O percurso de um morto: literatura e violência em Adiós Ayacucho, de Julio Ortega

Autores

  • Meritxell Hernando Marsal Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-9651.v1i9p344-361

Palavras-chave:

narrativa peruana, guerra interna no Peru, farsa, direitos civis

Resumo

Surgido de uma fotografia publicada em uma revista, um corpo despedaçado adquire a sobrevida da linguagem. Trata-se de um corpo ilegível, que só na morte pode falar, com uma enunciação paródica que evade as cumplicidades da representação que marcam o discurso da guerra interna no Peru. É um fantoche que enfrenta o irrepresentável da violência, e constrói seu itinerário como um embate com os discursos do poder, que incluem a antropologia, a mídia, a política (a literatura e a crítica também ficam comprometidas na ubiquidade do discurso intelectual como forma de dominação), e promulgam o esquecimento como solução para o desenvolvimento. Nova Antígona, este cadáver reclama pelos seus membros desaparecidos: nas valas, nas memórias e no senso comum. Neste cenário, o além inverte seus ministros e regiões, e adquire um sentido civil,  de invenção do presente e da comunidade. 

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Meritxell Hernando Marsal, Universidade Federal de Santa Catarina

    Professora da Universidade Federal de Santa Catarina, doutora em Letras pela Universidade de São Paulo. Seus estudos focalizam a narrativa latino-americana dos séculos XX e XXI, o discurso crítico latino-americano, a literatura andina e a colonialidade. 

Referências

Adorno, Rolena. Guaman Poma. Writing and resistance in Colonial Peru. Austin: University of Texas Press, 2000.

Arguedas, José María. “Mitos quéchuas poshispánicos”. In: Formación de una cultura nacional indoamericana. México: Siglo XXI, 1989.

Badiou, Alain. Justicia, filosofia y literatura. Rosario: Homo Sapiens, 2007.

Benjamin, Walter. “Sobre o conceito da história”. In: O anjo da história. Tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.

Cornejo Polar, Antonio. “El indigenismo y las literaturas heterogéneas. Su doble estatuto sociocultural”. In: Sobre literatura y crítica latinoamericanas. Caracas: Universidad Central de Venezuela, 1982.

Dameane, Carla. A encenação do sujeito e da cosmogonia andinos no teatro peruano. Texto inédito a ser publicado brevemente pela UFMG.

López-Baralt, Mercedes. Para decir al Otro. Literatura y Antropología en nuestra América. Madrid/Frankfurt am Main: Iberoamericana/Vervuert, 2005.

Ortega, Julio. Adiós Ayacucho. Lima: Fondo Editorial UNMSM; Yuyachkani, 2008.

Rivera Cusicanqui, Silvia. Ch’ixinakax utxiwa: una reflexión sobre prácticas y discursos descolonizadores. Buenos Aires: Tinta Limón, 2010.

__________. “Mito, olvido y trauma colonial. Formas elementales de resistencia cultural en la región andina de Bolivia”. In: La biblioteca 12, 2012, 388-401.

Roas, David. A ameaça do fantástico. São Paulo: UNESP, 2014.

Roncagliolo, Santiago. Abril Rojo. Lima: Alfaguara, 2006.

Spivak, Gayatri Ch. “Tradução como cultura”. In: Ilha do desterro 48, 2005, 41-64.

Ubilluz, Juan Carlos; Hibbett, Alexandra; Vich, Víctor. Contra el sueño de los justos: la literatura peruana ante la violencia política. Lima: IEP, 2009.

Downloads

Publicado

2015-11-13

Como Citar

MARSAL, Meritxell Hernando. O percurso de um morto: literatura e violência em Adiós Ayacucho, de Julio Ortega. Caracol, São Paulo, Brasil, v. 1, n. 9, p. 344–361, 2015. DOI: 10.11606/issn.2317-9651.v1i9p344-361. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/caracol/article/view/88344.. Acesso em: 8 out. 2024.