A ilha como maquete ficcional: colonialismo e miscigenção em Utopia, de Thomas More

Autores

  • José Roberto Araujo de Godoy Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.11606/va.i1.199514

Palavras-chave:

colonialismo, modernidade, colonialidade, Utopia

Resumo

Este artigo se propõe a ler Utopia (1516), de Thomas More, como uma chave de análise das conexões intrínsecas entre a modernidade europeia e um conjunto de práticas produzidas pelo processo colonial. Nesse sentido, nosso objetivo principal é discutir de que modo o discurso ficcional pode servir a nós, leitores contemporâneos, como ferramenta didática para visualizar em territórios gestados pelo processo colonial a persistência de seus mecanismos. Fazer da ficção um campo de exploração e de resposta a esse processo significaria reivindicar a topologia do utópico, fazer deste uma espécie de maquete ficcional das sociedades constituídas pelo colonialismo, antecipando ou refletindo as alterações espaciais que a modernidade impõe.

 

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Biografia do Autor

  • José Roberto Araujo de Godoy, Universidade Estadual de Campinas

     José Godoy é escritor e crítico literário. Doutor em Letras pela PUC-Rio, seu trabalho discute as imbricações entre política e estética em espaços coloniais. É autor de três coletâneas de poemas, e contribui com alguns dos principais veículos do país, como os jornais "O Globo" e "Valor", e a rádio CBN, da qual é crítico literário. 

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Publicado

2024-04-30

Edição

Seção

Dossiê 44: Colonialismo/orientalismo: figuras e figurações do Império em narrati

Como Citar

GODOY, José Roberto Araujo de. A ilha como maquete ficcional: colonialismo e miscigenção em Utopia, de Thomas More. Via Atlântica, São Paulo, v. 25, n. 1, p. 506–536, 2024. DOI: 10.11606/va.i1.199514. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/viaatlantica/article/view/199514.. Acesso em: 11 dez. 2024.