“Nós vamos deixar vocês viverem para que morram de tristeza”: estupro como arma de guerra no Genocídio de 1994 em Ruanda

Autores

  • Mariana Rodrigues de Vita Universidade de São Paulo (USP)

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2179-5487.v12i17p190313

Palavras-chave:

Violência sexual, Genocídio, Ruanda, Direitos humanos, Tribunal Penal Internacional para Ruanda

Resumo

O estupro como arma é usado para destruir física e psicologicamente as mulheres, causando dor severa e irreversível, além de abalar o tecido social da comunidade vitimada. Esse tipo específico de estupro consiste na premeditação e coordenação antecipada provinda de autoridades militares, ou paramilitares, contra civis. Este artigo visa analisar o uso do estupro enquanto arma de guerra durante o Genocídio de 1994 em Ruanda. Assim, foram examinados os documentos oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU) para entender qual foi o papel dela no combate ao estupro como arma de guerra e na proteção às mulheres, uma vez que a magnitude da violência em Ruanda já era conhecida pelo mundo e pela ONU. A temática e as fontes foram investigadas a partir de uma visão interdisciplinar, com enfoque histórico e feminista.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Mariana Rodrigues de Vita, Universidade de São Paulo (USP)

    Mestranda em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas na Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). Também cursa Licenciatura em História na Faculdade de Educação (FEUSP). Integra o Projeto Mulheres na América Portuguesa, coordenado pela Prof.ª Dr.ª Maria Clara Paixão de Sousa e Prof.ª Drª. Vanessa Martins do Monte, orientada por esta última em iniciação científica em 2019. Integra o grupo de pesquisa Ana Gertrudes de Jesus, Mulher da Terra: por uma História Social dos Grupos Subalternos no Sul Global (África e Américas), coordenado pela Prof.ª Dr.ª Maria Cristina Cortez Wissenbach, com quem fez iniciação científica em 2020, com bolsa pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Referências

ADLER, E.; BARNET, M. “A Framework for the Study of Security Communities”. ADLER, E; BARNET, M. (Ed.). Security Communities. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.

AGAMBEN, G. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.

ALENCAR, G. S. “As reformas do conselho de segurança das Nações Unidas: história e perspectivas”. Examãpaku, v. 8, n. 1, p. 14 29, 2015.

ARENDT, H. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

BERTRAND, M. “The UN as an Organization: A Critique of its Functioning”. European Journal of International Law, v. 6, n. 3, p. 349 359, 1995.

BRYSIEWICZ, P.; MUKAMANA, D. “The Lived Experience of Genocide Rape Suvirvors in Rwanda”. Journal of Nursing Scholarship, v. 40, n. 4, p. 379 384, 2008.

BUTLER, J. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.

CHRÉTIEN, J. “Hútus e tútsis no Ruanda e no Burundi”. AMSELLE, J.; M’BOKOLO, E. (Org.). No centro da etnia: etnias, tribalismo e Estado na África. São Paulo: Vozes, 2017. p. 169 212.

COOPER, F. Colonialism in Question: Theory, Knowledge, History. Berkeley, CA: University of California Press, 2005.

DÉGNI-SÉGUI, R.; UNITED NATIONS. Report on the Situation of Human Rights in Rwanda/Submitted by René Degni-Ségui, Special Rapporteur of the Commission on Human Rights, Under Paragraph 20 of Resolution S-3/1 of 25 May 1994. Geneva: UN, 29 Jan. 1996.

DIAS, M. O. L. S. “Novas subjetividades na pesquisa histórica feminista: uma hermenêutica das diferenças”. Revista Estudos Feministas, v. 2, n. 2, p. 373 382, 1994.

DIAS, M. O. L. S. Quotidiano e poder em São Paulo no século XIX. São Paulo: Brasiliense, 1984.

DIOP, B. B. Murambi: The Book of Bones. Bloomington, IN: Indiana University Press, 2006.

DOYLE, M. “Liberalism and World Politics”. American Political Science Review, v. 80, n. 4, p. 1151 1169, 1986.

FRENCH, M. Beyond Power: On Women, Men and Morals. New York: Summit, 1985.

FONSECA, D. “A mídia ruandesa no Genocídio de 1994: a relação entre tútsis, Inkotanyis e a Frente Patriótica Ruandesa”. Em Tempo de Histórias, v. 22, p. 56 77, 2013.

FONSECA, D. “Autoridade local e o genocídio de Ruanda de 1994: o caso do burgomestre Jean Paul Akayesu”. História e Perspectivas, v. 59, p. 155 167, 2018.

FONSECA, D. “O genocídio de Ruanda e administração pública: o caso do burgomestre Juvenal Kajelijeli”. Revista África(s), v. 5, n. 10, p. 66 80, 2018.

FONSECA, D. “Publicando o ódio: a revista Kangura e a Guerra Civil Ruandesa”. Cadernos de África Contemporânea, v. 1, p. 8 20, 2018.

FONSECA, D. Revolução e descolonização em Ruanda: entre projetos étnicos e projetos de classe. Anos 90, v. 26, p. 1 17, 2019.

HAGBERG, A. The Recognition of Systematic Rape as a Crime of Genocide. Malmö: Malmö University, 2013. Take-home exam. Disponível em: https://www.academia.edu/4863406/The_recognition_of_systematic_rape_as_a_crime_of_genocide. Acesso em: 31 jan. 2020.

