ESPANTO E RECONHECIMENTO NA PEÇA DIDÁTICA A DECISÃO: tentativas para entrever o modo de experiência do espectador no teatro contemporâneo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v14i1p104-112Palavras-chave:
Brecht, Espectador Contemporâneo, Peça DidáticaResumo
Na peça didática A decisão (Die Massnahme), Brecht parece propor uma interrupção nas relações de entendimento do homem sobre arte/mundo. A partir de uma situação limite – a decisão sobre o assassinato de um homem para o bom andamento da revolução –, instalam-se as condições de emancipação da consciência do espectador, que se vê instigado a criar suas próprias perguntas e respostas diante do jogo apresentado. Entrevemos assim as tentativas de Brecht em direção a uma “desalienação” do espectador pela abertura do palco a combinações criativas entre a experiência cognitiva do espectador e a poesia da cena. O que se decanta do pensamento de Brecht nesta peça, de forma fulgurante, é a expectativa de uma experiência compartilhada entre palco e plateia ou, de forma mais ampliada, entre arte e mundo. A criação de um “espaço em obra” (Tassinari) pela peça didática possibilita um duplo movimento de inclusão e exclusão do espectador. Não falamos de uma visão idealizada, na qual o sujeito/espectador já está dado antes da experiência, e também não estamos endossando o projeto moderno de autonomia da arte. Vislumbramos, na sua conformação, uma contradição entre espanto e reconhecimento facilitadora de uma experiência de troca. Ao causar espanto, a peça exclui o espectador do mundo ficcional, mas, por outro lado, não elimina o movimento do espectador em direção ao mundo da obra, e ambos, face a face, se interrogam, se interpelam, se atravessam. Brecht propõe assim uma arena de trocas e desvios em que o espectador é um dos polos da ação.
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