As palavras do opositor político: o ‘discurso representado’ como expressão da opinião

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v36i2p106-123

Palavras-chave:

Sociolinguística, Subjetividade, Ponto de Vista, Ideologia, Manipulação

Resumo

Este trabalho tem como objetivo analisar como o locutor político recorre à citação de palavras do opositor para transmitir a própria ideologia. Para tal, o locutor manifesta a sua subjetividade através de vários recursos linguísticos. O nosso quadro teórico apoia-se em conceitos enunciativos como “discurso representado” (Rabatel, 2003) e “Ponto De Vista” (Rabatel, 1998). Os aspectos ideológicos são abordados de acordo com a proposta sociolinguística de Thompson (1990) sobre os modos de operação da ideologia. A metodologia centra-se na análise linguística de excertos retirados de três discursos políticos proferidos na ONU. Assim, o objetivo do estudo é caracterizar a inscrição linguística da subjetividade presente na amostra. Com base nos resultados, demonstramos como a citação permite ao locutor introduzir dois pontos de vista contraditórios, assumindo um certo grau de responsabilidade perante as palavras convocadas através de “verbos de processo mental” (Rabatel, 2003), que veiculam opiniões e emoções.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Patrícia Domínguez, Universidade NOVA de Lisboa

    Doutoranda em Linguística pela Universidade NOVA de Lisboa (Portugal).

Referências

ALMEIDA, M.; EMYGDIO, J. Uma investigação teórica sobre relações semânticas partitivas e sua aplicação em sistemas de organização do conhecimento. Informação & Informação, v. 24, n. 2, p. 31-37, 2019. DOI: https://doi.org/10.5433/1981-8920.2019v24n2p31.

AMOSSY, R. (2008), Dimension rationnelle et dimension affective de l’ethos. In: RINN, M. Émotions et discours: L'usage des passions dans la langue. Rennes: Presses universitaires de Rennes, 2008, p. 113-125. Disponível em: http://books.openedition.org/pur/30428. Acesso em: 08 set. 2022.

AMOSSY, R. La présentation de soi. Paris: Presses Universitaires de France, 2010. DOI: https://doi.org/10.3917/puf.amoss.2010.01

AMOSSY, R. Les dessous de l’argumentation dans le débat politique télévisé. Littérature, n. 93, p. 31–47, 1994. DOI: https://doi.org/10.3406/litt.1994.2315.

AUSTIN, J. L. How to do Things with Words. Londres: Oxford University Press, 1955/1962.

AUTHIER-REVUZ, J. Hétérogénéité montrée et hétérogénéité constitutive: éléments pour une approche de l'autre dans le discours. Documentation et recherche en linguistique allemande contemporain - Vincennes, n. 26. Parole multiple. Aspect rhétorique, logique, énonciatif et dialogique, p. 91-151, 1982.

BAKHTINE, M.; VOLOCHINOV, V. N. Le marxisme et la philosopie du langage: essai d’application de la méthode sociologique en linguistique. Tradução do russo de Marina Yaguello. Paris: Les Éditions de Minuit, 1929/1977.

BENVENISTE, E. Problemas de lingüística general I. Madrid e México: Ed. Siglo XXI, 1966/1997.

BOURDIEU, P. et al. O poder simbólico. Vol. 6. Lisboa: Difel, 1989.

CHARAUDEAU, P. Langage et Discours - Eléments de sémiolinguistique. Paris: Hachette, 1983.

CHARAUDEAU, P. Le discours politique. Les masques du pouvoir. Paris: Vuibert, 2005.

CHARAUDEAU, P. Pathos et discours politique. In: CHARAUDEAU, P. Émotions et discours: L'usage des passions dans la langue. Rennes: Ed. Presses universitaires de Rennes, 2008, p. 49-58.

CHARAUDEAU, P. Pour une interdisciplinarité «focalisée» dans les sciences humaines et sociales. Questions de communication, n. 17, p. 195-222, 2010. DOI: https://doi.org/10.4000/questionsdecommunication.385.

DUCROT, O. Le dire et le dit. Paris: Ed. De Minuit, 1984.

DUCROT, O. Polifonía y argumentación. Cali: Ed. Universidad del Valle, 1988.

ERRINGTON, J. J. 12 - On the Nature of the Sociolinguistic Sign: Describing the Javanese Speech Levels. Semiotic Mediation Sociocultural and Psychological Perspectives, 1985, p. 287-310. DOI: https://doi.org/10.1016/B978-0-12-491280-9.50018-2.

GENETTE, G. Palimpsestes: la littérature au second degré. Paris: Ed. Seuil, 1982.

