Dossiê Teorias da Cena em Perspectivas do Sul

2023-09-01

Chamada para submissão (vol. 23, n.1)

Submissões até 29 de outubro de 2023

Editores: Corpo editorial da Sala Preta em colaboração com Gina Monge Aguilar (UNICAMP) e Stênio Soares (UFBA)

 

Reconhecendo a urgência em sistematizar e partilhar, cada vez mais, paradigmas que pensem as especificidades do que criamos a partir dos nossos discursos e éticas próprias, a Revista Sala Preta propõe o dossiê Teorias da Cena em Perspectivas do Sul. Para este dossiê, contamos com a colaboração de dois editores convidados, cujas presenças se fazem valiosas para o aprofundamento da abordagem conduzida sobre o seu tema: Gina Monge Aguilar , da Universidade Estadual de Campinas, e Stênio Soares, da Universidade Federal da Bahia. Submissões de textos, nos vários formatos publicados pela Sala Preta, serão recebidas até 29 de outubro

 

As teorias que cercam os fenômenos das linguagens da cena, da presença, do movimento, nas suas diferentes manifestações, são tradicional e fortemente tecidas ou centradas por perspectivas euro-estadunidenses. Por sua vez, vivenciamos a emergência da contestação das estruturas coloniais e capitalistas, com suas explorações de raça e gênero (Gonzales, 2020; hooks, 2020; Lugones, 2020), que moldam as genealogias, referências, paradigmas e estéticas dos estudos que cercam as nossas criações – e afetam, ainda, muito das nossas subjetividades. Evocamos o sul enquanto perspectiva capaz de fomentar as abordagens crítico-teóricas que herdamos, de modo a questionar suas reproduções e os processos de subalternização e racialização aos quais somos submetidas, submetidos e submetides. Portanto, enfatizamos que o sul não se restringe meramente à nossa localização geográfica, mas à violência epistêmica produzida pelo colonialismo e replicada pelo capitalismo. Neste dossiê propomos, assim, tomar o sul como ponto de orientação, e “sulear” (Freire, 1992) as teorias produzidas sobre, para e a partir das criações que cercam os fenômenos das linguagens da cena, da presença, do movimento, de modo a reivindicar paradigmas, histórias e genealogias (entre outros), suprimidas ou não contadas em decorrência da supremacia de um determinado pensamento. O presente dossiê busca constituir uma revisão crítico-epistemológica das teorias da cena de modo a evidenciar a diversidade de saberes que constituem modos de pensar, refletir e criar. 

 

Os tópicos apresentados a seguir apontam abordagens possíveis para o tema, sem prejuízos de outras formulações:

  • Abordagens críticas das teorias descoloniais/decoloniais, pós e contracoloniais para a cena;
  • As noções de interdisciplinaridade e encruzilhada em relação à produção de pensamento para, a partir e sobre a cena;
  • Cena e estudos africanos;
  • Teorias feministas decoloniais para a cena;
  • Conhecimento corporificado/localizado/encarnado na produção de pensamento artístico;
  • Os saberes indígenas e suas manifestações;
  • Modos de ensino e aprendizagem;
  • Estudos da performance em perspectivas do sul;
  • Revisões genealógicas dos estudos de diferentes linguagens artísticas por meio de uma perspectiva do sul;
  • As manifestações artísticas enquanto produção e difusão de conhecimento.

 

Referências

HOOKS, Bell. E eu não sou uma mulher? Mulheres negras e feminismo. 7 ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Ventos, 2020. 

GONZALES, Lélia. Por feminismo afro-latino-americano. In: HOLANDA, Heloisa Buarque de (org.).  Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do tempo, 2020.
LUGONES, María. Colonialidade e gênero. In: HOLANDA, Heloisa Buarque de (org.).  Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do tempo, 2020. 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. 21 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014.

 

A Revista Sala Preta aceita artigos, entrevistas, críticas, resenhas e traduções que se vinculem conceitualmente ao campo das artes cênicas em campo expandido. As submissões devem estar de acordo com os padrões do periódico. Serão aceitos materiais originais (não publicados) e a avaliação é feita pelo sistema duplo-cego. A Revista é de livre acesso para autores e leitores e não cobra taxas de submissão ou publicação.

 

Além do dossiê, a revista publica artigos sem restrição temática, recebidos em fluxo contínuo, e considerados e avaliados junto de cada ciclo editorial. Os artigos de tema livre recebidos até dia 29 de outubro serão considerados para a publicação no N.1 do Vol.23 da revista, fora do dossiê temático. Textos enviados após esse prazo serão considerados no ciclo editorial seguinte.

 

Maiores informações podem ser encontradas em nosso website, https://www.revistas.usp.br/salapreta; onde nossas diretrizes podem ser visualizadas.