As culturas binárias e ternárias: da intolerância à tradução semiótica
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2022.198470Palavras-chave:
Estruturas binárias, Estruturas ternárias, Intolerância, Tipologia da culturaResumo
Com base na formulação proposta pelo semioticista da cultura Iuri Lotman, interessa-nos discutir de que maneira as estruturas binárias elucidam o funcionamento semiótico da intolerância, diferentemente do que ocorre com as estruturas ternárias, que se caracterizam pela ambivalência e pelo intercâmbio com diferentes esferas culturais. Ambas serão exploradas como tipologias que, segundo Lotman, prevê a apreensão das culturas como sistemas de linguagens que se organizam com base na presença de um dominante. Assim, no caso das estruturas binárias, isso ocorre por meio da dinâmica espacial estabelecida entre interior/ exterior ou dentro/ fora, da qual decorre a separação entre a “cultura própria” e o “alheio”, de modo que tudo o que não faz parte da primeira é visto como uma ameaça, gerando a intolerância. Por outro lado, nas estruturas ternárias, o “diferente” é considerado fonte de informação pela qual se constroem individualidades caracterizadas pela diversidade e pela heterogeneidade semiótica. Com essa discussão, objetivamos indicar de que maneira se dá a compreensão da intolerância como um fenômeno semiótico cultural e como ela é constantemente tensionada pelo movimento do espaço semiótico de relações.
Downloads
Referências
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
ARISTÓTELES. Metafísica. São Paulo: Loyola, 2002.
BITTAR, Eduardo C.B. Curso de filosofia aristotélica. São Paulo: Manole, 2003.
COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Interseccionalidade. São Paulo: Boitempo, 2021.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. A razão na história. Introdução à filosofia da história universal. Lisboa: Ed. 70, 1995.
JAKOBSON, Roman. O dominante. In: LIMA, Luiz Costa (Org.). Teoria da literatura em suas fontes. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983. p. 485-491.
LOTMAN, Iuri M. Caza de brujas. La semiótica del miedo. In: Revista de Occidente. Madrid: Fundación José Ortega y Gasset, n. 329, out. 2008. p. 5-33.
LOTMAN, Iuri. Cultura y explosión. Lo previsible y lo imprevisible en los procesos de cambio social. Barcelona: Gedisa Editorial, 1999.
LOTMAN, Iuri. La semiosfera I. Semiótica de la cultura y del texto. Madrid: Ediciones Cátedra, 1996.
LOTMAN, Iuri. La semiosfera II. Semiótica de la cultura, del texto, de la conducta y del espacio. Madrid: Ediciones Cátedra, 1998.
LOTMAN, Iuri. La semiosfera III. Semiótica de las artes e de la cultura. Madrid: Ediciones Cátedra, 2000.
LOTMAN, Iuri. O problema do signo e do sistema sígnico na tipologia da cultura anterior ao século XX. In: LOTMAN, I.; USPENSKII, B.; IVANÓV, V. Ensaios de semiótica soviética. Lisboa: Livros Horizonte, 1981. p. 101-130.
LOTMAN, Iuri; USPENSKI, B.A. Sobre el mecanismo semiótico de la cultura. In: LOTMAN, Iuri. La semiosfera III. Semiótica de las artes e de la cultura. Madrid: Ediciones Cátedra, 2000. p. 168-193.
LOTMAN, Iuri. Sobre el metalenguaje de las descripciones tipológicas de la cultura. In: La semiosfera II. Semiótica de la cultura, del texto, de la conducta y del espacio. Madrid: Ediciones Cátedra, 1998. p. 93-123.
LOTMAN, Iuri. Sobre o problema da tipologia da cultura. In: SCHNAIDERMAN, Boris. Semiótica russa. São Paulo: Perspectiva, 1979. p. 31-42.
LOTMAN, Iuri. The unpredictable workings of culture. Tallin: TLU Press, 2013.
LOTMAN, Iuri. Universe of the mind. A semiotic theory of culture. Bloomington and Indianapolis: Indiana University Press, 1990.
MAKARYCHEV, A.; & YATSYK, A. Lotman’s cultural semiotics and the political. Maryland: Rowman & Littlefield International, 2017.
MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Regiane Miranda de Oliveira Nakagawa, Fábio Sadao Nakagawa

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Os trabalhos publicados na revista Estudos Semióticos estão disponíveis sob Licença Creative Commons CC BY-NC-SA 4.0, a qual permite compartilhamento dos conteúdos publicados, desde que difundidos sem alteração ou adaptação e sem fins comerciais.