Estudo do preenchimento do sujeito de terceira pessoa em falantes nativos e não-nativos de Português do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v0i4p199-219Palavras-chave:
Português do Brasil. Preenchimento do sujeito. Sujeito nulo. Português como língua estrangeira.Resumo
Este trabalho faz um levantamento do preenchimento pronominal do sujeito de terceira pessoa no português brasileiro em narrativas orais e escritas de estudantes do ensino fundamental e médio. Também são comparadas as produções de falantes nativos àquelas de falantes não-nativos (alemães que têm o português como segunda língua). Para a realização deste trabalho 14 alunos (7 nativos e 7 não-nativos) assistiram a um vídeo e narraram a estória do filme oralmente e por escrito. A observação do material mostra que o preenchimento pronominal é a opção mais utilizada nos quatro grupos: não-nativos escrito (100%) > não-nativos oral (83%) > nativos oral (81%) > nativos escrito (59%). Quanto aos falantes não-nativos, o levantamento dos dados foi ao encontro do que se supunha antes da elaboração do trabalho, ou seja, de que o preenchimento pronominal é a opção mais utilizada e, sobretudo, na língua escrita. A obrigatoriedade do preenchimento do sujeito no alemão, língua materna dos informantes, parece estar influenciando sua utilização do português como língua estrangeira. Em relação aos falantes nativos os altos índices de preenchimento na oralidade, bem como os valores significativos verificados na escrita, parecem confirmar a hipótese levantada por Duarte (1993, 2000) de que o português do Brasil estaria alterando o seu sistema linguístico de uma marcação positiva para uma marcação negativa do parâmtero pro-drop. Por fim, foi elaborada uma nova possibilidade de análise, considerando-se que na terceira pessoa, diferentemente da primeira e da segunda, o sujeito nulo não corresponde diretamente ao pronome nulo. Se assim se considerar, estará se ignorando a existência da possibilidade de preenchimento nominal. A reanálise do corpus, considerando portanto o sujeito nulo como a possibilidade de apagamento tanto do pronome como de uma referência nominal, sugere que as verdadeiras porcentagens de sujeitos preenchidos na terceira pessoa são mais semelhantes do que se imaginava àquelas verificadas para a primeira e segunda pessoas. Isso pode ser interpretado como um indício de que a mudança do português do Brasil para uma língua de preenchimento obrigatório do sujeito se encontra em um estágio mais avançado do que se supunha.Downloads
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Publicado
2001-08-02
Edição
Seção
Artigos
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Como Citar
Estudo do preenchimento do sujeito de terceira pessoa em falantes nativos e não-nativos de Português do Brasil. (2001). Filologia E Linguística Portuguesa, 4, 199-219. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v0i4p199-219