A liberdade política e artística em Gilka Machado: uma questão de autoria
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2021.181388Palavras-chave:
Autoria feminina, Poesia, Liberdade, Gilka MachadoResumo
A voz feminina na literatura, especialmente como sujeito do discurso, se construiu a partir de uma história de enfrentamentos contra a sociedade patriarcal do final do século XIX e início do XX. Tendo como mote principal a subversão e a força da mulher, a literatura de autoria feminina tem reelaborado o cânone elitizado, portanto branco, hétero e masculino, questionando a estrutura hierárquica que oprime raças, gêneros e classes sociais específicas, aquelas colocadas à margem da sociedade capitalista. Portanto, partindo de teorias advindas da luta feminista, este artigo mostra o impulso das questões de autoria feminina no Brasil, apresentando brevemente algumas mulheres essenciais para a busca da visibilidade da mulher nos espaços sociais e intelectuais, especialmente Gilka Machado (1893-1980), poeta carioca conhecida nos círculos literários de sua época como imoral e libertina. Autora de livros como Meu glorioso pecado e Mulher nua, teve sua obra resumida ao erotismo, motivo pelo qual ainda hoje recebe pouca atenção da historiografia literária. A estrutura social, política e literária marca o silenciamento que envolveu a poeta, construindo um cânone responsável por ignorar ou evidenciar escritores. Como arcabouço teórico, este artigo teve como base, discussões de Ribeiro (2019), Telles (2004), Muzart (1990) e outros.
Downloads
Referências
ANDRADE, Carlos Drummond de. Gilka, a antecessora. Jornal do Brasil, 18 de dezembro de 1980, p. 7. Acervo da Biblioteca Nacional Digital / Hemeroteca Digital.
ARAÚJO, Emanuel. A arte da sedução: Sexualidade feminina na colônia. In: PRIORE, Mary Del (Org.). História das mulheres no Brasil. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2004.
ARENDT, Hannah. Liberdade para ser livre. Rio de Janeiro: Bazar do tempo, 2018.
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: fatos e mitos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
CAMPOS, Humberto de. Diário secreto. Organização de Aline Haluch. Rio de Janeiro: Tinta Negra, 2014.
CAMARGOS, Márcia. Musa impassível: a poetisa Francisca Júlia no cinzel de Victor Brecheret. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007.
CHARTIER, Roger. O que é um autor? Revisão de uma genealogia. São Carlos: EDUFSCAR, 2014.
DIOGO, Luciana Martins. Da sujeição a subjetivação: a literatura como espaço de construção da subjetividade, os casos das obras Úrsula e A escrava de Maria Firmina dos Reis. Dissertação (Mestrado Instituto de Estudos Brasileiros) – Programa de Pós-Graduação. São Paulo, 2016.
DUARTE, Constância Lima. Feminismo e literatura no Brasil. In: Imprensa feminina e feminista no Brasil: século XIX – Dicionário ilustrado. São Paulo: Autêntica, 2016.
DUARTE, Constância Lima. Nísia Floresta. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010.
FOUCAULT, Michel. O que é um autor? In: Estética: literatura e pintura, música e cinema. Org. Manoel Barros de Mota. Tradução de Inês Autran Dourado. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009.
LÔBO, Danilo (Dir.); MENDES, Josué de Sousa; OLIVEIRA, Maria Elvira de Melo. Introdução à Estética Parnasiana. Brasília: Thessaurus, 1994.
MACHADO, Gilka. Poesia completa. São Paulo: V. de Moura Mendonça, 2017. (Selo Demônio Negro)
MAUL, Carlos. Um livro Dionisyaco (ao redor da literatura feminina). In: A.B.C.: Politica, Actualidades, Questões Sociaes, Lettras e Artes (RJ), ed. 00096, 1917. Disponível em : http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=830267&pasta=ano%20191&pesq=Gilka%20Machado&pagfis=1163. Acesso em: 2 dez. 2020.
MUZART, Zahidé L. Artimanhas nas entrelinhas: leitura do paratexto de escritoras do século XlX. Travessia, n. 21, 1990. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/travessia/article/view/17202. Acesso em: 28 jul. 2021
OLIVEIRA, Alana Lima de Oliveira. Direito das mulheres: um enfoque sobre Nísia Floresta e a política da tradução cultural. Dissertação (Mestrado em Ciências Jurídicas) – Centro de Ciências Jurídicas, Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa-PB, 2015.
PAZ, Octavio. La llama doble: amor y erotismo. Editorial Seix Barral: Barcelona, 1994.
PAZ, Octavio. O arco e a lira. Tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
PINHEIRO, Maria do Socorro. O erotismo metafísico na poesia de Gilka Machado: símbolos do desejo. Dissertação (Mestrado Literatura e Interculturalidade) – Programa de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade. Campina Grande-PB, 2015.
PINTO, Céli Regina Jardim. O Partido Republicano feminino. In: Uma história do feminismo no Brasil. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2003.
RESENDE, Beatriz. Lima Barreto e o Rio de Janeiro em fragmentos. Belo Horizonte: Autentica, 1993.
RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.
RIBEIRO, João. Crítica. v. II. Parnasianismo e Simbolismo. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1957.
SCHMIDT, Rita Terezinha. Para além do dualismo natureza/cultura: ficções do corpo feminino. Revista Organon: Revista do Instituto de Letras da UFRGS. v. 27, n. 5, 2012. DOI: https://doi.org/10.22456/2238-8915.33480. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/organon/article/view/33480. Acesso em: 28 jul. 2021.
SILVA, Francisca Júlia da. Mármores. São Paulo: Horácio Belford Sabino, 1985.
SILVA, Jacicarla Souza da. Panorama da crítica feminista: tendências e perspectivas. Patrimônio e Memória. UNESP – FCLAs – CEDAP, v.4, n.1, 2008. Disponível em: http://pem.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/100/488. Acesso em: 9 dez. 2020.
SILVA, Marcelo Medeiros da. Poesia e resistência no Brasil: o caso das poetisas oitocentistas. Revista Artemis, v. 14, n. 1, 2012. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/artemis/article/view/14310. Acesso em: 28 jul. 2021.
TELLES, Norma. Escritoras, escritas, escrituras. In: Mary del Priore (Org.). História das mulheres no Brasil. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2004.
VERONA, Elisa Maria. Da feminilidade oitocentista, 2007. Dissertação (Mestrado em História) – FHDSS, UNESP, Franca, 2007.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Jaqueline Ferreira Borges
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A revista Opiniães não exerce cobrança pelas contribuições recebidas, garantindo o compartilhamento universal de suas publicações. Os autores mantêm os direitos autorais sobre os textos originais e inéditos que disponibilizarem e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.