Entre formigas e cigarras: manifestações do trabalho e a forma do romance urbano em Caminhos cruzados, de Erico Verissimo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2023.206731Palavras-chave:
Caminhos cruzados, Erico Verissimo, Trabalho, Romance urbano, Geração de 30Resumo
Este artigo visa focalizar o trabalho como aspecto essencial do romance Caminhos cruzados (1935), de Erico Verissimo. As relações trabalhistas atuam tanto como temática, evidente no primeiro plano da obra, quanto como elemento formal unificador da narrativa. Em termos estéticos, as relações de trabalho e suas tensões amarram os personagens da trama em uma intrincada teia, representativa dos estratos sociais presentes na Porto Alegre em ascensão urbana. Com isso, buscamos também analisar os papéis sociais da pequena burguesia e de seus dependentes da classe trabalhadora dentro do cenário urbano, intrínseco à realidade de uma jovem nação periférica. Para isso, empregamos a fortuna crítica sobre Erico Verissimo, além dos numerosos depoimentos do autor acerca de seu projeto literário. Buscamos também comparar Caminhos cruzados a outras obras do período, como Parque Industrial (1932), de Patrícia Galvão e os romances norte-americanos, admirados pelo autor por se concentrarem nos problemas de seu local e tempo histórico. Nossa análise pretende, a partir da leitura cerrada de trechos, evidenciar a alienação e as irreconciliáveis relações de classe e trabalho presentes no livro, em constante tensão com a tentativa de unificação do romance e com os caminhos que insistem em se cruzar.
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