A geografia dos anos iniciais como desafiadora e perigosa
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2023.204745Palavras-chave:
Geografia dos anos iniciais, Geografia desafiadora, Geografia perigosa, Geografia local, Geografia globalResumo
A Geografia dos Anos Iniciais (AI) é um assunto bastante confortável. Ela tende a evitar tópicos da Geografia considerados "inaceitáveis", ameaçadores e potencialmente perigosos. Considerar desafio e 'perigo' na Geografia dessa fase escolar não é tanto sobre os perigos do trabalho de campo, mas sim sobre tópicos intelectuais, emocionais e socialmente perigosos, local e globalmente. A tendência é ensinar o que é aceitável e não causar desconforto, focar nos aspectos positivos do mundo, demonstrar esperança. Porém isso não é sempre recomendável. Aqui serão descritos e questionados quatro argumentos em prol dessa abordagem confortável. O argumento que versa sobre ‘ir com cuidado’ em um mundo inseguro, mesmo quando pensamos em crianças menores, mantém o indivíduo desinformado, e por isso deve ser questionado. O desejo de ser positivo não deve comprometer o ato de ser realista e honesto com as crianças, que por sua vez são capazes e resilientes. A fim de corroborar a proposta de uma abordagem mais exigente, até mesmo mais ‘perigosa’ em relação à Geografia dos AI, alguns tópicos que podem ser investigados pelas crianças são aqui sugeridos. Surge então a inevitável pergunta: a quem ensinamos Geografia? O objetivo desse artigo é levantar questionamentos e trazer uma reflexão sobre o papel da educação (em Geografia) no mundo atual.
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