HERZ, J. H. “Idealist Internationalism and the Security Dilemma”. World Politics, v. 2, n. 2, p. 157 180, 1950.

JERVIS, R. “Cooperation Under the Security Dilemma. World Politics, v. 30, n. 2, p. 167 214, 1978.

JORGENSEN, C. What a Tutsi Woman Tastes Like: Sexual Dehumanization in the Rwanda Genocide. [S. l.: s. n.], 2015. Disponível em: https://www.academia.edu/33983955/_What_a_Tutsi_Woman_Tastes_Like_Sexual_Dehumanization_in_the_Rwandan_Genocide. Acesso em: 31 mar. 2020.

JUBILUT, L.; SILVA, J.; RAMINA, L. (Org.). A ONU aos 70: contribuições, desafios e perspectivas. Boa Vista: EdUFRR, 2016.

KIRBY, P. “How is Rape a Weapon of War?: Feminist International Relations, Modes of Critical Explanation and the Study of Wartime Sexual Violence”. European Journal of International Relations, v. 14, n. 4, p. 797 821, 2012.

LERNER, G. A criação do patriarcado: história da opressão das mulheres pelos homens. São Paulo: Cultrix. 2019.

MAGALHÃES, J. Trajetórias e resistências de mulheres sob o colonialismo português (Sul de Moçambique, XX). Tese (Doutorado em História Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.

MUKASONGA, S. Baratas. São Paulo: Nós, 2010.

NAGARAJAN, C. “An Appraisal of Rwanda’s Response to Survivors Who Experienced Sexual Violence in 1994”. Wagadu, v. 10, 2012.

PALCHETTI, P.; LIMA, L. “Os 70 anos da Corte Internacional de Justiça: retrospecto e perspectivas futuras do principal órgão judiciário da Organização das Nações Unidas”. JUBILUT, L.; SILVA, C.; RAMINA, L. (Org.). A ONU aos 70: contribuições, desafios e perspectivas. Boa Vista: EdUFRR, 2016

PERROT, M. As mulheres ou os silêncios da história. São Paulo: EDUSC, 2005.

PIMENTEL, P. “A organização das Nações Unidas e sua Assembleia Geral como arquétipos da sociedade internacional”. Revista Conjuntura Austral, v. 8, n. 42, p. 12-22, 2017.

ROVAI, M. (Org.). História oral e história das mulheres: rompendo silenciamentos. São Paulo: Letra e Voz, 2017.

SARLO, B. Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva. Companhia das Letras. São Paulo, 2007.

SCHENCK, K. Ethnonationalist Gender Constructions and the Logic of Wartime Rape: A Case Study of the Bosnia-Herezegovina. Dissertation (MA, International Conflict Analysis) – School of Politics and International Relations, University of Kent, Canterbury, 2014.

UNITED NATIONS. Canada. Letter Dated 9 May 1994 from the Permanent Representative of Canada to the United Nations Office at Geneva Addressed to the High Commissioner for Human Rights. Geneva: UN, 17 May 1994.

UNITED NATIONS. General Assembly Official Records, 48th Session: 93rd Plenary Meeting, Thursday, 14 April 1994, New York. [New York]: UN, [1994].

UNITED NATIONS. Report of the United Nations High Commissioner for Human Rights, Mr. José Ayala Lasso, on his mission to Rwanda 11 12 May 1994. Geneva: UN, 2012.

UNITED NATIONS. Secretary-General. Summary Statement on Matters of Which the Security Council is Seized and on the Stage Reached in Their Consideration/by the Secretary-General. [New York]: UN, 4 Jan. 2022.

UNITED NATIONS. International Tribunal for the Prosecution of Persons Responsible for Serious Violations of International Humanitarian Law Committed in the Territory of the Former Yugoslavia since 1991. Updated Statute of the International Criminal Tribunal for the former Yugoslavia. [The Hague]: UN, Sept. 2009.

VANSINA, J. “History Facing the Present: ‘An Interview with Jan Vansina’ by Karel Arnaut and Hein Vanhee” (Ghent University). Netpress, 1999. Disponível em: http://www.netpress.bi/Ago/vansina1.htm. Acesso em: 30 mar. 2020.

VILLA, R. “A teoria da segurança internacional tradicional”. Segurança internacional: leituras contemporâneas. Curitiba: InterSaberes, 2020.

VRIES, L. The Least Condemned War Crime: Why is Rape such an Effective Weapon of War? Thesis (MA, International Relations) – Webster University, St. Louis, 2011.

WALLANDER, C.; KEOHANE, R. “Risk, Threat and Institutions”. HAFTENDORN, H.; KEOHANE, R.; WALLANDER, C. (Ed.). Imperfects Unions: Security Institutions Over Time and Space. Oxford: Oxford University Press, 1999.

WISSENBACH, M. Teodora Dias da Cunha: construindo um lugar para si no mundo da escrita e da escravidão. XAVIER, G.; FARIAS, J.; GOMES, F. (Org.). Mulheres negras no Brasil escravista e do pós-emancipação. São Paulo: Selo Negro, 2012. p. 227 242.

Downloads

Publicado

2023-05-01

Edição

Seção

Dossiê: História, Gênero & Sexualidade

Como Citar

“Nós vamos deixar vocês viverem para que morram de tristeza”: estupro como arma de guerra no Genocídio de 1994 em Ruanda. (2023). Revista Angelus Novus, 12(17), 190313. https://doi.org/10.11606/issn.2179-5487.v12i17p190313