no Rio de Janeiro. GEOgraphia, vol.20, n.43, p. 54-70, 2018.

BALLESTRIN, L. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n.11, p.89-117, 2013.

CARLOS, A. F. A. A GEOGRAFIA BRASILEIRA, HOJE: ALGUMAS REFLEXÕES. Revista Terra Livre, n.18, p.161-178, 2002.

CASTRO, E. V. O nativo relativo. Mana, v.8, n.1, p.15-45. Abril, 2002.

CASTRO, E. V. Metafísicas Canibais: elementos para uma antropologia pós-estrutural. São Paulo: Ed. Cosac & Naify, 2015.

CASTRO, I. E. Geografia e Política. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

CASTRO, I. E. Escala e pesquisa na geografia. Problema ou solução? Espaço Aberto, UFRJ, v. 4, n.1, p. 87-100, 2014.

CHEVALLIER, J. O Estado Pós-Moderno. 3. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2009.

COOKE, T.; RAPINO, M. The migration of partnered gays and lesbians between 1995 and 2000. Professional Geographer, 59(3), p.285-297, 2007.

CÔRREA, R. L. Espaço: um conceito-chave da Geografia. In: CASTRO, I. E.; GOMES, P. C. C.; CÔRREA, R. L. (org.). Geografia: Conceitos e Temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, p 14-42, 1996.

COSTA, W. M. Geografia Política e geopolítica. São Paulo: edUSP, 2010.

DANTAS, L. T. F. Descolonização epistêmica: A Geografia Política das Filosofias. REBELA, v.5, n.3., p.10-27, set./dez. 2015.

ESCOBAR, A. Mundos y conocimientos de otro modo: el programa de investigación de modernidad/ colonialidad Latinoamericano. Tabula Rasa. UCMC, Bogotá, p.51-86, 2003.

EVANS, J.; ARZHEIMER, K.; CAMPBELL, R.; COWLEY, P. Candidate localness and voter choice in the 2015 General Election in England. Political Geography, n. 59, p.61-71, 2017.

FLINT, C.; TAYLOR, P. Political Geography: world-economy, nation-state and locality. London: Prentice Hall, 2011 [1989].

GILMARTIN, M. Nation-state. In: Gallaher, C.; Dahlman, C. T.; Gilmartin, M.; Mountz, A. Key Concepts in Political Geography, Washington D.C. Sage publications, p.19-27, 2009.

GROSFOGUEL, R. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Sociedade e Estado, v.31, n.1, 2016, p.25-49.

GOMES, E. B.; Lutz, M. L. S. Estado-nação e democracia em uma perspectiva decolonial: uma análise a partir da perspectiva boliviana. Revista Argumentum. V, 20, n.1, jan-abril, p.249-272, 2019.

GOMES, P. C. C. Geografia e modernidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996.

HARVEY, D. Que tipo de geografia para que tipo de política pública? Boletim Campineiro de Geografia, v.7, n.2, 2017 [1974].

HARVEY, D. Condição Pós-Moderna. São Paulo: Edições Loyola, 1993.

LAPPIE, J.; MARSCHALL, M. Place and participation in local elections. Political Geography, 64, p.33-42, 2018.

LINERA, A. G. Democracia liberal vs. Democracia comunitária. In: Linera, A. G.; Mignolo, W. Walsh, C. Interculturalidad, descolonización del Estado y del conocimiento. Ciudad Autonoma de Buenos Aires: Del Signo, p.51-58, 2014.

LOBACK, V. A formação territorial do Brasil nos livros didáticos de geografia: em busca de uma análise descolonial. Revista Geografares, p.103-220, out-dez 2018.

MALDONADO-TORRES, N. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (Org.). El giro decolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global., Ed. Siglo del Hombre Editores, Bogotá, p. 127-167, 2007.

MCDOWELL, L. Gender, Identity and place: understading feminist geographies. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1999.

MELLO-THÉRY, N.A. Política (e ação) pública, território e o papel da geografia. Revista da Anpege, v.7, n.1, p.11-19, out/2011.

