UMA DIMENSÃO CULTURAL DA PAISAGEM: HISTÓRIA AMBIENTAL E OS ASPECTOS BIOGEOGRÁFICOS DE UM TABU

Autores

  • Rita de Cássia de Paula Freitas Svorc Universidade Estácio de Sá
  • Rogério Ribeiro de Oliveira Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Geografia, Centro de Ciências Sociais

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2012.74287

Palavras-chave:

Paisagem cultural, Biogeografia, Ficus, Populações tradicionais, Florestas secundárias

Resumo

Na estrutura e composição da Mata Atlântica, especialmente em áreas de florestas secundárias, é notável a presença de árvores de grande porte do gênero Ficus (Moraceae), preservados da derrubada por razões culturais por populações tradicionais. A estrutura de trechos de florestas secundárias localizadas no sul do Estado do Rio de Janeiro foi determinada nas proximidades de grandes figueiras, por meio de parcelas de 20 x 5 m. Em três áreas foi amostrado um total de 105 espécies de árvores, sendo que as figueiras atingiram o maior valor de cobertura, sendo responsáveis em média por 43,4% da área basal. A presença destes exemplares pode ser atribuída a um mesmo tabu cultural, espalhado por extensas regiões do país e que impõem alterações na paisagem florestal.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ACOT, Pascal. História da ecologia. Rio de Janeiro: Campus, 1990.

ADAMS, Cristina. As populações caiçaras e o mito do bom selvagem: a necessidade de uma nova abordagem interdisciplinar. Revista de Antropologia v. 43, p. 145-182, 2000.

APG II (the Angiosperm Phylogeny Group). An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society v.141, n. 4, p. :399-436, 2003.

BÜRGI, Matthias & GIMMI, Urs. Three objectives of historical ecology: the case of litter collecting in Central European forests. Landscape Ecology v. 22, p. 77–87, 2007.

CARAUTA, Jorge Pedro Pereira & Diaz, Ernani. Figueiras do Brasil. Rio de Janeiro: Editora UFRJ/FAPERJ, 2003.

CARAUTA, Jorge Pedro Pereira. Ficus (Moraceae) no Brasil: Conservação e taxonomia. Albertoa, v. 2, p. 1-365, 1989.

CARDOSO-LEITE, Eliane.; COVRE, Tiago Batista, OMETO, Raquel Gardenal; CAVALCANTI, Denise Cidade & PAGANI, Maria Iinez Fitossociologia e caracterização sucessional de um fragmento de mata ciliar, em Rio Claro/SP, como subsídio à recuperação da área. Revista do Instituto Florestal, v. 16, n. 1, p. : 31-41, 2004.

CRUMLEY C.L. (ed) Historical ecology: cultural knowledge and changing landscapes. Santa Fe: School of American Research Press, 1994.

DELAMONICA, Patricia.; LIMA, Denise. Flores.; OLIVEIRA, Rogério Ribeiro; MANTOVANI, Waldir. Estrutura e funcionalidade de populações de Miconia cinnamomifolia (DC.) Naud. em florestas secundárias estabelecidas sobre antigas roças caiçaras. Pesquisas Botânica, v.52, p. 125-142, 2002.

FONSECA, Denise Pini Rosalém. A marca do sagrado. Pp. 12-35. In: OLIVEIRA, Rogério Ribeiro de (ed). As marcas do Homem na floresta: História Ambiental de um trecho urbano de Mata Atlântica. Rio de Janeiro, Ed. PUC-Rio, 2005.

FREITAS, Marcelo Motta. Funcionalidade hidrológica dos cultivos de banana e territorialidades na paisagem do Parque Municipal de Grumari - Maciço da Pedra Branca-RJ. 2003. 150 f. Tese (Doutorado em Geografia) - Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003.

FURLAN, Sueli Ângelo. Florestas culturais: manejo sociocultural, territorialidades e sustentabilidade. Agrária, n. 3, p. 3-15, 2006.

GARCÍA-MONTIEL, Diana. El legado de la actividad humana en los bosques neotropicales contemporáneos. In: GUARIGAUTA, Manuel & KATTAN, Gustavo (ed.). Ecologia y conservación de bosques neotropicales. Cartago: Ediciones LUR, p. 97-112, 2002.

GARIBALDI, Ann & TURNER, Nancy 2004. Cultural keystone species: implications for ecological conservation and restoration. Ecology and Society, v. 9, n. 3). Disponível em: http://www.ecologyandsociety.org/vol9/iss3/art1 (acesso em 034/02/2010).

