Dois corações simples: uma leitura de Mário de Andrade e Jean Paul
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2023.207151Palavras-chave:
Mário de Andrade, Jean Paul, Modernismo brasileiro, IdílioResumo
Ao chamar de “idílio” sua obra Amar, verbo intransitivo (1927), Mário de Andrade propôs um enigma para leitores e críticos a respeito do significado do termo e suas consequências para o texto. Tendo em vista as inúmeras referências à literatura e à cultura clássica alemãs e seu caráter estruturante dentro da narrativa, é possível analisar a hipótese de que Andrade se valia da definição de Jean Paul (1763-1825) para o idílio, tal como apresentada em sua Vorschule der Ästhetik (1804) e em Leben des vergnügten Schulmeisterlein Maria Wutz in Auental (1793), outra narrativa sobre um professor denominada “idílio”. Desse modo, tanto Fräulein Elza quanto Maria Wutz seriam protagonistas de um romance lírico que retrata um estado de plenitude, percebido apenas em função da distância tomada por um narrador capaz de descrever os limites externos de sua existência.
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