MIGNOLO, W. (org.). Capitalismo y geopolítica del conocimiento. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Del Signo, 2014a.

MIGNOLO, W. Desobediencia epistémica: retórica de la modernidade, logica de la colonialidad y gramática de la descolonidad. Ciudad Autonoma de Buenos Aires: Del Signo, 2014b.

MIGNOLO, W. El pensamento des-colonial, desprendimento y apertura: un manifesto. In: Linera, A. G.; Mignolo, W. Walsh, C. Interculturalidad, descolonización del Estado y del conocimiento. Ciudad Autonoma de Buenos Aires: Del Signo, p.59-88, 2014c.

MIGNOLO, W. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v.32, n.94, junho, 2017a.

MIGNOLO, W. Desafios decoloniais hoje. Revista Epistemologias do Sul Foz do Iguaçu, n.1, v.1, pp. 12-32, 2017b.

NAME, L. Geografias e imagens: notas decoloniais para uma agenda de pesquisa. Espaço e Cultura (Uerj), v. 39, p. 59-80, 2016.

OLIVEIRA, M. G. Os sons do silêncio: interpelações feministas decoloniais à história da historiografia. História da Historiografia., v.11, n.28, p.104-140, Set-dez, 2018.

PORTO-GONÇALVES, C. W. Décoloniser: l´esprit de Cochabamba. Projet, v. 318, p. 52-59, 2010.

PORTO-GONÇALVES, C. W.; QUENTAL, P. A. Colonialidade do poder e os desafios da integração regional na América Latina. Revista Polis, n.31, p.1-34, 2012.

QUIJANO, A. Colonialidad y modernidad/racionalidade. Perú Indígena, Lima, v.12, n.29, p.11-20, 1992.

QUIJANO, A. Colonialidad del poder y clasificación social. Journal of World-Systems, v.11, n.2, p.342-86, 2000.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. CLACSO, 2005.

RAMÍREZ, , M. Y. Geopolítica del conocimiento en América Latina: la construcción de espacios históricos otros Revistaa Austral de Ciencias Sociales, n. 21, p.111-136, 2011.

ROCHA, P. D. O determinismo racial e geográfico no discurso geopolítico moderno/colonial: por uma geopolítica decolonial. Conjuntura Global v. 7, n. 3, p.243-259, 2018.

RODRIGUES, J. N. Políticas públicas e geografia: reto- mada de um debate. GEOUSP – Espaço e Tempo (Online), São Paulo, v. 18, n. 1, p. 152-164, 2014.

RUBBO, D. A. Aníbal Quijano e a racionalidade alternativa na América Latina: diálogos com Mariátegui. Estudos Avançados, n.32, v.94, p.391-405, 2018.

SEGATO, R. L. La perspectiva de colonialidad del poder. In: PALERMO, Z.; QUIN- TERO, P. (Org.) Aníbal Quijano: textos de fundación. Buenos Aires: Del Signo, p.9-39, 2014.

SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

VODA, P.; SVACINOVÁ, P.; SMOLKOVÁ, A.; BALÍK, S.. Local and more local: impact of size and organization type of settlements units on candidacy. Political Geography, 59, p.24-35, 2017.

WALSH, C. Interculturalidad y colonialidad del poder. Un pensamento y posicionamiento otro desde la diferencia colonial. In: Linera, A. G.; Mignolo, W. Walsh, C. Interculturalidad, descolonización del Estado y del conocimiento. Ciudad Autonoma de Buenos Aires: Del Signo, p.17-50, 2014.

Downloads

Publicado

2019-10-17

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

A perspectiva decolonial e a geografia política na graduação brasileira atual. GEOUSP Espaço e Tempo (Online), [S. l.], v. 23, n. 3, p. 564–581, 2019. DOI: 10.11606/issn.2179-0892.geousp.2019.158726. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/geousp/article/view/158726.. Acesso em: 19 mar. 2024.