A ilha como maquete ficcional: colonialismo e miscigenção em Utopia, de Thomas More
DOI:
https://doi.org/10.11606/va.i1.199514Palavras-chave:
colonialismo, modernidade, colonialidade, UtopiaResumo
Este artigo se propõe a ler Utopia (1516), de Thomas More, como uma chave de análise das conexões intrínsecas entre a modernidade europeia e um conjunto de práticas produzidas pelo processo colonial. Nesse sentido, nosso objetivo principal é discutir de que modo o discurso ficcional pode servir a nós, leitores contemporâneos, como ferramenta didática para visualizar em territórios gestados pelo processo colonial a persistência de seus mecanismos. Fazer da ficção um campo de exploração e de resposta a esse processo significaria reivindicar a topologia do utópico, fazer deste uma espécie de maquete ficcional das sociedades constituídas pelo colonialismo, antecipando ou refletindo as alterações espaciais que a modernidade impõe.
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