O livro traduzido como livro-corpo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-8281.i45p4-23Palavras-chave:
Literatura brasileira nordestina, Anos Trinta, Tradução italiana, Livro-corpoResumo
O texto apresenta-se como um corpo, que é plasmado pelo ambiente cultural do qual ele é a expressão e que traz a impressão de quem o cria. A tradução é uma viagem, entre mundos, experiências de sentido, interpretações, diferentes. No momento em que vive esta experiência, uma espécie de migração na direção de um outro universo de significado, o livro-corpo deve vivenciar um processo de inclusão, num mundo novo, que também pode não o aceitar pelo que ele é e marcá-lo, tentar torná-lo semelhante ao que é conhecido, então tranquilizador. Intervenções no livro-corpo comparáveis a certos signos rituais, que marcam uma passagem, tatuagens que podem adicionar alguma coisa interessante, mas que às vezes são verdadeiras cicatrizes, que o ferem profundamente. Poder-se-ia falar de manipulação do livro-corpo, do qual os vários paratextos são sim suas partes, de releituras e reescrituras que algumas vezes podem levar a resultados satisfatórios, outras desanimadores. Os romances dos anos 30 de Jorge Amado, Graciliano Ramos e José Lins do Rego passaram por esse rito de passagem quando foram traduzidos em italiano. Alguns rastros ficam mais escondidos e é mais difícil identificá-los à primeira vista, pode ser necessário um relacionamento mais íntimo entre o observador e o corpo que o traz; outros, pelo contrário, podem ser percebidos num primeiro olhar.
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