Da nascente à foz: itinerário crítico para Um rio sem fim (1998), de Verenilde Santos Pereira
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2021.187548Palavras-chave:
Ficção brasileira, Representação, Alteridade, Um rio sem fim, Verenilde Santos PereiraResumo
No campo dos estudos literários, o acesso à voz e ao poder de representar a si mesmo, no que diz respeito aos grupos marginalizados, como as etnias indígenas, tem sido uma problemática cada vez mais debatida – como em Dalcastagnè (2002) e Olivieri-Godet (2013), por exemplo –, ampliando o que se compreende por representação e representatividade nas artes. Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo analisar o romance Um rio sem fim (1998), da jornalista, indigenista e escritora afro-indígena Verenilde Santos Pereira (1956-), haja vista o processo de criação da obra e as representações das personagens indígenas, sobretudo as femininas. Seja a partir de sua gênese – pois, originalmente, a obra fora parte da dissertação de mestrado da autora – em que se percebe a questão da diferença entre a linguagem literária e acadêmica, seja pelas representações das personagens subalternizadas e as múltiplas violências por elas sofridas, o romance de Verenilde Pereira questiona e reformula os discursos excludentes e eurocêntricos sobre o outro. Observar-se-á, durante as análises, como as concepções da autora sobre alteridade e linguagem influenciam, dessa maneira, na representação dos sujeitos indígenas e na construção de uma narrativa envolvente, polifônica e não-linear.
Downloads
Referências
ADICHE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. Tradução de Júlia Romeu. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
ARISTÓTELES. Poética. Trad. Eudoro de Souza. São Paulo: Ars Poetica: 1993.
BARTHES, Roland. Aula: aula inaugural da cadeira de semiologia literária do Colégio de França, pronunciado dia 7 de janeiro de 1977. Tradução de Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 2013.
BORGES, Fabiane M. Verenilde, uma vida na Amazônia. Outras palavras. 07 jan. 2014. Seção Descolonizações. Disponível em: <https://outraspalavras.net/descolonizacoes/20008>. Acesso em: 20 fev. 2021.
BORGES, Fabiane M.; PEREIRA, Verenilde Santos. Guaranis: do jejuvy à palavra recuperada. Conselho Indigenista Missionário. 14 set. 2009. Disponível em: <https://cimi.org.br/2009/09/29244/>. Acesso em: 21 abr. 2021.
DALCASTAGNÈ, Regina. Uma voz ao sol: representação e legitimidade na narrativa brasileira contemporânea. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília, v. 20, p. 33-77, 2002. Disponível em: <http://seer.bce.unb.br/index.php/estudos/article/viewFile/2214/1773>. Acesso em: 04 jun. 2021.
KUMU, Umúsin Panlõn; KENHÍRI, Tolamãn. Antes o mundo não existia. São Paulo: Cultura, 1980.
MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. Teoria do Medalhão. In: Obra completa em quatro volumes. 2. ed. Organização de Aluizio Leite, Ana Lima Cecilio & Heloisa Jahn. v. 2. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008, p. 270-275.
OLIVIERI-GODET, Rita. A alteridade ameríndia na ficção contemporânea das Américas: Brasil, Argentina, Quebec. Belo Horizonte: Fino Traço, 2013. (Litteris; 4).
PEREIRA, Verenilde Santos. Uma etno-experiência na comunicação: Era uma vez… Rosa Maria. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Faculdade de Comunicação, Universidade de Brasília, Distrito Federal, 1995.
PEREIRA, Verenilde Santos. Um rio sem fim. Brasília: Thesaurus, 1998.
PEREIRA, Verenilde Santos. Não da maneira como aconteceu. Brasília: Thesaurus, 2002.
PEREIRA, Verenilde Santos. Violência e singularidade jornalística: o “massacre da Expedição Calleri”. Tese (Doutorado em Comunicação) – Faculdade de Comunicação, Universidade de Brasília, Distrito Federal, 2013.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do Pensamento Abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 78, p. 3-46, 2007.
TODOROV, Tzvetan. A conquista da América: a questão do outro. Tradução de Beatriz Perrone-Moisés. 5. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2019. (Col. Biblioteca do Pensamento Moderno).
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Allison Leão, Mestranda, Márcio Páscoa
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A revista Opiniães não exerce cobrança pelas contribuições recebidas, garantindo o compartilhamento universal de suas publicações. Os autores mantêm os direitos autorais sobre os textos originais e inéditos que disponibilizarem e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.