A crise de veridicção e o neofantástico: o real a partir de Franz Kafka
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2020.162984Palavras-chave:
Franz Kafka, Neofantástico, Real, Veridicção, ConcessãoResumo
Este artigo tem o objetivo de investigar a concepção de real que está implicada na reflexão feita pelos teóricos do (neo)fantástico, já que é o modo como se concebe a realidade que estabelece o que é fantástico ou não. É a partir dessa relação movediça entre o “real” e o “imaginário” que o impacto gerado pela obra de Franz Kafka no século XX serve como ponto fundamental para que teóricos como Jaime Alazraki e David Roas postulem um neofantástico. Em termos semióticos, a reflexão desses autores está ligada à crise de veridicção a que aludem Greimas (2014) e Fiorin (2008) e indicia que o real, a partir dos escritos de Kafka, e em confluência com outros acontecimentos do mencionado século, passa a ser visto de modo concessivo (paradoxal). Será a partir desses pontos que, por fim, faremos uma análise do conto “A preocupação do pai de família”, a bem de ilustrarmos essas questões em um texto específico do escritor tcheco.
Downloads
Referências
ALAZRAKI, Jaime. Qué es lo neofantastico? Mester, EUA, v. 19, n. 2, p. 21-35, 1990. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/ejemplar/3508. Acesso em: 11/07/2017.
ANDERS, Günther. O aquém enquanto além. In: ANDERS, Günther. Kafka: pró e contra. São Paulo: CosacNaify, 2007, p. 15-54.
BESSIÈRE, Irène. O relato fantástico: forma mista do caso e da adivinha. Revista FronteiraZ, São Paulo, n. 9, p. 305-319, dezembro de 2012.
BRADBURY, Malcolm. Franz Kafka. In: BRADBURY, Malcolm. O mundo moderno: dez grandes escritores. Trad. Paulo Henriques Britto. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 215-234.
CAMUS, Albert. A esperança e o absurdo na obra de Franz Kafka. In: CAMUS, Albert. O Mito de Sísifo. 6. ed. Trad. Ari Roitman e Paulina Watch. São Paulo: Record, 2008, p. 143-158.
DOURADO, Autran. Uma poética de romance: matéria de carpintaria. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
FIORIN, José Luiz. A crise de representação e o contrato de veridicção no romance. Revista do GEL, São José do Rio Preto, v. 5, n. 1, p. 197-218. Disponível em: https://revistas.gel.org.br/rg/article/view/142/122. Acesso em: 05/10/2019.
GREIMAS, Algirdas Julien. O contrato de veridicção. In: Sobre o sentido II. Trad. Dilson Ferreira da Cruz. São Paulo: Nankin: Edusp: 2014, p. 115-126.
GREIMAS, Algirdas Julien; COURTÉS, Joseph. Dicionário de semiótica. Trad. Alceu Dias Lima et al. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2012.
GREIMAS, Algirdas Julien; FONTANILLE, Jacques. Semiótica das Paixões: dos estados de coisa aos estados de alma. Trad. Maria José Rodrigues Coracini. São Paulo: Ática, 1993.
HOUAISS, Antonio; VILLAR, Mauro Salles de. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
KAFKA, Franz. A preocupação do pai de família. In: Um médico rural: pequenas narrativas. Trad. Modesto Carone. 3 ed. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1994, p.41-42.
KAFKA, Franz. O processo. Trad. Modesto Carone. 13 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
KUJAWSKI, Gilberto de Mello. A crise do século XX. São Paulo: Ática, 1988.
ROAS, David. A ameaça do fantástico: aproximações teóricas. Trad. Julián Fuks. São Paulo: Unesp, 2014.
SCHWARZ, Roberto. Atribulação de um pai de família. In: O pai de família e outros estudos. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 22-28.
WILLEMIN, Patrícia. O fantástico e os discursos do saber. Trad. Maria Borges-Osório e Maria Lúcia Meregalli. Revista Organon, Porto Alegre, v. 19, n. 38-39, p. 37-49, 2005.
ZILBERBERG, Claude. Elementos de Semiótica Tensiva. Trad. Ivã Carlos Lopes, Luiz Tatit e Waldir Beividas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2011.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Gustavo Maciel de Oliveira

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Os trabalhos publicados na revista Estudos Semióticos estão disponíveis sob Licença Creative Commons CC BY-NC-SA 4.0, a qual permite compartilhamento dos conteúdos publicados, desde que difundidos sem alteração ou adaptação e sem fins comerciais.