Entre o grafismo e a sintaxe: considerações sobre as operações semióticas da escrita na poesia concreta brasileira
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2020.172393Palavras-chave:
Escrita, Poesia concreta, Semiótica do discursoResumo
O presente trabalho tem como objetivo a descrição do modo de agenciamento discursivo inscrito em um poema concreto a partir da hipótese de que ele manifesta o que podemos chamar de uma poética da escrita. Assim, tecemos algumas considerações sobre o estatuto semiótico da escrita a fim de compreender como suas formas plásticas podem ser mobilizadas para constituição de sentido em um poema. Em seguida, procuramos identificar a especificidade da escrita concreta a partir da comparação do poema “pluvial/fluvial”, de Augusto de Campos, com um caligrama de Apollinaire, de modo a descrever as diferentes estratégias discursivas empregadas por cada enunciador para colocar em relação a expressão plástica da escrita e os conteúdos dos poemas. A partir da análise podemos afirmar que o poema concreto desloca a ênfase fonológica do sistema alfabético ocidental para uma dimensão gramatológica (Klock-Fontanille, 2016). Essa prática se diferencia de outras experimentações poéticas com a escrita por dar ênfase ao caráter sintático das formas plásticas em relação ao discurso verbal, bem como por atribuir objetivação à linguagem poética.
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