GUEDES-BRUNI, Rejan Rodrigues. Composição, estrutura e similaridade florística de dossel em seis unidades fisionômicas de Mata Atlântica no Rio de Janeiro. 204 f. Tese (Doutorado em Ecologia). Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.

GUEDES-BRUNI, Rejan Rodrigues, SILVA, Ary Silva & MANTOVANI, Waldir Rare canopy species in communities within the Atlantic Coastal Forest in Rio de Janeiro State, Brazil. Biodiversity and Conservation, v. 18, p.:387-403, 2009.

GUEVARA, Sergio; PURATA, Silvia E. & van der MAAREL, Eddy. The role of remnant forest trees in tropical secondary succession. Vegetatio, v. 66, p.:77–84, 1986.

GUIMARÃES, Antony Érico. et al. Ecologia de mosquitos (Diptera: Culicidae) em áreas do Parque Nacional da Serra da Bocaina, Brasil.I - Distribuição por habitat. Revista de Saúde Pública, v. 34, n. 3, p.: 243-250, 2000.

HARTSHORN, Gary. Neotropical forest dynamics. Biotropica, v.12, p.:23-30, 1980.

KURTZ, Bruno Coutinho & ARAÚJO, Dorothy Sue Dunn de. Composição florística e estrutura do componente arbóreo de um trecho de Mata Atlântica na Estação Ecológica do Paraíso, Cachoeiras do Macacú, RJ, Brasil. Rodriguesia v. 51, n. 78, p.: 69-112, 2000.

MUELLER-DOMBOIS, Dieter.; ELLENBERG, Heinz Aims and methods of vegetation ecology. New York, Willey & Sons, 1974.

NAVEH, Z. What is holistic landscape ecology? A conceptual introduction. Landsccape and Urban Planning, v. 50, p. 7-26, 2000.

OLIVEIRA, Rogério Ribeiro de. Ação antrópica e resultantes a estrutura e composição da Mata Atlântica na Ilha Grande, RJ. Rodriguesia, v.53, n. 82, p.: 33-58, 2002.

OLIVEIRA, Rogério Ribeiro de. Environmental History, Traditional Populations,and Paleo-territoires in the Brazilian Atlantic Coastal Forest. Global Environment, v. I, p. 176-191, 2008.

PAINE, Richard. A note on trophic complexity and community stability. The American Naturalist, v.103, p.: 91-93, 1969.

POWER, Mary. Challenges in the quest for keystones. Bioscience, v. 46, n. 8, p.:609-620, 1996.

REHBEIN, Moisés Ortemar e ROSS, Jurandyr Luciano Sanches. Ambiente; urbano; impacto - impacto ambiental urbano: revisões e construções de significados. GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 27, pp. 95 - 112, 2010.

RODRIGUES, Elisângela Ronconi & GALVÃO, Franklin. Florística e fitossociologia de uma área de reserva legal recuperada por meio de sistema agroflorestal na região do Pontal do Paranapanema, São Paulo. Floresta. v. 36, n. 2, p.: 295-3003, 2006.

SAMBUICHI, Regina Helena Rosa. Structure and dynamics of the tree community in a "cabruca" area in the cacao region of southern Bahia State, Brazil. Acta Botanica Brasilica, v. 20, n. 4, p. : 943-954, 2006.

SANTOS, M. A natureza do espaço. São Paulo: EDUSP. 2006.

SILVA, Fernando Cardoso. Composição florística e estrutura fitossociológica da Floresta Tropical Ombrófila da encosta atlântica no município de Morretes (Paraná). Boletim de Pesquisa Florestal, v. 18/19, p.: 31-49, 1989.

Downloads

Publicado

2012-12-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

SVORC, Rita de Cássia de Paula Freitas; OLIVEIRA, Rogério Ribeiro de. UMA DIMENSÃO CULTURAL DA PAISAGEM: HISTÓRIA AMBIENTAL E OS ASPECTOS BIOGEOGRÁFICOS DE UM TABU. GEOUSP Espaço e Tempo (Online), São Paulo, Brasil, v. 16, n. 3, p. 140–160, 2012. DOI: 10.11606/issn.2179-0892.geousp.2012.74287. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/geousp/article/view/74287.. Acesso em: 19 abr. 2024.