A questão da marcação linguística da não binariedade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.203775

Palavras-chave:

Gênero gramatical, Neutro, Concordância nominal, Referência pronominal, Flexão

Resumo

Depois de apresentar as condições histórico-sociais que estão na base da reivindicação de uma linguagem neutra, isto é, que não dê a entender que o mundo se organiza apenas em masculino e feminino e, por isso, expressa um gênero neutro ao lado dos gêneros já existentes na língua, este trabalho expõe o que é gênero gramatical e como ele se organiza e se manifesta em indo-europeu, em latim, em português e em inglês. Em seguida, mostra a simplicidade da criação de uma linguagem neutra em inglês e a complexidade para fazê-lo em português, pois, naquela língua, o gênero é marcado apenas pela referência pronominal na terceira pessoa do singular dos pronomes pessoais e possessivos, enquanto, nesta, o gênero é assinalado pela referência pronominal, pela concordância nominal e pela flexão de gênero. Essa mudança, apesar de complexa, pode ser feita e não vai acabar com o português, mas, ao contrário, vai mostrar sua força e sua potência de, como toda língua, acolher nele as transformações sociais.

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Biografia do Autor

  • José Luiz Fiorin, Universidade de São Paulo

    Professor Associado (aposentado) do Departamento de Linguística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). São Paulo, Brasil.

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Publicado

2022-12-15

Como Citar

A questão da marcação linguística da não binariedade. (2022). Estudos Semióticos, 18(3), 1-14. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.203775