Release de Margareth Artur para o Portal de Revistas da USP
Organizar, aplicar e saber o que fazer com o dinheiro, enfim, tornar-se alguém alfabetizado financeiramente ajuda-nos a manter nossa vida monetária sob controle. Ani Caroline Grigion Potrich, Kelmara Mendes Vieira e Guilherme Kirch, em artigo publicado na Revista Contabilidade & Finanças, mostram um modelo desenvolvido que possibilita identificar e explicar o nível de alfabetização financeira dos indivíduos, tomando como ponto de partida as variáveis socioeconômicas e demográficas brasileiras. A criação desse modelo tem por objetivo possibilitar aos agentes financeiros identificarem “a alfabetização financeira de seus clientes/investidores, podendo, com isso, desenvolver estratégias e produtos diferenciados. Acredita-se que essas inovações e contribuições justificam plenamente a execução do estudo“.
O estudo apresenta os principais conceitos e a relação das variáveis socioeconômicas e demográficas com a alfabetização financeira. “Em seguida, são apresentados os aspectos mais relevantes dos procedimentos metodológicos e, por fim, as análises e discussões dos resultados, bem como as considerações finais acerca do estudo realizado“, explicam os autores. Essa pesquisa foi realizada com estatísticas descritivas e técnicas de análise multivariada, e contou com 1.400 residentes no Rio Grande do Sul. Como referência ou indicador do nível de alfabetização financeira, adotou-se uma medida que abrange: atitude financeira, comportamento financeiro e conhecimento financeiro, com as variáveis de “gênero, estado civil, dependentes, ocupação, idade, escolaridade, escolaridade do pai, escolaridade da mãe, renda própria e renda familiar“.
O estudo evidencia que a maioria dos pesquisados (67,1%) possuem um baixo nível de alfabetização financeira, e os indivíduos do gênero masculino sem dependentes, com alto nível de escolaridade e renda própria fazem parte do grupo de “alto nível de alfabetização financeira“. Já o grupo de mulheres que possuem dependentes e portam baixo nível de escolaridade e de renda própria e familiar apresenta “maior propensão a pertencer ao grupo com baixo nível de alfabetização financeira“. Em vista disso, Potrich, Vieira e Kirch atentam para “a urgência e a necessidade de desenvolver ações efetivas para minimizar o problema do analfabetismo financeiro” que afetam, sobretudo, as mulheres.
Cumpre destacar o pioneirismo desse estudo em âmbito brasileiro, do momento em que identifica quais variáveis socioeconômicas e demográficas influenciam na “propensão para um baixo ou alto nível de alfabetização financeira”. E, concluindo, não se pode esquecer o papel das finanças pessoais no mundo de hoje, “sendo a alfabetização financeira um componente essencial para uma vida adulta bem-sucedida“, afirmam os autores.
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Artigo
POTRICH, Ani Caroline Grigion; VIEIRA, Kelmara Mendes; KIRCH, Guilherme. Determinantes da alfabetização financeira: Análise da influência de variáveis socioeconômicas e demográficas. Revista Contabilidade & Finanças, São Paulo, v. 26, n. 69, p. 362-377, set./out./nov./dez. 2015. ISSN:1808-057X. DOI: 10.1590/1808-057×201501040. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rcf/article/view/108787/107219. Acesso em: 03/03/2016.
Contato
Ani Caroline Grigion Potrich. Departamento de Administração, Centro de Educação Superior Norte-RS, Universidade Federal de Santa Maria, Palmeira das Missões, RS, Brasil. E-mail: anipotrich@gmail.com