A língua italiana e a escola como espaços simbólicos de disputa no início do sec. XX: implicações políticas, sociais e culturais

Autores

  • Deise Cristina de Lima Picanço Universidade Federal do Paraná
  • Maria Inês Carvalho Correia Universidade Federal do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2238-8281.v0i35p5-14

Palavras-chave:

Língua italiana, Discurso e educação, Ideologia, História do Brasil

Resumo

Este artigo tem como objetivo refletir, sob o viés histórico, sobre a presença ausente da(s) língua(s) e cultura(s) italiana(s) no currículo de ensino médio em Curitiba, mais especificamente no Colégio Estadual do Paraná no início do século XX. Como tratar de cultura e linguagem é tratar do sujeito sociológico e historicamente situado, sempre em movimento, na relação com o outro, destacamos nessa reflexão três pontos que acreditamos estejam relacionados com a questão da língua, a saber: a) a divergência entre os sujeitos imigrantes italianos social e historicamente situados; b) a ideologia do branqueamento do Brasil por parte da elite brasileira; e c) a ausência de tradição da língua italiana falada standard nesse período. Para essa reflexão, tomam-se como base as ideias do Círculo de Bakhtin sobre linguagem indissociada de sujeito híbrido e a noção de diferença cultural que ocorre na enunciação, conforme definida por Bhabha (2013).

Biografia do Autor

Deise Cristina de Lima Picanço, Universidade Federal do Paraná

Doutora em Letras pela UFPR, professora do Setor de Educação e do Programa de Pós-graduação em Educação da UFPR. Autora de artigos sobre o ensino de línguas estrangeiras, sobre o discurso sobre as línguas estrangeiras na mídia. Autora do livro “História, memória e ensino de Espanhol: 1992-1990”, Editora UFPR, 2003.

Maria Inês Carvalho Correia, Universidade Federal do Paraná

Mestre em Educação pela UFPR e professora de Língua e Cultura Italiana, autora de artigos sobre a interculturalidade no ensino da língua italiana.

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Publicado

2017-12-22

Como Citar

Picanço, D. C. de L., & Correia, M. I. C. (2017). A língua italiana e a escola como espaços simbólicos de disputa no início do sec. XX: implicações políticas, sociais e culturais. Revista De Italianística, (35), 5-14. https://doi.org/10.11606/issn.2238-8281.v0i35p5-14

Edição

Seção

Artigos