KRISTEVA, J. Seméiotikè. Recherche pour une sémanalyse. Paris: Ed. Seuil, 1969.

LUNDQUIST, L. L’analyse textuelle - méthode, exercices. Paris: CEDIC, 1990.

LUNDQUIST, L. La cohérence textuelle révisée: une étude pragmatique. Folia Linguistica XXV/1-2. Societas Linguistica Europaea. Berlim: Mouton/de Gruyer, 0165, 1991.

LUNDQUIST, L. La cohérence textuelle. Syntaxe, Sémantique, Pragmatique. Copenhaga: Busk, 1980.

MAINGUENEAU, D. Aphorisation et cadrage interprétatif. Redis: revista de estudos do discurso, n. 2, p. 100-116, 2013. Disponível em: https://ojs.letras.up.pt/index.php/re/article/view/3588. Acesso em: 08 set. 2022.

MAINGUENEAU, D. Genèses du discourse. 2.ed., Bruxelas: Pierre Mardaga, 1984.

MAINGUENEAU, D. Hyperénonciateur et «particitation». Langages, n. 156, p. 111-126, 2004. DOI: https://doi.org/10.3917/lang.156.0111.

MAINGUENEAU, D. Le discours politique et son «environnement». Mots. Les langages du politique, n. 94, p. 85-90, 2010. DOI: https://doi.org/10.4000/mots.19868.

MAINGUENEAU, D. Nouvelles tendances en analyse du discours. Paris: Hachette, 1987.

NUYTS, J. Subjectivity in modality, and beyond. In: ZUCZKOWSKI, A.; BONGELLI, R.; RICCIONI, I.; CANESTRARI, C. (Eds.). Communicating certainty and uncertainty in medical, supportive and scientific contexts. Amsterdão: Benjamins, 2014, p. 13-30.

NUYTS, J. The modal confusion: On terminology and the concepts behind it. In: KLINGE, A.; MÜLLER, H. (Eds.). Modality: Studies in form and function. Londres: Equinox, 2005, p. 5-38.

PITA, S.; PINTO, R. Construção dos Ethè em discursos políticos em Portugal e no Brasil: um estudo comparativo. Redis: Revista de Estudos do discurso, v. 3, 2014. Disponível em: https://ojs.letras.up.pt/index.php/re/article/view/3579. Acesso em: 08 set. 2022.

RABATEL, A. La construction textuelle du point de vue. Sciences des discours. Laussane-Paris: Ed. Delachaux & Niestlé S.A, 1998.

RABATEL, A. Les verbes de perception en contexte d'effacement énonciatif: du point de vue représenté aux discours représentés. Travaux de linguistique, v. 1, n. 1, p. 49-88, 2003. DOI: https://doi.org/10.3917/tl.046.0049.

RABATEL, A.; LEPOIRE, S. Le dialogisme des discours représentés et des points de vue dans les explications, entre concordance et discordance. Cahiers de praxématique, n. 45, p. 51-76, 2005. DOI: https://doi.org/10.4000/praxematique.130

RICOEUR, P. Ideology and Utopia as Cultural Imagination. Philosophic Exchange, v. 7, n. 1, artigo 5, 1976.

SEARLE. J. A Classification of Illocutionary Acts. Language in Society, v. 5, n. 1, p. 1–23, 1976.

SILVERSTEIN, M. Language structure and linguistic ideology. In: CLYNE, P. R.; W. F. HANKS, W. F.; HOFBAUER, C. L. (Eds.). The elements: A parasession on linguistic units and levels. Chicago: Chicago Linguistic Society, 1979, p. 193-247.

THOMPSON, J. Ideology and Modern Culture: Critical Social Theory in the Era of Mass Communication. EUA e Grã-Bretanha: Polity Press & Blackwell Publishers Ltd, 1990.

VION, R. Modalités, modalisations et discours représentés. Langages, n. 156, p. 96-110, 2004. DOI: https://doi.org/10.3917/lang.156.0096.

WHORF, B. L. Language, thought, and reality: selected writings. Cambridge: Technology Press of Massachusetts Institute of Technology, 1956.

Downloads

Publicado

2023-08-08

Como Citar

DOMÍNGUEZ, Patrícia. As palavras do opositor político: o ‘discurso representado’ como expressão da opinião. Linha D’Água, São Paulo, v. 36, n. 2, p. 106–123, 2023. DOI: 10.11606/issn.2236-4242.v36i2p106-123. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/linhadagua/article/view/204771.. Acesso em: 9 maio. 2024.