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A importância do brincar para crianças com síndrome de Down

Release de Margareth Artur para o Portal de Revistas da USP

Brincar faz parte da vida de toda criança. Quem não lembra de suas brincadeiras preferidas? Infância lembra brinquedo, alegria, faz de conta. O brincar trabalha potencialidades, desenvolvimento de habilidades, sociabilidade, emoções e sensações inerentes ao mundo infantil. Brincar é comunicar-se com o outro, é expressar-se e integrar-se na realidade. Mas o brincar não é igual para todos. Como é o brincar de crianças com síndrome de Down? A proposta do artigo da Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo foi utilizar o Modelo Lúdico “como referencial teórico que possibilita a análise do brincar e a reflexão da prática da Terapia Ocupacional neste contexto“, já que brincar “é fundamental para o desenvolvimento infantil e é o principal papel ocupacional na infância“.

As autoras, nesse estudo, avaliaram crianças com síndrome de Down, observando o comportamento lúdico dos pequenos, procurando comparar as diferenças entre antes e depois da intercessão dos terapeutas ocupacionais, trabalho realizado em uma brinquedoteca terapêutica dentro de um hospital-escola infantil, com 30 sujeitos com idades entre 8 meses e 14 anos. A Terapia Ocupacional se mostra como recurso terapêutico para todas as crianças, pois estuda o envolvimento do sujeito nas diversas áreas de ocupação, e, por consequência, há o enfoque nas capacidades e potencialidades da criança em sua experimentação do brincar.

O brincar é uma estratégia para o terapeuta ocupacional atuar, em meio à brincadeira, como mediador que observa e reflete sobre as atitudes, habilidades e dificuldades da criança com Down. Toda criança precisa brincar, e para crianças com deficiências o brincar é ainda mais importante, pois “tem o papel fundamental de impulsionar o desenvolvimento“, auxiliando na evolução da linguagem, das habilidades motora e social. A pesquisa revela que a maioria dessas crianças demonstraram dificuldades de brincar de maneira não convencional, já que a imaginação é tarefa difícil para quem  tem “o pensamento orientado ao concreto, dependente do situacional-imediato“.

A entrevista de reavaliação com os pais mostrou que as crianças passaram a demonstrar mais prazer e iniciativa para o brincar e ampliaram seu gosto por desafios, envolvendo brinquedos e lugares novos. O estímulo do cuidador para a brincadeira tem a função de ampliar a visão de mundo, abrindo portas para experiências novas da criança que possam contribuir para seu desenvolvimento intelectual. Observa-se que todas as crianças envolvidas preferiram brinquedos sonoros e visualmente estimulantes, o que é respeitado, pois se espera que “o brincar livre e espontâneo da criança“, aliado a sua capacidade de ação, conceda autonomia a essas crianças, estimulando o deslocamento e o prazer pelos desafios.

Concluiu-se que, após um ano de atendimento terapêutico ocupacional, as crianças avaliadas evoluíram em relação aos seus interesses geral e lúdico e na capacidade e atitude lúdicas. As autoras destacam a importância do aperfeiçoamento de estratégias lúdicas que auxiliem a criança a expressar seus sentimentos, majoritariamente no emprego de palavras e frases para o grupo de crianças atendidas na brinquedoteca. Esse Modelo Lúdico, cuja proposta é a aplicação organizada do brincar na prática da Terapia Ocupacional, “mostrou-se aplicável ao contexto da brinquedoteca, auxiliando no planejamento terapêutico ocupacional para as intervenções com enfoque no brincar” e como “instrumento para mensurar o comportamento lúdico de crianças com síndrome de Down com idade até 14 anos”. 

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Artigo

PELOSI, M.; MUNARETTI, A.; NASCIMENTO, J.; MELO, J. Evolução do comportamento lúdico de crianças com síndrome de Down. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 29, n. 2, p. 170-178, 2019. ISSN: 2238-6149. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v29i2p170-178. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/142772. Acesso em: 15 fev. 2019.

Contatos

Miryam Bonadiu Pelosi – Terapeuta ocupacional, mestre e doutora em Educação pela UERJ, professora associada da Faculdade de Medicina – Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. e-mail: miryampelosi@ufrj.br

Andreza Santos Munaretti – Terapeuta ocupacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.  andreza.munaretti@hotmail.com

Janaína Santos Nascimento – Terapeuta ocupacional, mestre em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação – Unicamp.

Juliana Valéria de Melo – Terapeuta ocupacional, mestre em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação – Unicamp e professora da Faculdade de Medicina – Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. e-mail: julianamelo_to@hotmail.com

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