Shakespeare transmitido: repensando o significado da performance ao vivo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v22i2p56-84Palavras-chave:
Performance shakespeariana, Transmissão ao vivo, Intermidialidade, Shakespeare, HamletResumo
Enquanto as transmissões de montagens ao vivo têm sido instrumentos importantes pelos quais companhias britânicas como o National Theatre têm disseminado suas produções shakespearianas para além do espaço físico do teatro, elas levantam questões relevantes acerca da primazia do teatro enquanto veículo privilegiado de ressignificação de Shakespeare. Este artigo discute questões teóricas relativas ao modo como a linguagem marcadamente intermidiática desse gênero de adaptação shakespeariana cria novas formas de participação espectatorial que reconfiguram noções de ao vivo e de coparticipação, convencionalmente percebidas como traços constitutivos da identidade ontológica do teatro. Essas questões serão examinadas em relação a uma montagem britânica de Hamlet (2015), dirigida por Lyndsey Turner para o National Theatre, que foi também exibida nos cinemas como parte do projeto National Theatre Live. Veremos que, ao passo que as técnicas de filmagem empregadas na captura da performance ao vivo buscam reproduzir, na tela, a experiência do aqui-e-agora do teatro presencial, elas sinalizam formas alternativas de ressignificar a performance shakespeariana nas telas, tanto de modo síncrono quanto assíncrono.
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