Presente etnográfico e “presente museográfico”
o caso do Museu do Futebol visto por um antropólogo urbano
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v28i1p249-272Palavras-chave:
Antropologia, Museu, Futebol, Memória outra, Antropologia urbana, Antropologia das práticas esportivasResumo
Este artigo articula sugestões de método, formuladas a partir do acúmulo de experiências etnográficas há décadas no âmbito das práticas torcedoras, com os trabalhos mais recentes de Daniela do Amaral Alfonsi, diretora técnica do Museu do Futebol, que defendeu tese de doutorado no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da USP, ocasião na qual participei como um dos avaliadores. Da noção de pessoa antropológica em contexto urbano, discutida na primeira parte do artigo, extraio a noção de "memória outra". Na segunda parte estabeleço interlocução com a tese a partir da arguição que foi escrita para a ocasião da defesa. Entre outras coisas, Alfonsi aborda o lugar do Museu do Futebol no contexto de experiências museológicas que tematizam esportes e da minha parte estabeleço um diálogo com sua pesquisa e em parte com a condição profissional vivenciada “de perto e de dentro” pela antropóloga museóloga. A discussão sobre o Museu do Futebol no cenário da museologia se oferece criticamente em relação à concepção de que museus seriam centros indutores de memória na invenção daquilo que adapto aqui por “presente museográfico”, em franca analogia às implicações inquietantes contidas na expressão “presente etnográfico”. Museu sem acervo permanente, portanto desprovido de uma “coleção”, de relíquias ou memorabilia, essa instituição e a prática museológica ali implementada colocam várias questões pertinentes tanto para antropólogos quanto para aqueles que pensam o papel político que uma instituição desse caráter desempenha na contemporaneidade. Museologia aparecerá menos como um campo de saber autônomo, pois pretendo com esse exercício de reescrita da arguição (“etnografia parcial” do ritual de defesa) discutir jogos de classificação presentes tanto no estatuto epistemológico fundante do pensamento antropológico quanto na atuação política de museólogos. Assim, espero por fim alcançar a discussão sobre os desafios de levar torcedores ao museu como parte das metaforizações que definem o lugar do futebol na Cultura, bem como discutir tal fruição como objeto antropológico, e por último problematizar a produção da pessoa de museólogo e antropólogo implicados em questões de memória e identidades ao trabalharem temas menos ambientados na museologia.
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Atesto o ineditismo do trabalho enviado.