Cecília humanista: de cabeça de motim à arte de ser feliz

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2022.195100

Palavras-chave:

Cecília Meireles, Humanismo, Política

Resumo

O artigo analisa as ideias políticas de Cecília Meireles, por meio da noção de um humanismo de caráter cívico-republicano. O objetivo é compreender como, ao longo de sua trajetória, a intelectual carioca sentiu e pensou sobre o Sapiens e como tal postura relacionou-se com o fenômeno mais amplo do político. O texto parte do pressuposto que Cecília viveu em uma sociedade assimétrica, na qual o fato de ser mulher, em meios intelectuais, predominantemente, masculinos, exigiu dela especial empenho em se fazer escutar. É aventada a hipótese de que Cecília procurou entender a condição humana como um processo assinalado por vícios e virtudes, com estas se conectando a valores como a participação na luta por soluções para os problemas da Cidade, a resistência à tirania, a priorização do bem comum sobre interesses individualistas, a conquista da glória pelo talento, posto a serviço da comunidade, a crítica ao facciosismo e à ganância. O texto é embasado por um conjunto de fontes constituído por livros, jornais e cartas. A metodologia adotada é de base qualitativa, com escolha e processamento de dados, articulados por uma escrita de cunho ensaístico, atentando-se para práticas, vistas como portadoras de ideias, e para ideias, concebidas como atos.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Denilson de Cássio Silva, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

    Doutor em História e Culturas Políticas pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Minas Gerais. Professor de História. Autor de O drama social da abolição (Ed. Prismas, 2016), Perguntas da História (poemas) (Ed. Labrador, 2018) e da tese Cecília Meireles e o humanismo cívico: palavras e práticas de um ideário político (Brasil Sudeste, 1915-1964).

Referências

Livros, entrevistas, cartas e textos de Cecília Meireles

MEIRELES, Cecília. Espectros. [1919]. In: MEIRELES, Cecília. Poesia completa. Organização, apresentação e estabelecimento de texto Antônio Carlos Secchin. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, pp. 3-28.

MEIRELES, Cecília. Criança meu amor. [1924]. 3. ed. São Paulo: Global, 2013.

MEIRELES, Cecília. Cânticos. [1927]. Apresentação Suzana Vargas. 4. ed. São Paulo: Global Editora, 2015.

MEIRELES, Cecília. “O exemplo do México.” Diário de Notícias. Rio de Janeiro, 15 de março de 1931. In: MEIRELES, Cecília. Crônicas de Educação, 2. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: Fundação Biblioteca Nacional, 2001, pp. 73-75.

MEIRELES, Cecília. “Carta a Dulce Lupi Osório de Castro. Rio de Janeiro, 24 de novembro de 1937.” In: Colóquio: revista de artes e letras. Lisboa, n. 66, março de 1982, p. 67.

MEIRELES, Cecília. “Postal e carta.” [1940]. In: MEIRELES, Cecília. Três Marias de Cecília. Organização, apresentação e notas de Marcos Antonio de Moraes. São Paulo: Moderna, 2006, pp. 101-111. (Série imagem & texto).

MEIRELES, Cecília. Viagem (1929-1937). [1939]. In: MEIRELES, Cecília. Poesia completa. Organização, apresentação e estabelecimento de texto Antônio Carlos Secchin. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, pp. 223-327.

MEIRELES, Cecília. “Discurso que Cecília Meireles devia pronunciar no dia da entrega dos prêmios.” In: RICARDO, Cassiano. A Academia e a poesia moderna. São Paulo: E.G. Revista dos Tribunais, 1939, pp. 175-180.

MEIRELES, Cecília. Mar Absoluto e Outros Poemas. [1945]. In: MEIRELES, Cecília. Poesia completa. Organização, apresentação e estabelecimento de texto Antônio Carlos Secchin. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 443-295.

MEIRELES, Cecília. Entrevista a Solêna Benevides Vianna. A Manhã. Rio de Janeiro, Domingo, 20 de janeiro de 1946, pp. 1; 11.

MEIRELES, Cecília. “Alguém na encruzilhada.”; “Alguien en la encrucijada”. In: Escritura. Montevideo, n. 3, março de 1948, pp. 8-12. Disponíveis em Fundação Casa de Rui Barbosa. Arquivo Isabel do Prado.

