Som-Fôrma: Morton Feldman e uma trajetória do espaço gráfico
DOI:
https://doi.org/10.11606/rm.v23i2.217949Palavras-chave:
Morton Feldman, John Cage, Escrita Musical, Material Musical, Forma MusicalResumo
O objetivo deste artigo é demonstrar o uso da notação musical no período tardio do compositor Morton Feldman. De modo paradoxal, por meio de recursos típicos do plano gráfico - repetições, permutações, parametrizações, transcrições e serializações, o compositor articula como elemento resultante as qualidades inerentes dos materiais sonoros, sem necessariamente ter por matéria composicional aspectos da música espectral e da acusmática. Apoiando-se centralmente em DUFOURT (1997), o presente texto busca traçar uma resumida trajetória da influência do desenvolvimento notacional - sobretudo desde a Ars Nova - na música ocidental escrita, em especial para o paradigma serial, e como este, juntamente à obra de John Cage, cristalizaram o horizonte de problemas de Morton Feldman.
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