Sua vida com Benito traduzida: banalização do fascismo e recepção no Brasil das memórias de Raquel Mussolini
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-8281.i46p31-52Palavras-chave:
Raquel Mussolini, fascismo, Editora IPÊResumo
Em 15 de fevereiro de 1949 o suplemento literário Autores e Livros, do jornal A manhã do Rio de Janeiro, publicou uma longa resenha da tradução das memórias de Raquel Mussolini, intitulada Minha vida com Benito, publicada em 1948 pela editora Instituto Progresso Editorial (IPÊ), integrando a Coleção Meridiano, que propunha uma seleção de livros para a formação de uma biblioteca de documentos históricos. Esta coleção traz ainda obras como a de Carmine Senise, chefe da polícia de Mussolini; as memórias Dino Alfieri, embaixador italiano na Alemanha que organizou o encontro entre Hitler e Mussolini; entre outros. Neste artigo pretendemos discutir a relação entre essa escolha tradutória e suas possíveis ligações entre a comunidade italiana no Estado de São Paulo e o fascismo, na Itália e no Brasil. Para isso explicitamos as revisões da figura de Benito Mussolini e as banalizações do fascismo no léxico e na semântica desses textos dos primeiro anos do pós Segunda Guerra, dando atenção especial à construção do Benito “pai de família” e das atenuações dos crimes fascistas nas memórias de Raquel Mussolini. O intuito é de trazer à tona os possíveis objetivos – mercadológicos, ideológicos e pessoais – dos editores do IPÊ, principalmente dos dissidentes do regime fascista exilados no Brasil: Francesco Malgeri e Luigi Federzoni.
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