MEIRELES, Cecília. Retrato Natural [1949]. In: MEIRELES, Cecília. Poesia completa. Organização Antônio Carlos Secchin. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, pp. 596-686.

MEIRELES, Cecília. “Inquérito”. In: Jornal de Notícias. São Paulo, 5 de março de 1950, p. 1.

MEIRELES, Cecília. Problemas de literatura infantil. [1951]. 4. ed. São Paulo: Global, 2016.

MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. [1953]. Organização André Seffrin. Apresentação Alberto da Costa e Silva. 13. ed. São Paulo: Global, 2015.

MEIRELES, Cecília. “Entrevista.” In: GASTÃO, Marques. Rumo às estrelas do Cruzeiro do Sul. Lisboa: Sociedade Industrial de Tipografia, 1954a, pp. 167-176.

MEIRELES, Cecília. “Carta a Armando Côrtes-Rodrigues”. Rio de Janeiro, 2 de outubro de 1954b. In: MEIRELES, Cecília. A lição do poema: cartas de Cecília Meireles a Armando Côrtes-Rodrigues. Organização e notas de Celestino Sachet. Ponta Delgada, Açores: Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1998, pp. 137-138.

MEIRELES, Cecília. Dispersos. [1957]. In: MEIRELES, Cecília. Poesia completa. Organização Antônio Carlos Secchin. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, pp. 1561-1958.

MEIRELES, Cecília. Metal Rosicler [1960]. In: MEIRELES, Cecília. Poesia completa. Organização Antônio Carlos Secchin. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, pp. 1205-1258.

MEIRELES, Cecília. “Apresentação”. In: Homenagem a Rabindranath Tagore. Da Índia distante – boletim quinzenal distribuído gratuitamente pela Embaixada da Índia. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 7 de maio de 1961, pp. 1-4.

MEIRELES, Cecília. “Prefácio”. In: GRINBERG, Uri-Tzwi et. al. Poesia de Israel. Tradução de Cecília Meireles. Desenhos de Cândido Portinari. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1962a, p. 9.

MEIRELES, Cecília et. al. In: MURILO, Miranda (Org.). Quadrante 1. [1962]. Rio de Janeiro: Editora do Autora, 1962b.

MEIRELES, Cecília. “Palavras.” Texto escrito para o congresso da International Federattion of University Women, realizado na Cidade do México, em julho de 1962c, f.1-4. Disponível em Fundação Casa de Rui Barbosa RJ. Arquivo Isabel do Prado.

MEIRELES, Cecília. “Entrevista a Pedro Bloch.” In: BLOCH, Pedro. Vida, pensamento e obra de grandes vultos da cultura brasileira: entrevistas. Rio de Janeiro: Bloch Ed., 1989, p. 31. Originalmente publicada na Revista Manchete, n. 630, em 16 de maio de 1964, pp. 33-37.

Livros, artigos e teses

ALEKSIÉVITCH, Svetlana. A guerra não tem rosto de mulher. Tradução de Cecília Rosas. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. [1950]. Tradução de Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

AZEVEDO, Fernando. Na batalha do humanismo: aspirações, problemas e perspectivas. [1952]. 2. ed. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1967. (Obras completas; 15).

BARBOSA, Orestes. “Na Escola Normal”. O Século. Rio de Janeiro, 19 de junho de 1915, p. 2. Disponível em: < https://www.bn.gov.br/>. Acesso em: 20 jun. 2022.

BIGNOTTO, Newton. Origens do republicanismo moderno. 2. ed. Niteroi: Eduff, 2021.

BUTLER, Judith. A força da não-violência: um vínculo ético-político. Tradução de Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2021.

CATROGA, Fernando. Ensaio Respublicano. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2011.

CÍCERO, Marco Túlio. Dos deveres. Tradução e notas de João Mendes Neto. São Paulo: Edipro, 2019.

COMPAGNON, Olivier. O adeus à Europa: a América Latina e a Grande Guerra (Argentina e Brasil, 1914-1939). Tradução Carlos Nougué. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2014.

DIDIER, Carlos. Orestes Barbosa: repórter, cronista e poeta. Rio de Janeiro: Agir, 2005.

ETCHEVERRY, Auguste. O conflito atual dos humanismos. [1958]. Tradução de M. Pinto dos Santos. Porto (PT): Livraria Tavares Martins, 1975.

GARIN, Eugénio. Idade Média e Renascimento. [1954]. Tradução de Isabel Teresa Santos e Hossein S. Shooja. Lisboa: Editorial Estampa, 1994.

