A catástrofe amazônica em dois contos de João Meirelles Filho

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2021.185590

Palavras-chave:

Contos, Amazônia, Representação das águas, Catástrofe, João Meirelles Filho

Resumo

Este trabalho tem como objetivo fazer a análise literária dos contos “Poraquê” e “Mamí tinha razão” de João Meirelles Filho (2017). O artigo levanta a hipótese de que essas duas narrativas curtas se conjugam num espaço-tempo comum e adquirem estatuto ficcional sob o regime de escrita da catástrofe. O trabalho discute o paradigma de catástrofe à contraluz da noção de desastre. Analisa as figurações do sujeito amazônico nos contos. E, pela via da representação alegórica, defende que as fraturas em seu modus vivendi, visíveis em “Poraquê” e “Mamí tinha razão”, decorrem não de fatores naturais como os fenômenos hidrológicos da Bacia Fluvial Amazônica, mas sobretudo da trama das relações de produção capitalistas, sistema que em seu modelo de geração de riqueza e organização social engendra a catástrofe da modernidade no cotidiano amazônico. Os autores de referência são Benjamin (2012; 2016), Seligmann-Silva (2000), Quarantelli (2015), Loureiro (2001) e Sarmento-Pantoja (2014), dentre outros.

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Biografia do Autor

  • Irisvaldo Laurindo de Souza, Universidade Federal do Pará - UFPA

    Doutorando em Estudos Literários no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará. Bolsista Capes (88887.649538/2021-00). Professor de Literatura e Teoria Literária na Faculdade de Linguagem do Campus Tocantins/Cametá (UFPA).

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Publicado

2021-12-30

Como Citar

A catástrofe amazônica em dois contos de João Meirelles Filho. (2021). Opiniães, 19, 148-171. https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2021.185590