De heróis e de mártires: visões de mundo e acidente de trabalho no setor de rochas ornamentais
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v10i1p37-53Palavras-chave:
Acidente de trabalho, Saúde do trabalhador, Trabalho no setor de rochas, Memória e culturaResumo
O artigo analisa a construção social de trabalhadores e de proprietários de terras que migram da posição de rurais para a de trabalhadores industriais e empresários, nos primórdios do processo de extração e beneficiamento de mármore e granito na região sul do Espírito Santo. Trata-se de atividade perigosa que resultou em elevada taxa de acidentes fatais e mutilações. Objetiva investigar a possibilidade de a tolerância social aos acidentes estar ancorada em aspectos culturais, por valores compartilhados, que tornam o acidente “passível de ser sofrido”. Utiliza o recurso metodológico das histórias de vida de trabalhadores aposentados e empresários idosos, reconstruindo os “modos de andar a vida” a partir da memória. O trabalho, bruto e rude, exigia provas de saúde e virilidade; a técnica era a de ensaio e erro. Os trabalhadores sentiam-se “heróis” por conseguirem suportar o cotidiano penoso do trabalho, sentiam orgulho por terem saído da roça e serem “de indústria”. A noção de “homem honrado” era o de bom trabalhador e de provedor da família. Perder o emprego significaria a perda da sobrevivência material e simbólica: a morte em vida. Sem outras oportunidades, os “heróis” tornaram-se “mártires”, dados as mortes e os sofrimentos causados pelo trabalho.Downloads
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