GOMES, Alfredo. “Prefácio”. In: MEIRELLES, Cecília. Espectros [1919]. In: MEIRELES, Cecília. Poesia completa. Organização Antônio Carlos Secchin. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, pp. 3-28. (v. 1).

GOUVÊA, Leila V. B. Pensamento e “Lirismo Puro” na poesia de Cecília Meireles. São Paulo: Edusp, 2008.

HUGO, Victor. Os miseráveis. [1862]. Tradução de Frederico Ozanam Pessoa de Barros. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

INGENIEROS, José. Reflexões otimistas sobre a Grande Guerra e a Revolução Russa. Buenos Aires: Edições América Latina, 1921.

LAMEGO, Valéria. A farpa na lira: Cecília Meireles na Revolução de 30. Rio de Janeiro: Record, 1996.

LEFORT, Claude. As formas da história: ensaios de antropologia política. Tradução Luiz Roberto Salinas Fortes e Marilena de Souza Chauí. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1990.

LEFORT, Claude. Desafios da escrita política. Tradução de Eliana de Melo Souza. São Paulo: Discurso Editorial, 1999.

LIMA, Alceu Amoroso. Humanismo Pedagógico: estudos de filosofia de educação. Rio de Janeiro: Stella Editora: 1944. (Coleção Presença; XI).

MARCELINO, Douglas Attila. O corpo da Nova República: funerais presidenciais, representação história e imaginário político. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2015, p. 247-257.

MAQUIAVEL, Nicolau. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. [1513-1517]. Tradução de Martins Fontes. São Paulo: Martins Fontes, 2007. (Obras de Maquiavel)

MONTAIGNE, Michel de. Os ensaios. Tradução e notas de Rosa Freire D’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

MOYN, Samuel. Samuel Moyn: entrevistado por André Rangel Rios. Organização de André Rangel Rios e Maria Andréa Loyola. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013. (Pensamento Contemporâneo; 8).

MOURA, Murilo Marcondes de. O mundo sitiado: a poesia brasileira e a Segunda Guerra Mundial. São Paulo: Editora 34, 2016.

OLIVEIRA, Gisele Pereira de. Cecília Meireles e a Índia: das provisórias arquiteturas ao “êxtase longo de ilusão nenhuma”. 233 f. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras, Assis, São Paulo, 2014.

PEÑA, Karen. “Brazil, the Bomb and the Poet: Cecília Meireles and the Gandhi Seminar (1953). In: InterDISCIPLINARY Journal of Portuguese Diaspora Studies. v. 1, pp. 143-167. (2012). Disponível em: https://eprints.gla.ac.uk/70507/. Acesso em: 4 ago. 2019.

PONTY, Merleau. Humanismo e terror: ensaio sobre o problema comunista. [1947]. Tradução de Naume Ladosky. Rio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro, 1968.

REIS, Ana Amélia Neubern Batista dos. Cecília Meireles e a Índia no modernismo brasileiro. 235 f. Tese (Doutorado). Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Letras, Belo Horizonte, 2019.

SAID, Edward W. Humanismo e crítica democrática. Tradução de Rosa Eichenberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

SEGALL, Lasar. “Uma entrevista com Lasar Segall.” In: Diário de Notícias. Rio de Janeiro. Domingo, 20 de agosto de 1933, p. 19.

SILVA, Denilson de Cássio. “Pacifismo, educação e dimensões políticas na América Latina: Cecília Meireles em diálogo com Alfonso Reyes (Rio de Janeiro, década de 1930).” In: Em tempo de histórias. PPGHIS UnB. Brasília, n. 32, p. 103-124, jan-jul. 2018.

SILVA, Denilson de Cássio. “Em História sou simplesmente poeta: Cecília Meireles e o passado presente como escrita da história.” In: MARCELINO, Douglas Attila. (Org.). Ritualizações do passado: a história como prática escrita e rememorativa. Curitiba: Editora CRV, 2020, p. 47-74.

TODOROV, Tzvetan. O espírito das Luzes. Tradução de Mônica Cristina Corrêa. São Paulo: Editora Barcarolla, 2008.

Downloads

Publicado

2022-07-07

Como Citar

Cecília humanista: de cabeça de motim à arte de ser feliz. (2022). Opiniães, 20, 38-59. https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2022.195100